Campanha contra cultura do estupro toma conta das redes

Uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos

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Uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos

A cultura do estupro no país é tão nítida que é fácil ver vítima virar culpada. Em vez da solidariedade, muitos apedrejam quem sofreu a violência, e sem pudor algum culpam-na por vestir roupas inadequadas, por ir a lugares que não deveria, e diversas são as desculpam que livram a cara de quem cometeu o crime para fazer da vítima, culpada.

Em meio a essa inversão de valores, a quem pense diferente, provando que nem tudo está perdido. E após o estupro coletivo que aconteceu no Rio nesta semana, considerado o caso mais grave já ocorrido no Brasil, conforme a cientista social e diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), organização não governamental (ONG), Samira Bueno, uma forte campanha nas redes sociais colocam o assunto na mídia.

No WhatsApp, no facebook, ou no Twitter este é o assunto que mais se fala: a cultura do estupro. Em um post no facebook, uma internauta diz: “esse episódio do estupro coletivo mostrou a força e a capacidade rápida de reação dessa rede feminista que vem se alastrando nos últimos dois anos pela net, impulsionada por páginas, coletivos e campanhas. Em questão de horas, as manas espalharam a notícia, encaminharam a denúncia, conseguiram apoio legal para a família da vítima, derrubaram os perfis que divulgaram o crime, orientaram sobre não espalhar as imagens e ainda pautaram a grande imprensa, que até ontem estava calada sobre a barbárie. O governo do Estado está pressionado e vai ter que agir. Enquanto isso, os homens perdidos, envergonhados, buscando palavras, desculpas, vergonhas. Percebem como vocês estão f…dos? Somos um bonde sem freio, vai ter mulher briguenta sim, vocês vão ser constrangidos sim, vai ficar cada vez mais difícil para vocês sim. DEMOROU FORMAR”

Outra internauta critica o fato de algumas pessoas terem apontado o dedo para a vítima, por ser menor, e mão d euma criança. “A novinha é uma criança! Não perpetue a ‪#‎culturadoestupro‬ , reflita, encha- se de atitudes positivas e empodere-se de conhecimento! Diga não aos compartilhamentos de pornografias, piadas machistas. Se você assim o faz, é sim um militante da #culturadoestupro . Pode ser com sua filha, sua mae, sua irmã! Quebre o ciclo! Pais e maes, ensinem a seus filhos o poder da empatia! Não à misoginia! Somos todos seres humanos e merecemos respeito!”.

Episódio chocante

A cientista social e diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública lembra que, até então, o episódio mais chocante havia sido o das quatro meninas do Piauí. No caso carioca, disse Samira, além da quantidade de agressores, choca o fato de nenhum dos envolvidos ter tentado impedir a violência e “ainda terem postado o vídeo nas redes, se orgulhando do que fizeram”.

“O que chama a atenção é a brutalidade em pensar que mais de 30 homens estupraram a adolescente e nenhum deles, em momento algum, tentou impedir”, disse ela, que ressalta ainda o aspecto cultural da violência. “O estupro está vinculado à cultura machista e misógina, que entende que os homens têm direito de ferir a mulher.”

As estatísticas das Secretarias de Segurança Pública de todo País, reunidas pelo FBSP, mostram que mulheres de diferentes classes e raças são violentadas, “embora as negras sejam as principais vítimas letais”, segundo a cientista social.

Uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos, segundo estatística recolhida pela FBSP. Como apenas de 30% a 35% dos casos são registrados, é possível que a relação seja “de um estupro a cada minuto”, de acordo com Samira. Ao todo, no Brasil, 47,6 mil mulheres foram estupradas em 2014, última estatística divulgada. No Estado do Rio, foram 5,7 mil casos.

Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão vinculado à Secretaria de Segurança do Estado, revelam 507 queixas de estupro na cidade do Rio, neste ano. O número é 24% inferior ao de igual período (janeiro a maio) de 2015, quando houve 670 registros. Na região da 28.ª Delegacia de Polícia, que inclui a Praça Seca, onde aconteceu o estupro coletivo, foram registrados 20 casos em 2016.

(Com informações da Folha de S.Paulo)

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