O corregedor da Receita Federal, João José Tafner, teve sua exoneração do cargo publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta quinta-feira (9). Ele havia apresentado seu pedido de demissão ontem, após ameaça de saída coletiva de servidores da Corregedoria. Indicado ao posto pela família , Tafner declarou que sofreu pressão para não apurar denúncias envolvendo informações sigilosas de desafetos do ex-presidente. O mandato do agora ex-corregedor terminaria apenas em fevereiro de 2025.

Há uma semana, Tafner declarou que vinha sofrendo pressão do então secretário da Receita, Julio Cesar Vieira Gomes, e do então subsecretário-geral, José de Assis Ferraz Neto, para não apurar denúncias e amenizar possíveis punições contra o ex-chefe de inteligência do órgão, Ricardo Feitosa.

Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, Feitosa teve acesso e copiou, em julho de 2019, dados sigilosos e fiscais do coordenador responsável pela investigação do suposto caso de “rachadinhas” envolvendo o senador (PL-RJ) e de outros políticos que romperam com a família Bolsonaro, como o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.

O ex-chefe da Receita Julio Cesar Vieira Gomes está envolvido diretamente no escândalo das joias de diamantes avaliadas em R$ 16,5 milhões que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente para o País. Como mostrou o Estadão, para conseguir liberação das peças, Gomes pressionou servidores de diversos departamentos, por meio de mensagens de texto enviadas por aplicativos como WhatsApp, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o assunto. A pressão chegou também a subsecretários do órgão.

A atuação de Vieira Gomes no caso das joias também era alvo de denúncia de servidores na corregedoria do Ministério da Fazenda. Tais servidores já haviam manifestado preocupação com a autonomia do agora ex-corregedor para investigar o escândalo, justamente por causa de sua proximidade com a família Bolsonaro, e ameaçavam uma demissão coletiva.

Nomeado pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes, Tafner chegou ao cargo em fevereiro de 2022 como um simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro. Auditor fiscal desde 2007, ele apoiou a campanha para deputado federal do também auditor fiscal Marcus Dantas. Em fotos nas redes sociais, Tafner aparece ao lado do deputado federal (PSL-SP) e de Dantas durante a campanha usando adesivos do então candidato e a camiseta da seleção brasileira, que se tornou uniforme dos apoiadores do presidente.