PF conclui que houve obstrução na investigação do caso Marielle
A Polícia Federal (PF) concluiu que houve obstrução na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018 no Rio de Janeiro, informou a imprensa brasileira nesta quinta-feira (23/05). As informações são da Deutsche Welle Brasil. A conclusão faz parte de um inquérito conduzido pela PF para […]
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A Polícia Federal (PF) concluiu que houve obstrução na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018 no Rio de Janeiro, informou a imprensa brasileira nesta quinta-feira (23/05). As informações são da Deutsche Welle Brasil.
A conclusão faz parte de um inquérito conduzido pela PF para apurar a atuação de policiais na investigação das mortes. O relatório do inquérito foi encaminhado ao Grupo de Atuação Especial no Combate a Organizações Criminosas (Gaeco) e está agora sob análise da procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
A investigação da PF, conduzida pelo delegado federal Leandro Almada, concluiu que um policial militar – Rodrigo Jorge Ferreira, conhecido como Ferreirinha – agiu para obstruir os trabalhos da polícia durante a apuração do caso Marielle.
Segundo o jornal O Globo, o relatório afirma que Ferreira e a advogada dele, Camila Nogueira, integram uma organização criminosa com o objetivo de atrapalhar as investigações sobre a morte da vereadora e do motorista.
O policial militar procurou a PF em maio do ano passado e contou uma história inverídica com a intenção de confundir as autoridades. Ele dissera que o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, estaria interessado na morte de Marielle. Curicica sempre negou envolvimento.
O miliciano é um ex-aliado de Ferreira. Ambos dividiam a milícia das favelas da Curicica, em Jacarepaguá, e do Terreirão, no Recreio, na zona oeste do Rio.
A Polícia Federal entendeu que o policial militar, após o rompimento com Curicica, criou essa história para comprometer o ex-aliado, pois temia ser morto por ele e tinha interesse em assumir a área dominada pelo miliciano.
Ferreira foi considerado por muito tempo a principal testemunha do caso Marielle. Segundo o portal G1, ele chegou a afirmar em delação que Curicica e o vereador Marcello Siciliano (PHS) seriam os mandantes da morte, porque estariam incomodados com o avanço das ações comunitárias da vereadora na zona oeste do Rio. O parlamentar também nega envolvimento.
Em depoimento à PF, a advogada de Ferreira afirmou que desconfiava da versão contada por seu cliente e que se sentiu usada por ele, segundo informações da TV Globo.
Além de Ferreira e de Camila Nogueira, a Polícia Federal também investigou três delegados da PF – entre eles Felício Laterça, atual deputado federal do PSL – que apresentaram o policial militar como testemunha para ser ouvido na Polícia Civil, bem como alguns policiais civis, mas não apontou nada contra eles em seu relatório.
Marielle, de 38 anos, e Anderson, de 39, foram assassinados em 14 de março de 2018 no bairro do Estácio, região central do Rio, quando saíam de um evento no qual a vereadora palestrou. O carro foi alvejado por vários disparos, dos quais quatro atingiram a cabeça dela.
Em março deste ano, a polícia prendeu dois ex-policiais suspeitos de participar do assassinato: Ronnie Lessa, de 48 anos, teria disparado os tiros do banco de trás do carro usado no crime, e Élcio Vieira de Queiroz, de 46, seria o motorista do veículo. Os investigadores ainda não revelaram, contudo, quem foi o mandante da execução.
Os dois suspeitos são ligados ao grupo conhecido como Escritório do Crime, formado por policiais e ex-policiais altamente especializados em execuções por encomenda.
Após indícios de irregularidades nas investigações, a procuradora-geral da República pediu à Polícia Federal no ano passado que apurasse a atuação de agentes da PF e da Polícia Civil no caso. Esse foi o inquérito concluído agora, resultando num relatório de 600 páginas.
Segundo a investigação da PF, Ferreira pode ser preso por falso testemunho. Cabe agora ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) apresentar ou não uma denúncia contra o policial militar.
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