Remoção rápida de óleo do Nordeste é essencial para evitar dano maior
Agir rápido e procurar culpados depois. Assim deve ser o enfrentamento de derrames de petróleo no mar, afirmam especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O objetivo é evitar que o problema cresça e chegue às praias. O tempo é um fator-chave, avisam pesquisadores do setor, alarmados com a demora que marcou as ações […]
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Agir rápido e procurar culpados depois. Assim deve ser o enfrentamento de derrames de petróleo no mar, afirmam especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. O objetivo é evitar que o problema cresça e chegue às praias. O tempo é um fator-chave, avisam pesquisadores do setor, alarmados com a demora que marcou as ações oficiais no desastre que atingiu o litoral. Até agora, já foi identificado o poluente em pelo menos 139 pontos da costa, nos nove Estados do Nordeste.
“A grande questão é agir rápido, resolver o problema, não ficar buscando culpados. Isso pode ser feito depois”, afirmou Márcio Nele, professor de Engenharia Química do Programa de Pós-Graduação da Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Depois que a mancha se espalha, o problema aumenta muito, o óleo se mistura com a água do mar e com areia e fica mais viscoso, mais difícil de ser dispersado. Se chegar à praia, a situação é ainda mais grave.”
O Brasil dispõe de um Plano Nacional de Contingência. O planejamento determina o que deve ser feito de acordo com especificidades regionais e locais.
“Cada lugar tem as suas especificidades, suas particularidades”, ressaltou o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento Costeiro da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), João Luiz Nicolodi, citando correntes marítimas, ondas, tipo de praia e areia. “Há técnicas específicas para acidente com óleo de acordo com as especificidades.”
A limpeza de óleo derramado no mar pode ser feita de três formas diferentes, dependendo do volume vazado e da localização do acidente, conforme especialistas explicaram. Muitas vezes as técnicas são combinadas para um resultado mais eficiente.
Boias
Em um derramamento, a tendência do óleo é flutuar. No caso de vazamento de uma quantidade não muito grande de óleo, boias podem ser usadas. Elas servem para conter o líquido e facilitar sua retirada do mar. Nesta semana, porém, a falta dos objetos dificultou o uso dessas barreiras para impedir a chegada do poluente à foz do Rio São Francisco.
Em derramamentos de volume maior, são usadas embarcações específicas, equipadas com aparelhos capazes de aspirar o óleo da superfície do mar.
Produtos químicos
Em caso de acidentes de proporções ainda maiores, podem ser usadas substâncias químicas lançadas de aviões, chamadas de dispersantes. Elas transformam o óleo em gotinhas, mais fáceis de serem degradadas pelo meio ambiente. Outra substância química usada com muita frequência transforma o óleo em uma espécie de gel, mais fácil de ser recolhido.
Em geral, as substancias químicas são usadas quando o derramamento está em alto-mar, onde a densidade de espécies é menor e, portanto, o risco de impacto ambiental também. Quando o derramamento ocorre muito perto da costa, devem ser usadas bactérias, fungos e algas capazes de degradar a mancha de óleo com um impacto menor ao meio ambiente.
Remoção manual
Se o óleo chegar às praias, a única opção é mesmo a retirada manual, o que tem sido feito pelos técnicos ambientais nas praias nordestinas nas últimas semanas. Eventualmente, pode ser necessária a ajuda de tratores.
Questionado pela reportagem nesta quarta-feira, 9, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que o governo federal tem atuado para conter os danos e remover o material que chega às praias.
Mais de 100 toneladas de borra de petróleo já foram recolhidas. O trabalho é de difícil execução porque o petróleo não avança sobre a lâmina d’água, mas no fundo do mar, até chegar ao litoral.
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