Informações são da filha da vítima

Duas das filhas de Vilma Alves de Lima, 57 anos, que foi morta pelo ex-marido na porta do Hospital Regional Rosa Pedrossian, em Campo Grande, participaram na manhã desta terça-feira (12), de um culto ecumênico em memória da servidora do hospital e que também foi um protesto organizado pelo sindicato da categoria, pedindo mais segurança no local.

Edna Lima, uma das filhas, afirma que o protesto é importante, mas diz acreditar, que mesmo que houvesse agentes de segurança no local, dificilmente, a tragédia seria evitada. “Ele saiu para fazer isso e se não fosse aqui [na portaria], seria ali fora”. 

Segundo a filha, com quem Vilma estava morando há 51 dias, desde que se separou do mestre de obras Wilson Lima, 69 anos, o padrasto deixou um bilhete em casa dizendo que cometeria o crime. “Não foi coisa de momento”, diz Edna, porém, ela duvida que o padrasto realmente quisesse cometer suicídio.

“Ele andava com o carro a 100 km/h por aqui, levando multa e deixando para ela [Vilma] pagar. Ele estava a 70 km/h no hora do acidente. Se quisesse se matar, estaria mais rápido”. 

Edna conta ainda que a família ficou sabendo que o mestre de obras estaria “dando uma de louco”. “Ele está se fazendo de louco. Ficou gritando o tempo todo na Santa Casa, mas depois, disse para a escolta que não se arrependia do que tinha feito. Ficamos sabendo que na delegacia ele ficou andando de um lado para o outro, tiveram que chamar a filha dele e dar remédio para ele dormir”.

A lembrança que a filha tem da mãe é de uma mulher querida por todos e muito amada pelos nove netos e um bisneto que deixou. Edna tem um filho, de 13 anos, que é um dos que mais está sofrendo com a perda de Vilma. Ela morava com a mãe quando o menino nasceu. “Ele me dizia que ela era a mãe número 1 dele e falava para eu não ficar com ciúmes. Era uma pessoa muito boa. Tão boa, que tinha dó dele [do ex-marido]. 

Filha diz que mãe já havia perdoado o ex-marido e que não quis registrar B.O contra ele (Marithê Lopes)

Da relação entre a mãe e o padastro, que durou 11 anos, Edna diz que Wilson “não gostava de ninguém” e que implicava até com a visita dos filhos dela. “Nunca ficamos sabendo de violência física, mas havia psicológica. Ele não gostava nem de que a gente [os filhos] fôssemos na casa dela.

Depois da separação, a filha diz que as ligações ameaçadoras eram frequentes e que eles chegaram a gravar o que Wilson falava para mostrar à filha dele.

Edna comenta ainda que a própria filha de Wilson havia entrado em contato com Vilma e feito um alerta para que ela não voltasse a falar ou restabelecer o relacionamento com ele. Mesmo assim, Vilma preferiu não registrar boletim de ocorrência contra o ex-marido, pois achava que ele já estava velho e que não “precisava passar por isso”. 

“Ele não tinha amor pela minha mãe, porque quem tem amor, não faz isso. O que ele tinha era possessividade e apego ao dinheiro dela”, diz. Segundo a filha, a mãe era quem pagava a reforma da casa do casal, o carro dele e provia as ‘regalias’ do mestre de obras. Mesmo depois aguentar a violência psicológica, Vilma disse ter perdoado o ex-marido. A filha conta que quando reclamava de Wison, a mãe dizia que “não podia ter o coração ruim”. Em uma das ligações, Vilma disse a ele que já o tinha perdoado e que não conseguia sentir raiva dele. “Era tão boa, que sentia dó daquele safado”.

“É difícil explicar como está a família. É uma perda irreparável. Nunca tínhamos sepultado alguém tão próximo da gente. Eu não sinto ódio dele, só quero que ele pague pelo crime”, diz a filha.

Servidores do HR fizeram protesto nesta terça-feira (Marithê Lopes)

Saída da Santa Casa

O mestre de obras teve alta médica e foi liberado da Santa Casa de Campo Grande, na última sexta-feira (9). Ele estava internado sob escolta policial desde o dia 5 de janeiro, data em que matou a ex-mulher. O idoso deu entrada no hospital após matar a ex-mulher esfaqueada e tentar suicídio na BR-262.Idoso que matou ex no HR deixou bilhete e 'está dando uma de louco'

De acordo com a assessoria do hospital, Wilson permaneceu na área vermelha do Pronto Socorro em primeiro momento. Posteriormente, ele foi encaminhado para a enfermaria, com dreno no tórax, e foi liberado sem passar por cirurgia.

Assassinato e tentativa de suicídio

Após esfaquear e matar a ex-mulher na entrada do Hospital Regional, Wilson fugiu em um Celta preto e colidiu, propositalmente, em uma carreta na BR-262. Caminhoneiro e outra testemunha tentavam salvar o idoso, mas ao quebrarem o vidro do carro para retirarem Wilson de dentro, ele tentou se matar cravando uma faca no peito.

Segundo relatos de funcionários do hospital, Vilma teria saído para buscar um remédio e encontrou Wilson no estacionamento, na entrada da unidade. Os dois começaram uma discussão e na sequência ele sacou uma faca e atingiu a vítima várias vezes. Socorristas tentaram reanimar Vilma e ela chegou a ser levada à CTI (Centro de Terapia Intensiva), mas a informação é de que ela já estaria sem os sinais vitais quando caiu no chão.