Em 2014, número de autodeclarados negros superou o de brancos no país

Um levantamento feito pelo Nexo Jornal, com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e um projeto desenvolvido por um grupo de pesquisa demografia  da Universidade de Virginia (EUA) mostrou que Campo Grande é a 14ª no ranking da segregação racial no Brasil, encabeçado por Porto Alegre (RS).

De acordo com a publicação, para analisar a segregação racial e elaborar o ranking, o estudo levou em conta os indicadores de raça e cor, conforme autodeclaração colhida pelo IBGE, somados a outras informações como a pesquisa divulga “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, encomendada pela ONU (Organização das Nações Unidas), que mostrou que entre 2003 e 2013, houve aumento de 54,2% no número de homicídios de mulheres negras (de 1.864 para 2.875) , enquanto o de mulheres brancas caiu 9,8% (de 1.747 para 1.576).

Especialistas ouvidos apontaram como alternativa para diminuição das diferenças em virtude da cor, a criação de políticas públicas que regulem melhor o mercado mobiliário e seu papel sobre a ocupação das cidades, a melhoria das condições de transporte entre periferias e centro, a descentralização dos ambientes de trabalho (como regiões de alta concentração comercial), além da criação de políticas afirmativas que permitam a integração de grupos de raça ou cor e condições sociais diversas.

O ranking que apontou Campo Grande como 14ª Capital com maior índice de segregação racial, o estudo usou o índice demográfico de dissimilaridade, utilizado para comparar a presença de dois grupos distribuídos em pequenas áreas em relação à composição total do município. Ou seja, quanto maior a mistura entre brancos e negros por setor menor a dissimilaridade.

Alguns números nacionais explicam a distância entre brancos e negros no país. Um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que entre 1976 o número de brancos adultos com diploma eram 5% contra 0,7%; em 2006, eram 18% brancos contra 5%.

Outra pesquisa conduzida pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com a Unesco, revelou um jovem negro tem um risco 2,5 vezes maior de ser assassinado que um jovem branco. Entre 2007 e 2012 a taxa de jovens negros mortos a cada 100 mil habitantes saltou de 60,5 para 70,8.

O levantamento comemora o fato de que desde a década de 1990, quando as autoridades brasileiras reconheceram a existência latente de racismo no país, o Brasil ganhou políticas de combate ao preconceito, e passou a funcionar uma nova remodelação da composição racial, tanto que em 2014 o número de brasileiros que se declaravam negros (53,6%) superou o número de autodeclarados brancos (45,5%).