Para desembargador, declarações de Cabral não foram desabafo

O desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da segunda região, negou nesta terça-feira (24) o pedido de liminar feito na segunda (23) pela defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral que queria impedir a transferência dele pra um presídio federal.

Mais cedo, Abel pediu ao juiz Marcelo Bretas o vídeo do interrogatório conduzido por ele com Sérgio Cabral, no qual aceitou a transferência do ex-governador do PMDB para um presídio federal.

No despacho, o desembargador afirmou que as declarações de Cabral sobre a família de Bretas no depoimentos não foram apenas um desabafo, como alegou o pedido de liminar da defesa do ex-governador.

“Assim, o que se observa da audiência, é que de fato o paciente (Sérgio Cabral) não só referiu dados da vida pessoal do Magistrado, como expressamente e em bom som, disse que foram ‘informações que lhe chegaram’, sendo claramente notável da postura e tom adotados na audiência que vi e revi na mídia requisitada ao Juiz Federal impetrado, o cunho de constranger a autoridade Judiciária Federal”, escreveu Abel Gomes.

E continuou: “Mas não foi só isso o que se viu. O paciente claramente enfrentou o juiz intimoratamente por diversas vezes, num primeiro momento insinuando que todo o processo e o ato realizado seriam um grande ‘teatro’, culminando por dizer, claramente, que a atuação do Magistrado se dava pelo sentimento pessoal de se autoprojetar publicamente, como a prevaricar no exercício de sua função, isso perante diversas pessoas presentes ao ato judicial”. Abel Gomes lembrou ainda de notícias relacionadas a regalias que Cabral teria no presído em Benfica.

Juiz busca projeção pessoal, diz Cabral em audiência

O interrogatório foi marcado por tensão e discussões ásperas. O ex-governador disse que o Ministério Público Federal (MPF) faz um teatro, que está sendo injustiçado e chegou a dizer que Bretas — através da denúncia — busca projeção pessoal. O magistrado rebateu.

Justiça nega liminar contra transferência de Cabral a presídio federal

Com o clima quente, o interrogatório chegou a ser suspenso por cinco minutos e recomeçou mais calmo. Antes, Cabral resumiu a denúncia como “um roteiro mal feito de corta e cola”.

“Eu estou sendo injustiçado. O senhor (juiz) está encontrando em mim uma possibilidade de gerar uma projeção pessoal, e me fazendo um calvário, claramente”, reclamou o ex-governador.