Quer comprar um carro usado? Confira dicas para fazer bom negócio e evitar dor de cabeça
Quem é do ramo em Campo Grande faz recomendações para quem vai investir em um usado
Thalya Godoy –
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A compra de um usado pode ser uma boa opção para quem quer investir no primeiro veículo ou melhorar de carro, mas não tem dinheiro suficiente para um automóvel novo. O mercado de usados tem ganhado espaço no Brasil, especialmente após a pandemia, quando os preços no setor automobilístico dispararam.
Neste universo, é comum frases como “invista em carro que foi de mulher”, “olhe a quantidade de donos”, “fuja do modelo X e Y porque é furada”, “leilão é dor de cabeça”.
Será que é tudo isso mesmo? O Midiamax ouviu um mecânico e garagistas com décadas de experiência que deram dicas para quem quer comprar um veículo usado.
A primeira orientação de quem é do ramo é: verificar o histórico do carro, tanto na parte de manutenções mecânicas como de documentação. Muitos garagistas permitem que o interessado leve o automóvel até um mecânico de confiança para checar a situação do veículo, se há alguma peça que precisa ser trocada e evitar possíveis dores de cabeça.
“Tem que checar multa, documento, se o carro tem passagem por leilão, sinistro, se já foi batido ou não”, orienta o proprietário da Águia Veículos, Jair Garcia Vasconcelos, que está na área há 15 anos.
Mecânico há 43 anos, Roberval Caetano de Almeida, da oficina Bahia Car, explica que o cliente deve verificar se foram feitas manutenções preventivas. Geralmente, as garagens dão garantia de 90 dias para correia dentada, óleo do motor e filtro de óleo.
“Além disso, tem que levar em uma mecânica verificar barulho de câmbio, suspensão, lataria, verificar várias coisas e se não há problema no veículo que depois o cliente venha ter dor de cabeça com isso”, ressalta.
O profissional observa que muitas pessoas compram o carro e não querem gastar dinheiro com a manutenção do veículo, o que é um erro.
“Eu como mecânico sempre aconselho os clientes ‘você tá comprando carro, você tem a garantia da garagem?’ Tem que revisar a suspensão dianteira, por exemplo, e se tem um probleminha aqui na suspensão e a garagem não te der essa manutenção você tem o que foi combinado? Tudo tem que ser documentado. Você faz essa manutenção para depois não vir te dar problema e não provocar um acidente”, exemplifica.
Desconfie de preços muito baixos
Outra dica é desconfiar de preços muito abaixo de mercado para evitar cair em golpes. Quem é do ramo afirma que a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) é um bom norte, mas não é possível se basear somente nela para saber o valor de um carro.
Sites de vendas de carros podem ser aliados e oferecer uma boa base para tentar entender qual o preço médio de um veículo.
“As pessoas, na maioria das vezes, veem pelo preço, mas nem sempre é o melhor caminho. A gente tem que agregar o preço, não pode ser tão caro e se ele for barato tem que desconfiar. As pessoas colocam carro com valor A e a pessoa vê pelo preço e acaba entrando em situações difíceis”, alerta Cláudio Reis, da Central Veículos, que trabalha como garagista há 25 anos.
Carro de mulher vale a pena?
Não é raro que carros que pertencem a mulheres sejam anunciados como algo positivo e atrativo para compra por serem mais bem conservados. Mas será que é realmente vantajoso? Quem é da área afirma que é preciso analisar o histórico de uso e de revisões, como em qualquer outro caso, antes de fechar a compra.
Assim, o detalhe de ser carro de mulher não significa que pode ser um bom investimento a depender do caso.
“Hoje você tem que olhar e dizer se um carro é limpinho, cheiroso, organizado. Quilometragem também é importante. Hoje a gente não pode pegar um carro 2008 ou 2009 e achar que ele tem 30 mil km rodados. A média aqui em Campo Grande é de dez a 20 mil km por ano, é muito de como a pessoa usou”, orienta Cláudio Reis.
Carro de leilão é dor de cabeça?
A resposta entre os entrevistados pelo Midiamax é que depende. Geralmente, carros recuperados por bancos por inadimplência podem ser bons investimentos, ao contrário de automóveis que foram colocados a leilão por roubo ou sinistros, como acidentes e enchentes.
“O banco toma o carro da pessoa, é um carro quente, mas leilão de sinistro, não. Cai muito o preço do mercado e ninguém quer comprar porque o banco não faz o seguro e não financia 100%, só 70%”, explica Jair Vasconcelos.
O mecânico Roberval de Almeida pondera sobre a questão de veículos batidos no caso de pequena monta, quando os danos são pequenos e nem são registrados no documento.
“Um exemplo: o carro bate e danifica um para-lama ou se quebra o farol é pequena monta. Esse para-lama ou farol são arrumados e ficam direitinho no carro, entendeu? Agora batidas maiores que vêm a atingir a parte de mecânica, a parte de lataria, elétrica, desarme de airbag e alguma coisa, pode ser um carro de grande monta. Então, é um carro que praticamente você tem que desmontar inteiro para refazer. Por tudo que você faz, nunca fica um carro 100% como era. Bateu, nunca mais”, explica.
Veículos que passaram por enchentes são difíceis de recuperar completamente e podem apresentar problemas posteriormente, mesmo após passar pelo mecânico.
“A pessoa compra, arruma, mas fica probleminha porque molhou, secou, voltou a funcionar, mas muitas vezes cria alguma sujeirinha na parte elétrica que é normal criar. Então vai ter probleminhas, mau contato, alguma coisa para de funcionar, o alarme dispara, o airbag não funciona, acende as luzes no painel. Esses carros não têm como prever. O uso no dia a dia vai ser uma surpresa”, alerta.
“Fuja de tais modelos”
Quem vai investir em um carro usado ouve às vezes que um modelo pode ser ruim. Fiat Marea e automóveis da Peugeot, por exemplo, têm fama de serem “bombas”, ou seja, vão viver mais na mecânica do que com o dono.
Contudo, quem é da área afirma que todos os carros sempre possuem donos que são verdadeiros “fãs”. Assim, é impossível dizer “fuja de tais modelos” porque sempre vai ter alguém que se deu bem com o automóvel, mesmo que a manutenção seja mais exigente.
“É difícil dizer porque vai do que a pessoa gosta. Muitas vezes a pessoa entra num lugar doida para comprar um carro e vê um Gol e um Peugeot 2017 e aí ele fala que quer o Peugeot porque é mais bonito, só que a manutenção do Peugeot vai ser mais cara em comparação com o Gol, mas é o que ela quer”, exemplifica Roberval.
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