Feirão com 1,2 mil vagas de emprego leva 6 mil candidatos à Praça Ary Coelho
Falta de qualificação deixa vagas em aberto no mercado de trabalho
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Falta de qualificação deixa vagas em aberto no mercado de trabalho
O primeiro Feirão do Emprego, promovido pela ACICG (Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), reuniu aproximadamente 6 mil pessoas na Praça Ary Coelho, durante toda a manhã desta sexta-feira (4), conforme estimativa do presidente João Carlos Polidoro. A grande procura é ligada aos altos índices de demissões em alguns setores do mercado, como o da construção civil e da indústria têxtil, por exemplo. Já as 1.200 vagas disponíveis revelam que o mercado, ainda que retraído, tem espaço para quem deseja trabalhar, desde que tenha qualificação para isso.
“Na verdade o que está acontecendo é uma migração de setores. Os funcionários demitidos da construção civil, dos frigoríficos, da indústria têxtil, estão migrando para outras áreas, como o comércio por exemplo, mas o grande problema é que falta qualificação por parte dos concorrentes”, explica João Carlos Polidoro, presidente da ACICG.
Ao todo estão sendo ofertadas 1.200 vagas, mas segundo o presidente da ACICG, este número só não foi maior porque o espaço físico não permitiu. “A gente conseguiu colocar aqui apenas 13 parceiros, mas durante a semana várias empresas nos procuraram com ofertas de vagas. O que nos coloca em um grande paradoxo: Como temos tantas vagas se o desemprego tem sido cada vez maior. A conclusão é que as vagas não são preenchidas porque os concorrentes não estão qualificados para elas”, explica.
O presidente também disse que o Feirão foi pensado levando em consideração essa dificuldade em obter profissionais capacitados. “Nós queremos não apenas preencher as vagas, mas também estimular os trabalhadores a se capacitar” detalhou.
Natanel Castilho Ferreira, 54 anos, é um exemplo dessa situação. Ele foi demitido da construção civil porque a empresa em que trabalhava entrou em falência e agora procura uma vaga como motorista ou novamente na construção civil. “Eu optei por trabalhar como autônomo durante esse tempo e não fiz uma busca empenhada por emprego, mas se conseguir alguma coisa fixa é bom, dá mais estabilidade”, explica o senhor que ainda acrescentou a dificuldade em encontrar vagas por causa da idade. “Tem vários setores que tem preconceito com a idade e isso atrapalha ainda mais”.
Já Aline Silgueiros, 25 anos, está procurando emprego há mais de oito meses e até agora não conseguiu uma vaga por não ter experiência comprovada. A jovem explica que apesar de já ter trabalhado com vendas, não tem isso registrado em carteira, o que dificulta ainda mais a busca. “Estou há meses tentando um emprego e vi nesse Feirão uma oportunidade. Tenho experiência com vendas, só que não em carteira, mas estou com esperança de sair daqui empregada”, comenta a moça que ficou mais de 3 horas aguardando atendimento.
Aline Litoriane, de 16 anos e Mirian Regiane, 17 anos, foram à procura do primeiro emprego e disseram que nem a fila de duas voltas na quadra desanimou nessa busca. “Faz tempo que eu tento uma vaga, mas a experiência sempre é um problema. Perguntam se eu tenho, digo que não e pronto, acaba qualquer chance que eu tinha, mas com que a gente vai ter experiência se ninguém nos da oportunidade”, argumentou a estudante Mirian.
A Funsat (Fundação Social do Trabalho), Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul ), Tendência, Keeper Recursos Humanos, Grupo Pereira com vagas para Comper Supermercados, Forte Atacadista e Atacado Bate Forte, Laboratório Renato Arruda/Grupo Sabin, Real H, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vitória Humana Recrutamento, Unimed e Pax Real participam do evento.
A gerente de Recursos Humanos, Raissa Pereira, de 27 anos, da Pax Real, disse que até às 11 horas de hoje já havia recebido mais de mil currículos, com interessados nas 12 vagas disponíveis. Das ofertadas, a mais inusitada é a vaga para sepultador, ou popular coveiro. Conforme a gerente, pouca gente manifestou interesse pela vaga e os que perguntaram maiores detalhes, desistiram após saber quais seriam suas funções. “É uma vaga meio difícil de preencher, temos apenas uns 20 interessados, porque muita gente até pensa em se candidatar, mas quando descobre certinho o que é, já desisti”, detalha. A Pax já tem 200 entrevistas agendadas para a semana que vem.
O Grupo Pereira está disponibilizando 135 vagas e até às 11 horas de hoje, mais de 800 pessoas já haviam deixado currículo para operador de caixa, repositor e auxiliar de manutenção. Uma das organizadoras destaca que o interesse maior é de jovens, visto que para os dois primeiros cargos citados, não é necessário experiência.
O feirão segue até às 17 horas desta sexta-feira (4) na Praça Ary Coelho. Estão sendo ofertadas vagas de agente funerário, assistente de gerente, auxiliar de limpeza, copeira, sepultador, recepcionista, vendedor, auxiliar de serviços gerais, operador de telemarketing (televendas), jovens aprendizes, analista de crédito e cobrança, assistente de recursos humanos, analista de qualidade (farmacêutico), técnico de enfermagem; enfermeiro, recepcionista hospitalar, técnico de laboratório, analista de laboratório, fisioterapeuta, analista de sistemas, farmacêutico hospitalar, atendente de farmácia, auxiliar de limpeza hospitalar e auxiliar de nutrição hospitalar, com sálarios entre R$ 788,00 (sálario mínimo) até R$ 11 mil, para cargos de gerência em algumas empresas.
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