A Polícia Federal atribui ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro o comando de uma organização criminosa que, segundo a corporação, usou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem política e ataques às urnas eletrônicas. No relatório final da investigação da chamada “Abin paralela”, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF afirma que o ex-presidente e filho definiram as “diretrizes estratégicas” do esquema e os alvos das ações clandestinas.
Para os investigadores, o objetivo da estrutura clandestina de inteligência era proteger interesses políticos e familiares, atacar opositores e desacreditar instituições democráticas.
Bolsonaro, segundo a Polícia Federal, era “o centro decisório e o principal destinatário das ‘vantagens’ ilícitas”. O ex-presidente não foi formalmente indiciado, porque já responde por organização criminosa em outro processo, mas é apontado como líder das ações de arapongagem.
‘Idealizador’
Já o vereador seria o “idealizador da inteligência paralela”, de acordo com a PF. A investigação afirma que ele “figura no cerne das ações delituosas” e era uma espécie de “direcionador das informações produzidas”.
Ao todo, 36 pessoas foram indiciadas no caso. A Polícia Federal organiza a investigação em seis núcleos — político; comando e alta gestão; assessoria e execução de ações clandestinas; estrutura operacional de inteligência; produção e propagação de fake news; e embaraçamento da investigação.
Bolsonaro e Carlos seriam o núcleo político. “Este núcleo é integrado por sujeitos que eram os principais e responsáveis pelas ações realizadas posto que figuravam como os beneficiários diretos das ilicitudes praticadas”, descreve a PF.
O relatório afirma ainda que as ações clandestinas na Abin era voltadas à “proteção ao núcleo familiar” e “obtenção de vantagens de ordem política”.
“As ações clandestinas, portanto, tinham seus produtos delituosos destinados ao interesse deste núcleo com ataques direcionados à adversários e ao sistema eleitoral.”
Inteligência cibernética
O relatório de 1.125 páginas é assinado pelo delegado Daniel Carvalho Brasil Nascimento, da Divisão de Operações de Inteligência Cibernética da Polícia Federal. O sigilo do documento foi levantado ontem por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator da investigação.
A Polícia Federal liga uma série de monitoramentos ilegais aos interesses do ex-presidente e de sua família. Os investigadores mencionam dossiês supostamente produzidos pela Abin para tentar inferir em inquéritos contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por suspeita de rachadinha, e o vereador Jair Renan (PL), por indícios de tráfico de influência.
A PF também destaca o uso da Abin para revisar a investigação sobre a facada no ex-presidente, em 2018, e tentar explorar o atentado politicamente nas eleições de 2022.
O esquema de espionagem ilegal monitorou quase 1,8 mil telefones entre fevereiro de 2019 e abril de 2021, segundo as investigações. De acordo com o relatório final da PF, 34 credenciais do programa israelense First Mile foram usadas para espionar 1.796 terminais telefônicos, resultando em 60.734 consultas feitas de forma irregular. O software é capaz de rastrear celulares explorando vulnerabilidades nas redes de telefonia 2G e 3G.
Diante do grande volume de alvos, a PF classificou as vítimas da espionagem em oito categorias: geral; servidores do TSE e institutos de pesquisa; Poder Judiciário; Poder Legislativo; Ministério Público; servidores públicos; proteção do núcleo político; e contexto não identificado.
Procuradas pelo Estadão, a defesa de Bolsonaro e demais citados não haviam se manifestado até a publicação deste texto.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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