Pular para o conteúdo
Transparência

Denúncia no MPMS antecipou Bluetrix como vencedora de licitação na Funtrab com aplicativo MS Contrata+

Fundação já pagou R$ 5,2 milhões por aplicativo comprado sem licitação usando decreto da pandemia de Covid-19
Arquivo -
Imagem ilustrativa
Imagem ilustrativa

Um processo licitatório de R$ 5,9 milhões na (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) teve o resultado anunciado antecipadamente em denúncia de direcionamento que está há mais de um mês no MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul).

Os documentos, aos quais o Jornal Midiamax teve acesso, avisaram que a Bluetrix Tecnologia foi favorecida para fornecer o aplicativo MS Contrata+ desde o processo de dispensa da licitação, aberto em 2020, até o pregão realizado em 13 de setembro de 2021. A Bluetrix não só venceu, como foi a única concorrente, exatamente como anunciado antes pelos autores da denúncia.

Reinaldo de Andrade Silva, atual proprietário da Bluetrix, já foi sócio da Imagetech Tecnologia em Serviços, umas das 3 empresas de informática que funcionam no mesmo endereço em Campo Grande. Em resposta à reportagem, ele disse desconhecer a denúncia, mas afirmou que a empresa não tem ‘nenhuma relação com elaboração de quaisquer documentos de Estado’.

Edital sob medida para aplicativo suspeito

Além disso, a denúncia aponta indícios de que a compra do aplicativo seria, na verdade, uma forma de desviar a verba que deveria ser usada para ajudar os desempregados a arrumarem nova ocupação em Mato Grosso do Sul.

O software previsto no contrato milionário em MS não teria uso muito além de organizar a chamada de senhas nas unidades da Funtrab e teria, inclusive, sido fornecido de graça em outros estados. Doação que teria sido feita apenas como estratégia para, em Mato Grosso do Sul, a empresa alegar que o aplicativo já funciona em outras localidades.

Para ‘esquentar’ a compra, até a elaboração do termo de referência teria passado pela mão da empresa. Segundo denunciado, o edital foi preparado de forma que a Bluetrix seria a única capaz de cumprir as exigências. Além disso, o diretor-adjunto da Fundação de Trabalho, João Cirilo Benites, que assina o termo de referência da licitação, foi quem emitiu um certificado que a empresa precisava para garantir vantagem na licitação.

De acordo com o Portal da Transparência (imagem acima), a Bluetrix aparece em extratos de R$ 5.227.500 na Funtrab, somando a primeira contratação, feita sem licitação e com recursos carimbados para o combate à pandemia de covid-19, e aditivo publicado em maio deste ano.

Agora, três meses depois, a Funtrab abriu a licitação para o mesmo objeto, conforme avisado pela denúncia. Novamente a mesma empresa venceu, também conforme denunciado antecipadamente. De fato, não só foi habilitada, como novamente a única participante. Em 13 de setembro, a Bluetrix Tecnologia venceu pregão para gerir o sistema da Funtrab por R$ 5,9 milhões.

O objeto, assim como na primeira vez, foi ‘contratação de empresa especializada para fornecimento de sistema de registro e comunicação multipropósito para identificação de vagas de trabalho, seleção de trabalhadores, promoção de capacitação e atendimento de necessidades.

Dados ‘requentados’ do Sine e pregões ‘a jato’

Na primeira contratação, em 30 de novembro de 2020, havia exigência de a licitante ser habilitada pelo Ministério da Economia, no âmbito das ações do Sine (Sistema Nacional de Emprego), por meio do projeto Sine Aberto. O mecanismo autoriza o compartilhamento de banco de dados do sistema com empresas e pessoas de direito privado, entre outras, que exerçam intermediação de mão de obra.

Três empresas chegaram a participar da cotação inicial, mas somente a Bluetrix obteve autorização para usar o sistema com dados públicos do Sine, o que teria sido colocado no termo de referência para que outras interessadas não pudessem concorrer. 

A vencedora, então, foi a única que aderiu ao procedimento de dispensa de licitação, aberto às 8h59 e fechado às 16h, em 11 de novembro passado, enquanto as outras duas que inicialmente demonstraram interesse, não participaram.  A mesma agilidade foi verificada no pregão eletrônico, de setembro.

