Câmara aprova mudanças nas regras de votação nas sessões do plenário

Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten, que depôs nesta quarta-feira, 12, na comissão, em uma sessão tensa e marcada por bate-boca, ânimos acirrados e confusão. Wajngarten se esquivou de responder aos questionamentos dos senadores e apresentou contradições com o que […]

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Relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fábio Wajngarten, que depôs nesta quarta-feira, 12, na comissão, em uma sessão tensa e marcada por bate-boca, ânimos acirrados e confusão.

Wajngarten se esquivou de responder aos questionamentos dos senadores e apresentou contradições com o que disse em entrevista à revista Veja no final de abril. “Com mais de 10 inquéritos no STF, Renan tem moral para querer prender alguém?”, questionou Bolsonaro nas redes sociais.

Renan pediu a prisão do ex-chefe da Secom após Wajngarten negar que autorizou a veiculação da campanha “O Brasil Não Pode Parar” Renan, então, mostrou as postagens oficiais feitas pelo governo “O espetáculo de mentira é algo que não vai se repetir e não pode servir de precedente”, disse Renan.

No entanto, após o pedido de prisão, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), disse que, no que depender dele, Wajngarten não sairia preso ao fim da sessão. “Eu não vou ser carcereiro de ninguém.” Aziz afirmou que não quer que a CPI seja um tribunal que “ouve e condena”. Para ele, é possível fazer o pedido de prisão de Wajngarten posteriormente.

Em março do ano passado, o governo federal lançou a campanha publicitária chamada “O Brasil não pode parar” para defender a flexibilização do isolamento social. No Instagram, uma publicação feita no perfil do governo federal dizia que “no mundo todo, são raros os casos de vítimas fatais do coronavírus entre jovens e adultos”. A campanha dava a senha para a defesa do fim da quarentena. “A quase totalidade dos óbitos se deu com idosos. Portanto, é preciso proteger estas pessoas e todos os integrantes dos grupos de risco, com todo cuidado, carinho e respeito. Para estes, o isolamento. Para todos os demais, distanciamento, atenção redobrada e muita responsabilidade. Vamos, com cuidado e consciência, voltar à normalidade”. Após repercussão negativa e até ações judiciais, o governo apagou as publicações.

Ao final da sessão, Omar Aziz repreendeu e fez várias críticas ao comportamento de Wajngarten na CPI.

“A prisão seria o menor castigo que você vai sofrer na vida porque hoje, aqui, você não ficou bem com ninguém. Você entregou um documento que ninguém de nós tínhamos conhecimento (comprovando negligência do governo com aquisição das vacinas da Pfizer). Você desagradou ao governo, não agradou a ninguém, a ninguém você agradou aqui. Você vai sofrer”, afirmou o senador do Amazonas.

Omar disse que Wajngarten vai sofrer as consequências pelo modo como se comportou, mesmo que não venha a ser preso. Interlocutores do ex-secretário já dão como certo que ele será indiciado por falso testemunho ao final dos trabalhos da comissão.

“Isso eu lhe digo porque, pela experiência que eu tenho de vida, posso lhe dar um conselho, você é uma pessoa mais nova do que eu A vida machuca a gente. Prisão não seria nada mais terrível do que você perder a credibilidade, perder a confiança e perder principalmente o legado que construiu até agora. Por isso lhe aconselho: quando Vossa Excelência for ser chamada para falar sobre o que aconteceu aqui hoje, procure falar a verdade. Eu sei que as coisas não vão parar aqui. A CPI tem desdobramentos e os desdobramentos às vezes demoram anos para sair da vida da gente. É muito fácil a gente fazer uma acusação um dia e você passa a vida toda se defendendo dessa acusação. Isso aconteceu com muitos de nós aqui. Acusação é a coisa mais fácil, jogar uma pedra é a coisa mais fácil”, afirmou o senador do PSD.

O presidente da CPI aproveitou a fala para criticar também o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que depôs na comissão na semana passada e evitou se posicionar sobre a defesa da cloroquina por parte do presidente Jair Bolsonaro.

“Ouvi o atual ministro, que vai voltar aqui porque mentiu muito, mentiu demais, mentiu até mais do que você (Wajngarten) . Ele vai voltar e vai ter que dizer como que ele diz que nunca é tarde (para adquirir vacinas da Pfizer), depois de 425 mil mortes, o ministro da Saúde diz que nunca é tarde. Não é tarde para você ministro, que não perdeu nenhum familiar, não é tarde para você ministro, que não perdeu amigos, não é tarde para você ministro, que não ficou órfão. É tarde para quem ficou órfão, para quem perdeu pessoas queridas, familiares, perdeu amigos. É tarde sim ministro, nós poderíamos ter resolvido muito antes”, disse o senador.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE WAJNGARTEN

Em nota, o advogado Daniel Bialski, que representa o ex-secretário de comunicação, disse que Wajngarten respondeu a todos os questionamentos da comissão, “sem esconder ou omitir informações”. “Jamais faltou com a verdade! E nem teve a intenção de fazê-lo”, afirma a defesa.

O texto diz ainda que Wajngarten não teve a oportunidade de explicar integralmente trechos da entrevista concedida à revista Veja, mas que o próprio senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, reconheceu que o ex-secretário não criticou diretamente o ex-ministro Eduardo Pazuello, mas a equipe do Ministério da Saúde.

“Fabio Wajngarten reafirmou que a incompetência se referia a morosidade da equipe do Ministério da Saúde, mas não ao ministro”, diz a nota. “O depoente continua à disposição da Comissão e reitera que seu único objetivo foi o de acelerar a compra de vacinas que minimizem a crise sanitária no País.”

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