Criança e quatro feridos em confronto entre índios e fazendeiros estão fora de perigo

Vítimas seguem internadas em Dourados

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Vítimas seguem internadas em Dourados

Os cinco indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, feridos em um confronto na tarde da terça-feira (14), entre índios de fazendeiros em Caarapó, cidade a 273 quilômetros de Campo Grande, passam bem e não correm risco de morte. Os feridos estão internados no Hospital da Vida, em Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com o enfermeiro e superintendente do Hospital da Vida de Dourados, Genilvaldo Dias da Silva, o menino de 12 anos, ferido com um tiro na barriga, foi operado e já está consciente. O garoto teve lesões no estomago, intestino e rim. Ele está acordado na companhia de uma prima e por ser criança, a expectativa é de que a recuperação seja rápida. Como o tiro atingiu o intestino, a saúde é monitorada para evitar infecção. 

Jesus de Souza, de 29 anos, também ferido na barriga passou por cirurgia está consciente. Libesio Marques Daniel, de 43 anos, levou quatro tiros e foi ferido no tórax, barriga e cabeça. Ele não precisou passar por cirurgia e está consciente. Norivaldo Mendes, de 37 anos, foi ferido no tórax, barriga e levou um tiro perto do coração. Ele não precisou de cirurgia e não corre risco de vida. Valdilio Garcia, de 26 anos, foi ferido com um tiro no tórax e passou por cirurgia para a instalação de um dreno. 

Ainda segundo Genivaldo, mesmo tendo os indígenas sido feridos a tiros, a polícia não foi ao hospital. Compareceram para acompanhar a situação o MPE (Ministério Público Estadual), a UFGD (Universidade da Grande Dourados e o advogado da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena). 

Confronto

Confronto entre índios e fazendeiros em Caarapó terminou com a morte do indígena Cloudione Rodrigues Souza, de 26 anos. Ele era agente de saúde indígena e foi morto a tiros. O confronto também deixou três policiais militares feridos. Eles foram até o local para ajudar os bombeiros no socorro às vítimas. Segundo a Polícia Militar, os agentes teriam sido espancados e feitos de reféns pelos índios. A viatura deles ficou retida na área.

Cerca de 600 indígenas da etnia Guarani-Kaiowá estão, desde o último domingo (12), ocupando a fazenda. A área reivindicada faz parte, segundo a comunidade, do território Tey’i Juçu e fica ao lado da aldeia Tey Kue.

Em entrevista ao Jornal Midiamax, Lorivaldo Nantes, 55 anos, membro da comunidade, afirmou que a área foi desapropriada pelo antigo SPI (Serviço de Proteção ao Índio), durante a década de 1920. “É confinamento, foi feito pelo SPI. A gente já perdeu nossos bisavós, avós, já se arrasta por muito tempo”. Ele diz que 55 mil hectares foram perdidos e estão sendo reivindicados.

Segundo ele, já está em processo de homologação como terra indígena. “Já é reconhecido, já está publicado, mas ainda está sob domínio do fazendeiro”. Segundo o site do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), o Relatório de Identificação e Demarcação do local foi finalizado em 2015, tendo sido iniciado em 2008, e está em condições de publicação, dependendo da ação da Funai (Fundação Nacional do Índio).

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