Oito mil marcham contra a redução e prometem ato maior
O ato foi organizado simultaneamente em vários estados
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O ato foi organizado simultaneamente em vários estados
Os termômetros marcavam 18°C na Avenida Paulista no fim da tarde desta terça-feira (7). Mas a chuva fina e o vento gelado que atingiam a região faziam com que a sensação térmica fosse bem menor do que essa. “Até com esse tempo esse povo faz protesto?”, questionou um senhor elegantemente vestido com um sobretudo preto ao passar pelo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Lá estavam reunidos os manifestantes, a maioria jovens, que logo seguiriam em marcha até a região central de São Paulo protestando contra o projeto de redução da maioridade penal.
O ato foi organizado simultaneamente em vários estados, principalmente através das redes sociais, por diferentes coletivos estudantis e movimentos sociais, incluindo Levante Popular da Juventude, Coletivo Juntos, Marcha de Mulheres Negras, UJS, RUA, UPES, UBES, UEE, Anel, Movimento de Ação Popular, Periferia em Movimento, Jornalistas Livres, Território Livre e Núcleo de Consciência Negra.
A concentração começou por volta das 17h30 no vão livre do Masp e todos saíram em caminhada após o anúncio de Lira Alli, do Levante Popular da Juventude. “Nosso ato é pacífico. Por que sabemos que o violento é o Estado, que deixa nossas crianças sem educação e, como resposta, propõe a redução. O microfone vai estar aberto para quem quiser falar. Novamente, nosso ato é pacífico, mas com luta, pois acreditamos que é o povo na rua que mostra a política e não o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), com seus golpes no Congresso”, disse.
Cantando palavras de ordem contra o PL 171/93, os manifestantes partiram em direção à Rua da Consolação e desceram até a Praça Roosevelt, palco frequente de intervenções artísticas, debates e manifestações pela defesa dos Direitos Humanos. Durante o trajeto, Cunha, um dos grandes defensores da proposta, foi o principal alvo. Junto a “Não à redução”, “Fora Cunha”e “Cunha golpista” foram alguns dos gritos mais bradados. Os deputados conservadores Marco Feliciano (PSC) e Jair Bolsonaro (PP) foram outros que receberam críticas.
De acordo com os organizadores, mais de 8 mil pessoas participaram da passeata. No início dela, a Polícia Militar (PM) havia estimado o número em 1 mil. Muitos policiais, por sinal, acompanharam todo o percurso ao lado dos participantes, mas, diferente do que ocorreu em situações anteriores na capital, não houve repressão.
Conforme o combinado, o protesto foi encerrado por volta das 20h nas escadarias da praça. Os jovens presentes levantaram um bandeirão com mensagens contra a redução, aplaudiram a realização do ato completamente pacífico e prometeram realizar outro, já marcado para o próximo dia 13, “ainda maior”.
No Rio de Janeiro, a mobilização aconteceu na Praça Pio X, em frente à Igreja da Candelária; em Brasília, na Praça dos Três Poderes, em frente ao Congresso; e, em Porto Alegre, na Praça Montevideo, em frente ao prédio da Prefeitura.
Redução e a “manobra” de Cunha
Em uma decisão apertada, o plenário da Câmara dos Deputados rejeitou na madrugada do dia 1° de julho, quarta-feira, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal para 16 anos em caso de crimes graves. Para ser aprovado, o texto precisava de 308 votos favoráveis, mas recebeu 303. Cunha, no entanto, conseguiu reverter a decisão rapidamente. À noite, ele colocou em votação uma alternativa um pouco mais branda, que incluía um número menor de crimes, e conseguiu aprovar a medida na madrugada de quinta.
Para ser aprovada, a PEC precisa ter o texto idêntico, sem nenhuma alteração, aprovado na Câmara e também no Senado, por 60% dos parlamentares, em dois turnos. Discussões sobre o tema na Casa presidida por Renana Calheiros (PDMB) devem ser iniciadas ainda nesta semana.
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