Nestor Cerveró é preso pela PF no aeroporto Tom Jobim

Ex-diretor da área Internacional da Petrobras é acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro

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Ex-diretor da área Internacional da Petrobras é acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi preso pela Polícia Federal, pouco depois da 0h30m desta quarta-feira, no Aeroporto Internacional Tom Jobim, vindo de Londres. Após ser retirado de dentro de uma aeronave que vinha de Londres para o Rio, ele foi encaminhado para uma sala da Polícia Federal no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio, de onde foi encaminhado para a delegacia da PF de Curitiba, onde estão presos os outros investigados na Operação Lava Jato.

No aeroporto, passageiros que estavam na mesma aeronave que Ceveró relataram que o ex-diretor da Petrobras estava na primeira classe e foi detido antes de desembarcar. Em nota divulgada nesta madrugada, o MPF (Ministério Público Federal) informou que foi cumprido um mandado de prisão preventiva, já que “há indícios de que o ex-diretor continua a praticar crimes e se ocultará da Justiça”

A nota do MPF relata que nesta terça-feira foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de Cerveró e de parentes, “em função de seu envolvimento em novos fatos ilícitos relacionados os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro que foram denunciados recentemente, como a ocultação do produto e proveito do crime no exterior, e pela transferência de bens (valores e imóveis) para familiares”. Além disso, diz o MPF, há evidências de que ele tentará frustrar o cumprimento de penalidades futuras.

O MPF assegura ter obtido informações do COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) de que logo após o recebimento da denúncia e durante o recesso do Judiciário, que o ex-diretor tentou transferir para sua filha meio milhão de reais – mesmo considerando que com tal operação haveria uma perda de mais de 20% da aplicação financeira. Cerveró também transferiu recentemente, conforme noticiou o Globo, três apartamentos adquiridos com recursos de origem duvidosa, em valores nitidamente subfaturados: há evidências de que os imóveis possuem valor de mais de R$ 7 milhões, sendo que a operação foi declarada por apenas R$ 560 mil.

O MPF encerra a nota justificando que “a custódia cautelar é necessária, também, para resguardar as ordens pública e econômica, diante da dimensão dos crimes e de sua continuidade até o presente momento, o que tem amparo em circunstâncias e provas concretas do caso”.

O advogado de defesa de Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, disse em entrevista à GloboNews ‘estranhar’ a decisão da Justiça de prender seu cliente, já que, segundo ele, Cerveró havia combinado com o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro que prestaria depoimento na quinta-feira e seria citado na sexta-feira. De acordo com o advogado, Cerveró havia informado ao MPF-RJ e à Justiça Federal que faria uma viagem para Londres.

Nestor Cerveró se tornou réu no processo da Operação Lava Jato em dezembro, quando foi denunciado pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF) por lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Além dele, foram denunciados Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido por Fernando Baiano, o doleiro Alberto Youssef e o empresário Julio Gerin de Almeida Carmargo, da Setal Engenharia.

Cerveró é suspeito de participar de um grande esquema de corrupção na Petrobras, desviando recursos de contratos da área Internacional para abastecer políticos do PMDB, que o indicaram para o cargo. O operador do esquema na área seria Fernando Baiano e o doleiro Youssef, que lavavam até 3% de todos os contratos do setor, repassando o dinheiro para campanhas políticas do PMDB.

Segundo o Ministério Público Federal, Cerveró recebeu R$ 40 milhões de propina, em dois contratos para construção de navios sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento foi relatado pelo executivo Julio Camargo, da Toyo Setal, que fez acordo de colaboração com a Justiça.

O ex-diretor da abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também citou Cerveró, no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, em outubro, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

Segundo o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou prejuízos de US$ 792 milhões. Durante uma acareação com o ex-diretor de abastecimento, na CPI mista, em dezembro, Cerveró negou as acusações.

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