Polícia prende cinco suspeitos ligados ao neonazismo em Santa Catarina

A operação foi batizada de “Gun Project” em alusão ao nome do grupo virtual em que os integrantes discutiam e acompanhavam a fabricação de componentes para armas e munição.

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Jovens foram presos em Santa Catarina (Foto: Divulgação, Polícia Civil)

A Polícia Civil de Santa Catarina prendeu na semana passada cinco suspeitos de ligação com atividades neonazistas no Estado, As prisões só foram divulgadas nesta semana. O grupo, que incluía três universitários da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), possuía armas, munições, coletes e símbolos nazistas e atuava em Joinville, São José, Maravilha e São Miguel do Oeste.

As investigações policiais tiveram início em abril, quando um suspeito foi preso em São Miguel do Oeste. “Foi a partir dessa prisão que percebemos a atuação de um grupo maior e nos aprofundamos nas investigações”, afirmou o delegado Artur Lopes, da Deic/SC (Diretoria de Investigações Criminais).

De acordo com ele, as reuniões do grupo ocorriam em um sítio. A operação foi batizada de “Gun Project” em alusão ao nome do grupo virtual em que os integrantes discutiam e acompanhavam a fabricação de componentes para armas e munição.

Entre os presos estão um auxiliar de escritório de 27 anos, e pelo menos três universitários da UFSC. Os acadêmicos dos cursos de Engenharia Automotiva, Letras e Direito têm entre 20 e 21 anos de idade. Na casa de um dos estudantes foram encontradas munições e símbolos neonazistas.

No início da operação em abril, um estudante de Engenharia de Agricultura da UFSC de 24 anos também foi preso. Com ele, a polícia encontrou uma impressora 3D usada na fabricação de peças de armas de fogo para carabina semiautomática 9mm.

A operação da polícia catarinense também encontrou conteúdos de ódio, violência e maus tratos de animais e pedofilia nos aparelhos celulares apreendidos. Tudo circulava em fóruns na “deep web”.

Ainda segundo a polícia, o grupo utilizava imagens neonazistas pouco conhecidas, como a bandeira de um território inspirado no nazismo e um símbolo do alfabeto alemão antigo. Grupos de WhatsApp com nomes sugestivos que fazem alusão ao nazismo estão sendo monitorados pela polícia, que busca identificar e prender outros suspeitos.

Todos os presos devem responder por associação criminosa armada, fabricação de arma de fogo e divulgação do nazismo. Em depoimento, todos negaram as práticas e disseram que as mensagens publicadas nos grupos e fóruns não passam de uma grande “brincadeira”.

“Alguns alegaram tradições germânicas. Outros confessaram interesse pelo revisionismo nazista, mas disseram que não tinham intenção de causar mal a ninguém. Mas os discursos de ódio conta negros e homossexuais era recorrente”, conta.

Em nota, a Universidade Federal de Santa Catarina informou que pediu informações à polícia sobre o suposto envolvimento dos alunos da instituição para tomada de medidas disciplinares e prometeu apurar os casos. “Ao tempo em que cumprimenta a ação da Polícia Civil na investigação, oferece colaboração para o total desvendamento e punição a este crime. De sua parte, a UFSC solicitará às autoridades informações sobre os estudantes presos, para a adoção das medidas disciplinares cabíveis”, informou a instituição.

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