Algo que seria incomum em concorrências desta natureza, tanto em relação ao preço quanto ao serviço, foi a rapidez com que a disputa de preços foi concluída. A negociação direta com a Bluetrix abriu às 9h16 e, às 9h38, a proposta já estava classificada. A pressa seria manobra para evitar que mais empresas pudessem aderir ao pregão eletrônico.

Funtrab rápida para pagar

Outro ponto levantado foi a rapidez no repasse de dinheiro à empresa. O primeiro empenho foi em 1º de dezembro de 2020, um dia depois da assinatura do contrato — R$ 360.116 teriam sido pagos no mesmo mês, em um contrato assinado em poucos dias.

Segundo servidores efetivos do órgão estadual, a prática não costuma ser adotada na Funtrab. Há informação de empresa contratada para outro serviço, por exemplo, que estaria sem receber da Fundação do Trabalho já há pelo menos 3 meses. A situação gera revolta entre os servidores de carreira que atuam no órgão e assistem ao que chamam de ‘uso político do orçamento privilegiando indicados políticos’.

Segundo os efetivos, seriam os nomeados os principais implicados na operação do suposto esquema. A pessoa responsável por executar os pagamentos, por exemplo, teria indicado um membro da família para conseguir emprego em empresa fornecedora do órgão.

Denúncia no MPMS: mais de um mês antes e prorrogação

A notícia de fato, como é oficialmente chamada uma denúncia recebida pelo Ministério Público, chegou ao MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) mais de um mês antes de a licitação ser realizada exatamente nos moldes anunciados. Apesar de todo detalhamento, no entanto, a única movimentação no procedimento foi uma prorrogação, feita 37 dias após o recebimento. Assim, o promotor tem mais 90 dias para ‘concluir a notícia de fato’ e, só então, decidir se abre inquérito ou arquiva.

As denúncias implicando os contratos de informática com o Governo de MS não são novidade e já foram alvo de operação da Polícia Federal. Mesmo assim, em âmbito estadual o MPMS firmou um TAC e enterrou ação proposta em 2017 para conter a terceirização no setor de TI (Tecnologia da Informação) no Estado. 

A reportagem procurou o diretor-presidente, por WhatsApp e telefone, assim como servidora apontada com vínculo de parentesco na empresa, mas não obteve retorno. A Funtrab e a empresa também foram acionadas por e-mails, não respondidos até o fechamento deste texto. O espaço continua aberto para manifestação.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Paraguai está sob alerta de fortes chuvas na região de fronteira

Copa do Brasil Feminina tem confrontos da primeira fase definidos

VÍDEO: Previsão se cumpre e Dourados registra temporal com alerta de mais chuvas

Caminhoneiro é preso com 36 Kg de cocaína e haxixe que levaria ao RJ

Notícias mais lidas agora

Disputa por R$ 10 milhões: área doada para megaindústria chinesa BBCA está abandonada

onça atacou gato

Foi onça ou não? Marcas de mordida indicam predador de gato atacado em cidade de MS

Midiamax renova tecnologia de LED com painel na principal avenida de Dourados: ‘Pioneirismo’

Disney anuncia parque temático em Abu Dhabi, o primeiro no Oriente Médio

Últimas Notícias

Trânsito

VÍDEO: motorista de MS cai com carreta no Rio Paraná

Algumas pessoas estavam próximas à margem no momento do ocorrido

Brasil

CMN simplifica uso de recursos da LCA por cooperativas de crédito

Decidiu simplificar o uso dos recursos captados por meio desses papéis

Le Blog Maria Antonia

Animação baseada em livro de Paul McCartney terá elenco estrelado

O lendário ex-Beatle Paul McCartney prepara um novo voo criativo com o filme de animação “High in the Clouds”, inspirado em seu próprio livro infantil de aventuras. A produção, que promete encantar públicos de todas as idades, contará com um elenco de vozes repleto de grandes nomes da música e do entretenimento. De acordo com … Continued

Brasil

AGU pede bloqueio de bens de mais 14 investigados por fraude no INSS

A medida atende a pedido da Controladoria-Geral da União