Polícia prende por acaso piloto que levou líderes do PCC para morte no Ceará

Policiais da Delegacia Estadual de Investigação Criminal de Goiás (Deic) não sabiam, mas prenderiam na tarde desta segunda-feira, 14, a peça-chave para entender a morte do segundo principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), em fevereiro deste ano, no Ceará. Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e o comparsa Fabiano Alves de […]

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Policiais da Delegacia Estadual de Investigação Criminal de Goiás (Deic) não sabiam, mas prenderiam na tarde desta segunda-feira, 14, a peça-chave para entender a morte do segundo principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), em fevereiro deste ano, no Ceará. Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e o comparsa Fabiano Alves de Souza, o Paca, foram atraídos para uma área indígena próxima de Fortaleza e executados. Segundo o Ministério Público, os dois estariam desviando dinheiro da facção e por isso foram cobrados. O piloto que transportou as vítimas e os assassinos até o local seria Felipe Ramos Morais, de 31 anos, que logo depois das mortes, desapareceu.

Também em fevereiro, em Anápolis, a família de um piloto que estava desaparecido registrou um Boletim de Ocorrências (BO). Os policiais começaram a investigar o caso, que a principio se tratava de um desaparecimento. Mas denúncias de um piloto que estaria envolvido com o tráfico na região surgiram e o curso da investigação mudou. Tanto que pelo menos 12 policiais fortemente armados foram atrás de pistas do que parecia ser mais um caso de narcotráfico em Goiás, um dos estados considerados a rota para o percurso das drogas que vêm da Bolívia, Colômbia e Paraguai – a chamada Rota Caipira.

“Pensei que ia achar um piloto e acabei achando outro”, conta, ao Dia Online, o titular da Deic, Valdemir Pereira da Silva. Uma das pistas – de que um piloto que estaria trazendo drogas do Paraguai para Goiás rondava o município turístico Caldas Novas – levou à ação que encontrou Felipe, em um condomínio de luxo.

O piloto mesmo assumiu que foi contratado para fazer o transporte dos integrantes da facção criminosa. Conforme investigação da polícia cearense, piloto e um copiloto teriam simulado a pane de um helicóptero no percurso entre Ceará – onde a dupla passava a Quarta-Feira de Cinzas com a família – até a Bolívia. Em uma aldeia, o pouso terminou com Gegê e Paca mortos. Primeiro, foram torturados. Depois, mortos a tiros.

Em Goiás, Felipe Ramos Morais costumava se apresentar com uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) falsa. Ele disse que utilizava o documento falso para despistar homens ligados a facções criminosas que estariam em sua busca depois que ele participou das mortes dos integrantes do PCC. “Eles chegaram a procurar meu advogado”, disse.

Felipe responde na Justiça por tráfico de drogas e não teria autorização para pilotar avião, conforme disse o delegado Valdemir Silva. “Não tenho mais informações porque são a Polícia de São Paulo e do Ceará que investigam ele”. O criminoso foi levado para o Núcleo de Custódia, onde ficam criminosos de alta periculosidade.

“Já fizemos a comunicação informal às autoridades do Ceará e eles devem buscá-lo nos próximos dias”, informou, sem querer contar para a reportagem quem é o piloto desaparecido que levou a polícia a prender a peça que faltava para entender a dinâmica do assassinato de um dos maiores traficantes do Brasil. “Não posso falar. Pode atrapalhar as investigações”, disse, antes de desligar o telefone.

 

ElPaís // Foto:  Jeferson Santos 

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