A vítima identificada como Cléber Adriano Machado Ouriques tinha 38 anos e morreu no local

Um caminhoneiro que furou o bloqueio de seus colegas em uma estrada do sul neste sábado (28) atropelou e matou um dos manifestantes, que há 11 dias mantêm interrompidas as principais vias em contra o aumento do preço do diesel, além de pedirem aumento no preço dos fretes.

O incidente, segundo a Polícia Rodoviária, ocorreu na manhã deste hoje na via BR-392, no município de São Sepé, a 265 quilômetros do Porto Alegre, onde prosseguem os protestos apesar do acordo entre o governo e transportadores.

A vítima, que morreu no local, foi identificada como Cléber Adriano Machado Ouriques, de 38 anos, enquanto o caminhoneiro responsável pelo atropelamento fugiu e é procurado pela polícia.

De acordo com as autoridades, o atropelamento ocorreu depois que o caminhoneiro não quis atender ao pedido dos colegas e acelerou seu veículo, então Ouriques e outros manifestantes decidiram segui-lo durante 10 quilômetros em um automóvel comum.

Após ultrapassar o caminhão, os manifestantes desceram do automóvel e ficaram no meio da via para que seu colega parasse, mas este não reduziu a velocidade e terminou atropelando Ouriques.

Na sexta-feira (27), a Via Dutra, a principal estrada entre São Paulo e Rio de Janeiro, foi bloqueada durante uma hora por caminhoneiros.

Perante os problemas de abastecimento que provocaram os bloqueios, o governo pediu na quinta-feira (26) que a Polícia Rodoviária aplique multas determinadas um dia antes pela Justiça e cujo propósito era liberar algumas estradas do país dado o acordo entre as transportadoras e as autoridades.

Após mais de dez horas de negociações, o Executivo e os representantes dos caminhoneiros acordaram um pacote de medidas que incluem a renegociação das dívidas do setor e o compromisso da Petrobras para não aumentar o preço do diesel nos próximos seis meses, entre outros pontos.

O governo se comprometeu igualmente a sancionar, sem vetos, a chamada Lei dos Caminhoneiros e a Justiça determinou, depois do acordo, a proibição de bloqueios nas estradas federais.

A citada lei, que estabelece regras e regula a profissão de caminhoneiro, foi aprovada em 11 de fevereiro pelo Congresso e espera agora a sanção “integral” da presidente Dilma Rousseff, segundo apontou na quarta-feira o secretário-geral da presidência, Miguel Rossetto.

Além do compromisso para não elevar o preço do combustível, Rossetto assinalou que serão as próprias entidades do setor as encarregadas de elaborar a tabela que define o valor cobrado pelos fretes.

Da mesma maneira, o ministro disse que o governo permitirá que os caminhões que transitem vazios ou com eixos suspensos não pagarão a tarifa do pedágio total aplicada atualmente.

No entanto, apesar do acordo, vários grupos de caminhoneiros, mobilizados por sua própria conta e sem a convocação dos grêmios, mantiveram, neste sábado, bloqueios em 24 estradas federais e 51 pontos de 27 vias no Rio Grande do Sul.

A Secretaria-Geral da Presidência da República lamentou a morte de Ouriques, por meio de nota oficial, e prestou solidariedade a familiares e amigos da vítima. “O governo federal reforça o compromisso e a disposição para o dialogo. As propostas anunciadas nesta semana em reunião, em Brasília, entre representantes dos caminhoneiros, empresários e governo são o caminho para a normalização das rodovias”, diz ainda a nota.