Na última quarta-feira (14), Campo Grande liberou o cadastro de grávidas e puérperas — mães que deram à luz recentemente — para vacinação contra . Mas a necessidade de apresentar um laudo médico autorizando a imunização faz as mulheres se dividirem entre a esperança e o receio da vacina. 

Apesar de muitas pessoas ainda terem conhecimento apenas do discurso de não recomendação da vacinação contra o coronavírus em gestantes, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aprova a imunização. A Organização destaca que é necessário considerar a vacinação mediante “discussão com o médico” da gestante. 

No mesmo sentido, no último dia 15, o Ministério da Saúde indicou que mulheres grávidas com alguma comorbidade prévia se vacinem contra a Covid-19. Mesmo assim, as dúvidas ainda rondam os pensamentos das gestantes, que almejam a imunização, mas tem receio. 

A pedagoga Gabriela dos Santos Gonçalves Paulino, de 35 anos, está na 29ª semana de gestação e já pode realizar o cadastro. Vivendo com medo desde o início da pandemia, recentemente preferiu se afastar do trabalho e ficar em casa isolada para se proteger do coronavírus. “Tive crises de Pânico, cheguei a sentir até falta de ar, quando ouvia casos de outras gestantes que não resistiram e vieram a falecer”, lembra. 

Com ela, moram as duas filhas e o esposo, que precisa trabalhar de forma presencial, mas toma cuidados minuciosos para proteger a família. Sobre a vacinação contra Covid-19, ela admite que ainda se sente insegura. “Pra falar a verdade não fiquei muito animada, tenho um pouco de receio”, explica. 

Doença nova, vacina nova e a pouca divulgação de estudos em gestantes fazem ela considerar não se vacinar neste momento. Para realizar o cadastro ela deveria pegar o laudo de autorização com o médico que acompanha a gestação. “Somente mês que vem tenho consulta, mas acredito que não irei vacinar agora”. 

Imunização e segurança 

Também com receio, outra pedagoga de 30 anos, Gabriela de Souza Lima, conta que acima de tudo ficou feliz quando soube do cadastro e vacinação em breve. “Na hora que soube da notícia fiquei feliz, porém logo me bateu um pouco de dúvida, até porque ainda não falei com meu médico sobre o assunto”. 

Apesar da insegurança inicial, a gestante que mora com o marido e a filha de cinco anos, pretende se vacinar. “O fato de se imunizar dá mais tranquilidade, esperança de criar minha bebê estando vacinada. O medo do contágio para ela é o que mais me assusta, para toda minha família, na verdade”, explica as motivações para a vacinação. 

“Creio que independente do que for falado, tomarei antes ou depois da gravidez. Então o correto a se fazer é tomar agora. Até porque nós gestantes tomamos tantas vacinas durante a gestação  porque não se precaver da Covid-19?”, deixa o recado para outras grávidas. 

Cuidar de si e do próximo

A auxiliar de limpeza, Mariane dos Santos Torres já segura sua bebê no colo há um mês e oito dias. Por ser puérpera de até 45 dias, ela pode se cadastrar para em breve se vacinar contra Covid-19. O medo também ronda a família e a mulher, que mesmo assim está decidida a se vacinar. 

“Confesso que estou comendo desta vacina, mas vai ser necessário eu me imunizar, porque volto a trabalhar em agosto”, comenta. Ela trabalha no Hospital Adventista do Pênfigo. 

A escolha de se vacinar mesmo com receio vem do medo de ser infectada novamente. Quando estava com sete meses de gestação, Mariane pegou Covid-19. “Foi bem difícil para mim, achei que ia perder minha bebê”, lembra com voz trêmula.

Assim, enquanto espera a vacinação, ela mantém os cuidados redobrados em casa. Com o marido trabalhando fora de casa e mais uma filha para cuidar, eles trocam as roupas das crianças várias vezes ao dia e mantém a higienização de todos os produtos que entram na residência.