Moradores de favela no Noroeste brigam na Justiça para suspender reintegração
Famílias querem mais tempo para resolver situação
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Famílias querem mais tempo para resolver situação
Cerca de 90 famílias que residem em uma área invadida no Jardim Noroeste, na região leste de Campo Grande, esperam conseguir na Justiça a suspensão da ordem de reintegração de posse. Na última quinta-feira (5), os moradores foram surpreendidos por um oficial de Justiça que anunciou a ordem de retirada das famílias. A ação foi movida pela Energisa.
Mauro Burema, morador do local, explica que as famílias aguardam uma reposta favorável a respeito do caso. “Falamos com nosso advogado e vamos aguardar. Não podemos sair daqui, não temos para onde ir”, observa.
Alexandre Oliveira, advogado que defende os moradores, explica que até a próxima quarta-feira (11), vai entrar com um agravo a fim de suspender a ordem de reintegração da área.
“Se essas pessoas saírem de lá vão para outro lugar e causar um novo problema social. Precisamos combater a razão disso. Vamos entrar com agravo para tentar suspender a liminar e, paralelo a isso, tentar uma agenda entre a comissão de moradores e o prefeito [Alcides Bernal] para que ele possa receber e ouvir os moradores. É preciso sentar com o poder público, Ministério Público, Prefeitura e os moradores acharmos uma solução”, declara.
O advogado destaca ainda que o cumprimento da ordem de reintegração de posse, deve piorar a situação das famílias, que ameaçam resistir, caso tenham de deixar o local antes de conseguirem uma nova área.
“Essas famílias vão resistir e causar um problema maior. Pode ter violência ao cumprir a reintegração. Não é uma situação fácil assim como não foi com os moradores da Cidade de Deus, mas eu penso que quando há vontade política, as coisas podem acontecer”, observa.
Na manhã desta segunda-feira (9), o clima era de preocupação entre os moradores. Maria de Fátima Toledo, de 48 anos, que mora no local, há 6, lamenta a situação. “Isso está afetando todo mundo. Até nossas crianças estão preocupadas. Foi um sacrifício conseguir vagas nas escolas, agora não sabemos se teremos de passar por tudo outra vez”.
Mãe de três filhos, de quatro e 2 anos e um bebê de 2 meses, Rafaela da Silva Miranda, de 19 anos, também se preocupa com a determinação judicial. “Não temos para onde ir. A gente não quer nenhum palácio, mas precisamos de um pedaço de terra para construir e morar”, frisa.
Na semana passada, a equipe de reportagem do Jornal Midiamax, entrou em contato com a assessoria de comunicação da autora da ação, que em nota, justificou que a área foi ocupada de forma clandestina. Além disso, a Energisa alegou que o local oferece risco aos moradores por se tratar de faixa de servidão de linha de transmissão, ou seja, estruturas energizadas de alta tensão.
Protesto –
Na tarde da última quinta-feira, cerca de 60 moradores fecharam a BR-163, que dá acesso ao bairro. O bloqueio começou às 13 horas e terminou por volta das 17 horas, depois que lideranças se reuniram com o ex-secretário de governo, Paulo Pedra, que orientou os manifestantes a procurarem auxílio jurídico.
Um novo ato de manifestação estava previsto para hoje. Na última sexta-feira (6), um dos representantes dos moradores, Renan Ferreira Rodrigues, de 22 anos, disse que eles iriam fretar um ônibus para levá-los, em grupo, à Defensoria Pública onde pretendiam conseguir estender o prazo para desocupação do local onde moram. Conforme os moradores, a manifestação foi cancelada por orientação jurídica.
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