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Cotidiano

Bairros e Ceinfs abandonados e a população à margem no aniversário

Para esses moradores, os bairros são quase outra cidade
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Para esses moradores, os bairros são quase outra cidade

“Na verdade eles fazem de conta que estão trabalhando”, afirma Sydnei Andrade de Melo, 31, morador do Centenário há 15 anos. No local, uma obra, agora fechada com metal, indica mais um empreendimento abandonado na capital. É o Ceinf (Centro de educação infantil) do bairro. Uma placa indica que o Centro, que começou a ser construído há 4 anos, agora está em ‘obras’ novamente.

Sydnei, no entanto, não vê apenas o Ceinf como indício de abandono do local. “Saúde, você vai nos postos, lotados. Muitas vezes não tem nem médico”. A realidade dos serviços públicos faz com que o aniversário de – que faz 117 anos na sexta-feria (26)-, não motiva comemorações.

Valdelírio ria no final do dia junto a um amigo, jogando conversa fora. Em frente a própria casa, ele levanta um muro para proteger a residência. A obra do Ceinf, para o morador, não acompanha o ritmo do muro da casa.

“Isso aí fazer mais uns dois anos aí. Rapaz, aqui está ruim, mas não tem comparação com o resto da cidade. Campo Grande está abandonada, estamos no comodismo. Deram essa limpadinha aí na obra por causa das eleições. Esse dinheiro já caiu em caixa, é do governo federal”, critica.

O Ceinf do Jardim Centenário, que teve o aditivo renovado no valor de R$ 2,14 milhões,tem a construção executada pela empresa Stenge. A prefeitura informou que a previsão de entrega do Centro é novembro deste ano.

Ele prefere não reclamar do bairro, que, apesar de “ruim, não se compara ao resto da cidade”. O morador tem uma das profissões que se inserem na ausência do poder público: ele é vigilante, garante um pouco de sossego pros moradores que não veem a segurança pública funcionando.

Aniversário de Campo Grande? O vigilante nem pensa em comemorar. “Não tem o que comemorar. Nem no Centenário nem Campo Grande. E essas eleições, não tenho confiança nem nos vereadores nem no prefeito. Dos que estão lá dentro, nenhum deles vale um voto”, fala ele, sem culpa.

Vila Marli

Nesse bairro, o Ceinf já virou local que atrai a população marginalizada, usuários e dependentes químicos e pessoas em situação de rua – tendência, aliás, das obras paradas na capital. A pouca iluminação do bairro também não ajuda.

Técnica em enfermagem, Maria José tem 60 anos vive no bairro há 20. Vinte anos, que para ela, registraram poucas mudanças no bairro, que parece ter sido povoado pela especulação imobiliária, mas ter sido deixado de lado pelo poder público.

 “Aqui não teve mudanças. Quando cheguei nem luz tinha, nem asfalto. Fica cheio de gente usando droga nessa obra aí”, contou, enquanto esperava a van que a levaria para o trabalho. Maria José trabalha como cuidadora particular.

Campo Grande, pelos seus moradores, mostra que possui, na verdade, cidades dentro da mesma cidade. E algumas delas não comemoram o aniversário da capital. Maria José, por exemplo, não costuma ir aos eventos. É a rotina de trabalho, que nunca permitiu. “Minha vida é só trabalho”.

A obra do Ceinf faz parte de uma série de outras construções de Centros de educação infantil, cerca de 8 deles estão paralisados na capital. Na Vila Marli, a obra não tem previsões para continuar, já que a empresa responsável, de acordo com a prefeitura, declarou falência. A prefeitura também informou que uma nova licitação será aberta.

Enquanto isso, no bairro, há quem agradeça por ter conseguido morar em um local onde o asfalto ‘chegou’. “Pra mim não significa muita coisa, mas diversas pessoas aqui precisam do Ceinf. Agora, ficam usuários de drogas e uma escuridão total”, conta Rodrigo Nunes, que é montador e tem 28 anos. Ele mora no bairro há 23 anos.

Outras gerações chegam ao local, mas velhos problemas continuam. A estudante de recursos humanos, Lívia Lantaler, de 19 anos trabalha em um escritório de contabilidade. A iluminação, ou a falta dela, deixa a jovem, que vive no bairro há 2 anos, insegura. “Venho de ônibus e sempre passo por aqui [Ceinf] com medo”.

“Um dos pontos que vejo que tem que melhorar é a educação. Além dessa obra, vi esses dias que tem bastante obras de escolas e ceinfs parados. É bem complicado”, pontua.

Ainda assim, em um dos bairros onde as obras também fazem aniversário, os 117 anos da capital são importantes para a estudante. “Significa muito. Gosto de morar aqui, vejo que é uma cidade sempre em expansão”.

Enquanto a cidade se expande, no entanto, obras vão ficando pelo caminho. Contradições de Campo Grande.

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