O Espírito Santo vive uma onda de violência

Um adolescente com deficiência física foi morto a pauladas no bairro Vila Prudência, em Cariacica (ES), nesta quarta-feira (8). Júlio dos Reis, de 17 anos, teria sido confundido com um ladrão e linchado na rua, segundo relatos ouvidos pela sua avó.

O Espírito Santo vive uma onda de violência desde o último sábado (4), quando familiares de PMs começaram a protestar bloqueando as saídas dos batalhões. Desde então, já foram registradas 106 mortes violentas no estado, segundo o Sindicato da Polícia Civil.

A avó de Júlio disse que a morte do neto ainda não foi explicada com clareza, mas ela ouviu o relato de uma moradora do bairro sobre como as agressões aconteceram.

“Parece que ele tinha ido no bairro falar com o pastor. Só que na hora em que ele estava chegando, alguém gritou ‘pega ladrão' e começaram a bater nele. Meu neto é especial, tem uma malformação no cérebro. Ele nunca foi preso, nunca usou droga nem nada. Era inocente. Foi um linchamento”, disse dona Penha, de 65 anos.

Após ser agredido, o jovem foi socorrido pelo irmão mais velho. Ele foi levado para o Hospital São Lucas em , mas não resistiu e morreu nesta quarta.

Júlio morava no bairro Flexal I e foi criado pela avó, porque a mãe tem problemas de saúde.

“Eu criei esses meninos todos. O Julinho eu tomei conta desde sempre. A minha filha tem um monte de problemas, aí eu peguei a tutela deles. Júlio era um menino tímido, não gostava de falar muito por causa da deficiência”, contou a avó.

Negociações e reforço da segurança

Os manifestantes em portas de quartéis pedem reajuste salarial para os PMs, que são proibidos de fazer greve. O governo diz não ser possível atender o pedido e acusa algumas lideranças movimento de fazer chantagem.

Uma reunião na quarta entre os manifestantes e o governo do estado terminou sem acordo.

O governo federal anunciou o envio de mais 550 homens das Forças Armadas e 100 da Força Nacional, composta de militares de outros estados. Eles vão se juntar aos mil militares do Exército e 200 policiais da Força Nacional que atuam no Espírito Santo desde o início desta semana.