O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e mais 15 pessoas foram indiciados pela Polícia Federal por falsificação de certificados vacinais. A PF aponta que houve crime pelo uso indevido de uma documentação falsa.

O indiciamento de Bolsonaro significa que o Ministério Público terá que tomar decisão se apresenta denúncia contra o trio ou arquiva a investigação.

A defesa do ex-presidente disse ao Uol “estranhar” o procedimento. Os advogados informam que tentaram ontem, por volta das 19h, adquirir atualizações do processo e nada constava.

O caso no STF (Supremo Tribunal Federal) está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Agora cabe a Moraes encaminhar o caso para o MPF (Ministério Público Federal).

Veja as 17 pessoas indiciadas pela PF:

Ailton Gonçalves Barros, advogado e major reformado do Exército;
Camila Paulino Alves Soares, enfermeira da Prefeitura de Duque de Caxias;
Célia Serrano da Silva, secretária de Saúde de Duque de Caxias;
Cláudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora da Prefeitura de Duque de Caxias;
Eduardo Crespo Alves, segundo sargento do Exército;
Farley Vinicius Alcântara, médico;
Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid;
Gutemberg Reis de Oliveira, deputado federal;
Jair Bolsonaro, ex-presidente;
João Carlos de Sousa Brecha, então secretário de Governo de Duque de Caxias;
Luis Marcos dos Reis, sargento do Exército;
Marcelo Costa Câmara, assessor de Bolsonaro;

Marcelo Fernandes Holanda;
Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
Max Guilherme Machado, assessor de Bolsonaro;
Paulo Sérgio Da Costa Ferreira;
Sérgio Rocha Cordeiro, assessor de Bolsonaro.

Vacinação falsa

Dados de vacinação foram adulterados para permitir a entrada nos EUA, diz PF. Segundo a investigação, Bolsonaro não se vacinou, mas tinha um certificado ilegal que indicava o oposto. Ele viajou ao país em dezembro de 2022, dois dias antes da posse de Lula. Essas fraudes, de acordo com a PF, também beneficiaram a filha do ex-presidente, Laura, de 13 anos, e assessores e familiares que também viajaram aos país no final de 2022.

As inserções de dados falsos sobre as vacinas teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, segundo a PF. O período contempla a gestão de Marcelo Queiroga à frente do Ministério da Saúde.

Os registros de vacinação das filhas de Cid indicam que elas teriam recebido a primeira dose da vacina contra covid-19 quando ainda não havia começado a campanha de imunização para crianças e adolescentes. Além disso, teriam tomado Janssen quando tinham menos de 18 anos, o que não é permitido.

À PF, Bolsonaro negou em depoimento que tenha orientado a falsificação do certificado. Em maio de 2023, o ex-presidente disse que “jamais se vacinou, que desconhecia toda e qualquer iniciativa para eventual falsificação, inserção, adulteração no seu cartão de vacinação, bem como de sua filha”.