64% não confiam em Bolsonaro para gerenciar crise do coronavírus, aponta pesquisa

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Travessia, e encomendada pelo Valor Econômico, de São Paulo, mostra que 64% dos brasileiros não confiam na capacidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de gerenciar a crise do coronavírus. Enquanto isso, vasta maioria dos entrevistados apoia medidas de restrição e atuação dos governadores. De acordo com o levantamento, 70% dos […]

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(Foto: Adriano Machado)
(Foto: Adriano Machado)

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Travessia, e encomendada pelo Valor Econômico, de São Paulo, mostra que 64% dos brasileiros não confiam na capacidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de gerenciar a crise do coronavírus. Enquanto isso, vasta maioria dos entrevistados apoia medidas de restrição e atuação dos governadores.

De acordo com o levantamento, 70% dos entrevistados apoiam as medidas de isolamento que vêm sendo implantadas pelos chefes dos Estados. 94% afirma conhecer os problemas associadas à pandemia e quais medidas podem evitar o contágio, e 54% diz acreditar que a crise do Covid-19 terá consequências devastadoras para a economia nacional.

Entre os que desaprovam as medidas do presidente (50%), os grupos em que Bolsonaro conta com maior reprovação são as mulheres (55%) e jovens entre 16 e 24 anos (75%). Os mais ricos, os que ganham mais de 10 salários mínimos, são os que questionam com maior firmeza a atuação do presidente, com 55% de reprovação.

A pesquisa ainda mostra que apenas 24% dos entrevistados dizem confiar na capacidade do presidente gerenciar a crise. Nesta semana, o Bolsonaro causou polêmica ao emitir um pronunciamento em rede nacional em que contraria as recomendações de órgãos internacionais de saúde – e do próprio Ministério da Saúde – dizendo que o Brasil não pode parar e que as pessoas que não estão entre o grupo de risco devem retomar suas atividades cotidianas. Bolsonaro chegou a dizer que está havendo “histeria” e que a doença causada pelo vírus é uma “gripezinha”.

As falas do presidente causaram uma onda de críticas por parte de governadores e profissionais de saúde. Nesta semana, o governador de São Paulo, João Dória, chegou a bater boca com Bolsonaro, em uma reunião de emergência em que supostamente deveriam ser tratadas medidas para conter a crise. O presidente se destemperou e acusou Dória de estar se aproveitando da situação para projetar suas ambições políticas, pensando nas eleições de 2022.

Na esteira do bate-boca, Dória se reuniu com outros 26 governadores e com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para tratar de medidas concretas contra a pandemia. 

A reportagem do Valor explica que apenas um recorte dos entrevistados apoia a postura de Bolsonaro diante da crise: os evangélicos. Entre os que se declaram dessas religiões, 37% afirma concordar com as medidas adotadas pelo presidente, contra 35% que discordam. 28% não souberam opinar. Vale lembrar que a pesquisa foi feita entre 20 e 21 de março e tem uma margem de erro de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Já entre os que se consideram católicos e de outras religiões, os níveis de reprovação de Bolsonaro foram 57% e 64%, respectivamente.

As medidas de isolamento adotadas por governadores e recomendadas por órgãos de saúde nacionais e internacionais foram aprovadas por 84% dos entrevistados, incluindo a questão do toque de recolher.

No campo político, 70% dos entrevistados aprovam as ações dos governadores, contra 19% de rejeição e 11% não souberam opinar. Já entre os prefeitos, 52% dos pesquisados concordam com as medidas que vem sendo tomadas. Os pesquisadores ponderam, no entanto, que são os governadores que vem tomando medidas mais pragmáticas porque os prefeitos têm margem de ação limitada, os orçamentos são apertados e a dependência dos governos estaduais é grande.

Ainda de acordo com o levantamento, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal não são vistos como protagonistas no combate à crise. A maioria dos entrevistados afirmou que não sabia avaliar a atuação dos parlamentares de Brasília ou dos juízes do Supremo. 43% disseram desconhecer as ações de congressistas, com 35% de desaprovação e 22% de apoio. No caso do STF, 53% não souberam responder, 29% desaprovam e 18% aprovam a sua atuação.

 

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