Depois de serem escondidos nas garagens, articulados podem sumir de circulação

Consórcio Guaicurus não se manifestou

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Consórcio Guaicurus não se manifestou

Depois de ficarem escondidos nas garagens com a justificativa de que há baixa demanda ‘fora do horário de pico’ e o alto custo de manutenção devido à “buraqueira” nas ruas da cidade, os ônibus articulados correm o risco de sumir de vez das ruas de Campo Grande. As denúncias de uma possível troca de cada um dos 38 ônibus articulados por dois convencionais já estão preocupando os usuários do transporte coletivo.

A matemática poderia até favorecer, aumentando o número de lugares, mas acabaria prejudicando os passageiros, já que possivelmente as empresas não manteriam a proporção, diminuindo o número total de carros. A denúncia também já circula na internet com um artigo na página Ligados No Transporte, que analisa a possibilidade de redução dos veículos. Consta que a decisão já estaria tomada entre a Prefeitura de Campo Grande -por meio da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito)- e o Consórcio Guaicurus, que é a associação das empresas Viação Campo Grande, Viação Morena, Viação São Francisco e Jaguar. 

O Consórcio Guaicurus foi procurado pelo Jornal Midiamax para confirmar a informação, mas não se manifestou e informou que não há uma previsão para obter a informação. A Prefeitura de Campo Grande negou a informação e disse apenas que “mudanças como essa precisam passar pelo conselho de regulação”.

Para o STTC (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo), a possível redução dos veículos BRT’s, poderia afetar apenas a mão de obra, afinal um motorista de um articulado, não poderá dirigir dois convencionais.

O problema com os ônibus articulados em Campo Grande não é novo. Em fevereiro deste ano, passageiros e trabalhadores do transporte coletivo denunciaram ao Jornal Midiamax que as empresas por supostamente ‘esconderem’ veículos mais novos e maiores e deixar ônibus pequenos e mais velhos nas linhas troncais

Depois de serem escondidos nas garagens, articulados podem sumir de circulaçãoA frota do transporte coletivo em Campo Grande é de 593 ônibus. São 38 articulados, sendo 13 BRTs. Os primeiros BRTs chegaram a Capital em 2012, quando foram apresentados com pompa à cidade. Estes veículos teriam ficado guardados nas garagens das empresas porque consomem mais combustível e um aditivo especial para diminuir a poluição nos veículos mais modernos movidos a diesel.

Na época, o diretor do Consórcio Guaicurus, João Rezende, disse que os BRTs tem mais de 20 metros e custam quase R$ 1 milhão. Todos com idade média de cinco anos. A operação com eles é mais cara mesmo, até porque eles gastam o dobro de gasolina do ônibus normal”. 

Ônibus velhos

Neste ano, o Jornal Midiamax também denunciou veículos com mais de dez anos de fabricação continuariam circulando, segundo a denúncia de servidores ligados à Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) e Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados). De acordo com o contrato de concessão, as empresas são obrigadas a renovar a frota de forma que mantenha sempre carros com menos de 10 anos de fabricação nas ruas. 

De acordo com a Lei 4.584, os veículos com mais de 8 anos não devem ultrapassar 50% da frota, ficando estabelecido o limite máximo de dez anos de idade do veículo para utilização do serviço de fretamento e de 15 anos para os articulados.

Licitação e fraude

O Termo de Concessão assinado pelas empresas e o ex-prefeito de Campo Grande Nelson Trad Filho (PTB) assegurou, por exemplo, a isenção de ISS para os empresários, efetivada em março de 2015 com projeto do então prefeito Gilmar Olarte (PROS) aprovado pelos vereadores, mas já praticada desde 2013, segundo a própria Assetur. a A íntegra do Termo de Concessão do serviço é de difícil acesso. O documento, que deveria ser divulgado para consulta pública, não é encontrado digitalizado em lugar algum.

No último mês de junho, o Gaeco (Grupo de atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPE-PR (Ministério Público do Paraná) deflagrou a Operação Requixá, que apurava a existência de uma organização criminosa no segmento de concessão de transporte coletivo urbano em municípios do interior paranaense, um esquema que também pode ter sido replicado em Campo Grande e outras 17 cidades.

 

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