PF indicia Mantega, Palocci e Coutinho por corrupção no BNDES
A Polícia Federal indiciou sete pessoas, entre elas os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, o empresário Joesley Batista, da JBS, e o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Luciano Coutinho, por supostas operações ilícitas na instituição financeira. Relatório final da Operação Bullish, com as conclusões sobre o caso, […]
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A Polícia Federal indiciou sete pessoas, entre elas os ex-ministros da Fazenda Guido Mantega e Antonio Palocci, o empresário Joesley Batista, da JBS, e o ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Luciano Coutinho, por supostas operações ilícitas na instituição financeira.
Relatório final da Operação Bullish, com as conclusões sobre o caso, foi enviado nesta quinta (23) à Justiça. Com base no documento, o MPF (Ministério Público Federal) decidirá se oferece denúncia contra os envolvidos.
Segundo o inquérito, os ex-ministros da Fazenda receberam propinas para viabilizar a compra de ações e a liberação de financiamentos às empresas da J&F, holding que controla a JBS. O objetivo era capitalizar o grupo em seu projeto de internacionalização.
As operações superaram os R$ 10 bilhões em governos do PT e teriam provocado rombo de cerca de R$ 1 bilhão. Em sua delação premiada, Joesley disse que pagou subornos a um amigo a Mantega por meio de um de seus amigos, o empresário Victor Sandri, para conseguir operações no BNDES na gestão de Coutinho. O valor teria superado os R$ 100 milhões.
A Mantega, os investigadores atribuem crimes de gestão fraudulenta, formação de quadrilha, corrupção passiva e patrocínio de interesses privados na administração pública.
A PF sustenta que ele atuou como agente duplo, gerenciando projetos das empresas de Joesley e, ao mesmo tempo, implementando as políticas governamentais que viabilizaram esses projetos.
Palocci recebeu R$ 2,5 milhões da JBS por meio de sua empresa de consultoria, a Projeto. Esse dinheiro, segundo a leitura dos investigadores, foi uma contrapartida para que ele intermediasse interesses da JBS no governo.
Ao ex-ministro, atualmente preso pela Lava Jato, os investigadores imputaram os delitos de corrupção passiva e lavagem.
Joesley foi indiciado por gestão fraudulenta, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
De acordo com o relatório, Luciano Coutinho assumiu o BNDES para dar continuidade a um ciclo de pagamento de propinas inaugurado na gestão de Mantega. O documento ressalta que os aportes feitos pela instituição nas empresas da J&F eram muito superiores ao necessário para o projeto de internacionalização.
O indiciamento dele é por gestão fraudulenta, corrupção passiva, formação de quadrilha e patrocínio de interesses privados na administração pública.
Os outros implicados são Victor Sandri (quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro), o ex-executivo do BNDES Caio Marcelo de Medeiros (gestão fraudulenta) e o empresário Gonçalo Ivens Ferraz (quadrilha, corrupção ativa e lavagem).
A reportagem não conseguiu contatar nesta quinta as defesas de Mantega, Palocci, Sandri e Ferraz.
O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho manifestou, em nota de sua assessoria, “total surpresa” em relação ao indiciamento. Ele reiterou que “todos os seus atos e procedimentos frente à administração pública sempre foram pautados pelo rigor de conduta, integridade, impessoalidade e respeito à lei”. Acrescentou que não teve acesso ao relatório da PF e que aguarda o desenrolar das investigações “com tranquilidade”.
A defesa de Joesley ressaltou que a investigação contou com a colaboração do empresário. “Além do conteúdo trazido no acordo firmado com o Ministério Público, o colaborador apresentou nesse inquérito detalhes de todos os fatos ilícitos dos quais tinha conhecimento”, afirmou, por escrito, o advogado André Callegari.
“Mais de 10 horas de depoimentos foram prestados por Joesley à PF e todas as provas requisitadas foram apresentadas, cumprindo integralmente sua parte no acordo de colaboração. Espera-se que, passada a fase policial, o Ministério Público igualmente cumpra com as obrigações assumidas”, acrescentou.
A advogada de Caio Medeiros, Flavia Rahal, disse que só vai se pronunciar depois que tiver acesso ao relatório da PF.
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