Família de pintor morto durante trabalho doou órgão

Você que está lendo essa reportagem, coloque a mão no seu coração. Falando sério, qual foi a última vez que você parou para ouvir o ‘tum tum' de um dos principais órgãos do no nosso corpo? Pois é, quase nunca lembramos, mas ele está ali, todos os dias desde o inicio de nossas vidas trabalhando 100 batimentos por minutos. Quando a gente ‘bate as botas', o mais natural é que ele pare, mas nos casos de morte encefálica é possível trasplantar esse coração para uma outra pessoa, ou seja, fazer uma troca de corações. A maravilha da medicina atual que está longe de ser sinopse de filme de ficção científica.

Uma corrida contra o tempo (preciosíssimo nessas horas), um coração fora do corpo sobrevive em média 4 horas. E foi em meio a agilidade da equipe médica de seis profissionais do Instituto do Coração (Incor) e a rapidez do esquema montado no hospital Santa Casa na Capital, que aconteceu no início da tarde de hoje a captação de um órgão que foi de jatinho salvar a vida de um jovem que aguarda na fila nacional de transplantes em São Paulo. O procedimento contou com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Marcio de Melo Silva tinha 35 anos e estava ajudando a pintar a igreja que frequentava em Coxim, 242 km de , na manhã de terça-feira (3) quando caiu do andaime de aproximadamente 4 metros. Segundo os familiares, ele chegou no hospital inconsciente e foi diagnosticado com traumatismo craniano encefálico. “Não é um momento fácil, mas estou de certa forma feliz. Ele sempre falava que gostaria de doar os órgãos, e uma vez numa conversa casual ele me disse que caso viesse a falecer primeiro do que eu, que era para eu doar o coração dele, dessa forma o coração permaneceria vivo e continuaria me amando. É muito bom saber que ele vai poder ajudar alguém que está precisando”, desabafou a esposa Clarisse Fernandes,37, mãe de um garoto de 9 anos, filho dessa união. O que foi divulgado pela assessoria da Santa Casa é que o novo dono do coração de Melo é um homem e possui a mesma idade do doador, 35 anos.

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O diretor técnico da Santa Casa, Mário Madureira, contou que uma equipe do hospital está em treinamento e acompanhou todo o procedimento de captação do órgão para uma possível cirurgia feita por um time regional. “Nossa última captação de coração foi realizada há um ano e meio atrás, estamos em processo para recredenciar a Santa Casa na realização do transplante de coração”, comentou. Madureira acrescentou que o centro cirúrgico do local foi reformado e hoje oferece uma estrutura mais adequada tanto para os médicos como para os pacientes. O hospital realiza transplante de rim e córnea.

Ronaldo Honorato, cirurgião cardiovascular que faz captação de corações para transplantes no Incor (SP) disse que já realizou mais de 300 cirurgias para a retirada do órgão. “Ocorreu tudo bem, a operação durou 40 minutos e agora temos que ser rápidos pois o coração aguenta algumas horas fora do corpo. Nós agradecemos em especial a família do doador por esse ato de amor e altruísmo, também digo que a ação foi possível pela boa estrutura do hospital. Semana passada estive na cidade de Três Lagoas captando outro coração, é uma corrida contra o tempo que salva vidas” declarou.

Doação

Segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, Campo Grande ainda possui uma mentalidade inflexível quando o assunto é doação de órgãos. As pessoas, talvez desprovidas de informação, não querem doar as partes dos entes queridos. Lembrando que o ato de salvar uma vida, nesse caso, só é possível através da doação pela família.

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