Relatório para homologação está concluído desde 2015
Cerca de 600 indígenas da etnia Guarani-Kaiowá estão, desde o último domingo (12), ocupando uma fazenda no município de Caarapó, a 279 km de Campo Grande. A área reivindicada faz parte, segundo os indígenas, do território Tey’i Juçu e fica ao lado da aldeia Tey Kue. A decisão foi tomada pela própria comunidade kaiowá da região.
De acordo com o indígena Lorivaldo Nantes, 55, membro da comunidade, os moradores da aldeia Tey Kue devem ir ao local para apoiar a ação de retomada. “Eles têm parentes que sofrem lá”, afirma.
Lorivaldo explica que a área foi desapropriada pelo antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), durante a década de 1920. “É confinamento, foi feito pelo SPI. A gente já perdeu nossos bisavós, avós, já se arrasta por muito tempo”. Ele diz que 55 mil hectares foram perdidos e estão sendo reivindicados.
Ele também afirma que a área já está em processo de homologação, mas os latifundiários recusam-se a desocupar o local. “Já é reconhecido, já está publicado, mas ainda está sob domínio do fazendeiro”. Segundo o site do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o Relatório de Identificação e Demarcação do local já foi finalizado em 2015, tendo sido iniciado em 2008, e está em condições de publicação, dependendo da ação da Funai (Fundação Nacional do Índio).
Ainda de acordo com o Cimi, a comunidade é vítima frequente de envenenamentos por meio de aviões, que despejam agrotóxicos sobre a área e as nascentes onde os indígenas coletam água. A organização afirma que, entre 20 de dezembro de 2015 e 12 de janeiro de 2016, pelo menos quatro ataques foram denunciados pelos guarani kaiowá na retomada Tey’i Juçu. Em janeiro deste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu uma reintegração de posse na área em favor dos fazendeiros.
A reportagem procurou a proprietária da área, mas não conseguiu contato.
(Com supervisão de Guilherme Cavalcante)