Novo presidente da Petrobras precisa reestruturar a empresa, dizem especialistas

Forman ressaltou que o governo buscou para o cargo alguém ligado a ele

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Forman ressaltou que o governo buscou para o cargo alguém ligado a ele

O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, tem pela frente uma tarefa árdua, e não vai conseguir fazer mudanças na situação difícil por que passa a empresa, apenas com a sua chegada, afirma o ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e consultor John Forman. Para ele, o momento é de avaliar a estrutura da Petrobras e reforçar os objetivos da estatal.

“É árdua a tarefa. Não é ele sozinho que chega lá e tudo muda. Ele tem que trabalhar nas estruturas internas da empresa para que elas sejam alinhadas a um objetivo comum”, disse Forman à Agência Brasil.

Forman ressaltou que o governo buscou para o cargo alguém ligado a ele, quando o ideal seria ter indicado alguém identificado com uma empresa como a Petrobras, que pertence a um setor específico da economia. Ainda assim, ponderou que a companhia precisa de um bom gestor. “Tecnicamente, a Petrobras é ótima, não é esse o problema. Não estamos falando de técnica, estamos falando de gestão. Pode ter um excelente técnico que é um péssimo gestor e pode ter um excelente gestor que não é um técnico excepcional. As duas coisas não se substituem”, disse o consultor.

Ele comparou o cargo ao de um maestro. “Em uma grande empresa como a Petrobras, a figura de um presidente é igual à de um maestro em uma orquestra. Os músicos, mesmo que excelentes, se não tiverem uma pauta e não seguirem o maestro, vão produzir barulho e não música.”

Forman destacou que  o fato de quatro diretores serem indicados interinamente para os cargos mostra que há possibilidade de não serem confirmados nas funções. “A autoridade deles fica questionada desde o primeiro momento. Se eu sou bom e confiável, eu sou nomeado, e não como interino”, acrescentou. Para ele, na prática, o que o mercado quer é que a empresa opere de maneira adequada.

Já o professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em energia Ernani Torres disse que a expectativa do mercado, neste momento da saída da antiga diretoria, que classificou de “dramático”, era tentar resolver o destino da empresa e ver qual a sinalização dada pelo governo.

“A colocação de duas pessoas do Banco do Brasil, a despeito das qualidades deles, mostra uma tentativa muito intragoverno de resolver, e não alguma coisa mais robusta de dar uma resposta ao mercado. O que se percebe no comportamento das bolsas de valores, hoje, é que houve uma frustração em que o governo desse uma resposta mais contundente. O governo perdeu esta oportunidade”, afirmou Torres, em entrevista à Agência Brasil.

Para ele, uma das primeiras tarefas do novo presidente da Petrobras será definir os níveis de investimento e como a empresa vai se ajustar aos novos preços de mercado e como eliminará os focos de corrupção e de desvios que foram divulgados. “Bendine tem uma agenda monumental a curto e médio prazos para ninguém botar defeito.”

Torres disse esperar que a empresa não reduza os preços dos combustíveis, agora que os preços dos barris de petróleo estão mais baixos. A mesma análise tinha sido defendida pela então presidenta da Petrobras, Graça Foster, em entrevista no dia 29 de janeiro. “É razoável que passe um tempo e deixe a Petrobras carregar as baterias, até porque ela precisa dar resultado bom para melhorar sua situação no mercado. Eventualmente, talvez no final do ano, possa usar isso como calibragem. Agora, está na hora de os preços ajudarem o caixa da Petrobras, que é muito importante para o Brasil”, concluiu.

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