Ela adestrou animais para serem ‘seguranças'

Um dia antes de seguir a pé de Campo Grande a Brasília, a cabeleireira Edna Lima Bronze, de 38 anos, raspou o cabelo em solidadriedade às vitimas de câncer. Edna pretende caminhar até a capital federal como forma de por melhores condições na saúde. A cabeleireira diz já ter enfrentado pelo menos dois graves problemas ao necessitar de atendimento na rede pública de saúde.

Segundo Edna, o vídeo é uma forma de homenagear as pessoas que demoram para ter o resultado do diagnóstico de câncer. A cabeleireira já viu dois familiares terem câncer, nenhum enfrentou problemas no diagnóstico, mas já acompanhou outros pacientes que tiveram problemas.

Em um dos trechos do vídeo Edna diz:

“Essa é uma homenagem que eu faço às pessoas que têm o diagnóstico retardado por causa do SUS. Todas as pessoas que têm câncer se sintam homenageadas. Quem luta por um câncer é um grande guerreiro, essa é minha homenagem a cada um de vocês.

Vocês vão se perguntar o porquê disso. Eu vou dizer que o porquê é o amor ao meu povo, ao meu país, aos funcionários que sofrem por falta de qualidade de trabalho, falta de equipamentos, falta de ambiente para trabalhar.

Porque um médico ele faz faculdade, um enfermeiro, quer salvar vidas. É muito triste quando ele não consegue salvar vidas por falta de CTI, falta de exame”.

Caminhada até Brasília

A ideia de seguir a pé até Brasília como forma de protesto é antiga, segundo Edna. Em 2010, ela se acorrentou nas grades do Hospital Regional Rosa Pedrossian, para protestar contra o atendimento médico que recebeu.

“ [Me] Sinto desrespeitada. É dinheiro nosso. Dinheiro do nosso trabalho que é desviado. Agora tivemos grandes cortes em recursos da educação e da saúde. A gente não tem nada a ver com isso”, diz.

Edna espera começar a viagem a partir da Avenida Manoel da Costa Lima, por volta das 8h30. A cabeleireira vai seguir com um carrinho carregado com as roupas, comida e os três cachorros que foram adestrados para acompanhá-la na viagem.

Durante a viagem, ela pretende postar no Facebook, fotos das cidades por onde passar. A viagem está sendo planejada há cinco anos e Edna diz que a família está ajudando. “Tentaram me fazer desistir por cinco anos. Agora, estão me ajudando”, diz.

Protesto

Em 2010, ela se acorrentou nas grades do HR, vestida de palhaça, após ter complicações no diagnóstico de uma gravidez tubária, que foi diagnosticada como apendicite. Alegando erro médico, ela só conseguiu uma cirurgia corretiva dois anos depois.

No começo deste ano, Edna voltou a apresentar os sintomas do mesmo tipo de gestação, procurou a rede pública de saúde e novamente teve dificuldade em receber o diagnóstico e o encaminhamento. Como já conhecia os sintomas ela mesma insistiu com os médicos até receber o tratamento correto, porém, na data da cirurgia, a cabeleireira diz ter sido maltratada por um dos médicos que prestou atendimento e sofreu violência obstétrica.