Quer comprar um carro usado? Confira dicas para fazer bom negócio e evitar dor de cabeça

Quem é do ramo em Campo Grande faz recomendações para quem vai investir em um usado

Thalya Godoy – 27/01/2024 – 10:45

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Confira dicas para investir em um carro usado. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

A compra de um usado pode ser uma boa opção para quem quer investir no primeiro veículo ou melhorar de carro, mas não tem dinheiro suficiente para um automóvel novo. O mercado de usados tem ganhado espaço no Brasil, especialmente após a pandemia, quando os preços no setor automobilístico dispararam. 

Neste universo, é comum frases como “invista em carro que foi de mulher”, “olhe a quantidade de donos”, “fuja do modelo X e Y porque é furada”, “leilão é dor de cabeça”. 

Será que é tudo isso mesmo? O Midiamax ouviu um mecânico e garagistas com décadas de experiência que deram dicas para quem quer comprar um veículo usado. 

A primeira orientação de quem é do ramo é: verificar o histórico do carro, tanto na parte de manutenções mecânicas como de documentação. Muitos garagistas permitem que o interessado leve o automóvel até um mecânico de confiança para checar a situação do veículo, se há alguma peça que precisa ser trocada e evitar possíveis dores de cabeça.

“Tem que checar multa, documento, se o carro tem passagem por leilão, sinistro, se já foi batido ou não”, orienta o proprietário da Águia Veículos, Jair Garcia Vasconcelos, que está na área há 15 anos. 

Mecânico há 43 anos, Roberval Caetano de Almeida, da oficina Bahia Car, explica que o cliente deve verificar se foram feitas manutenções preventivas. Geralmente, as garagens dão garantia de 90 dias para correia dentada, óleo do motor e filtro de óleo.

Carros precisam passar por revisão periódica. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

“Além disso, tem que levar em uma mecânica verificar barulho de câmbio, suspensão, lataria, verificar várias coisas e se não há problema no veículo que depois o cliente venha ter dor de cabeça com isso”, ressalta. 

O profissional observa que muitas pessoas compram o carro e não querem gastar dinheiro com a manutenção do veículo, o que é um erro. 

“Eu como mecânico sempre aconselho os clientes ‘você tá comprando carro, você tem a garantia da garagem?’ Tem que revisar a suspensão dianteira, por exemplo, e se tem um probleminha aqui na suspensão e a garagem não te der essa manutenção você tem o que foi combinado? Tudo tem que ser documentado. Você faz essa manutenção para depois não vir te dar problema e não provocar um acidente”, exemplifica. 

Desconfie de preços muito baixos

Outra dica é desconfiar de preços muito abaixo de mercado para evitar cair em golpes. Quem é do ramo afirma que a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) é um bom norte, mas não é possível se basear somente nela para saber o valor de um carro. 

Sites de vendas de carros podem ser aliados e oferecer uma boa base para tentar entender qual o preço médio de um veículo. 

Da esquerda para direita, Cláudio Reis, Roberval de Almeida e Jair Vasconcelos. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

“As pessoas, na maioria das vezes, veem pelo preço, mas nem sempre é o melhor caminho. A gente tem que agregar o preço, não pode ser tão caro e se ele for barato tem que desconfiar. As pessoas colocam carro com valor A e a pessoa vê pelo preço e acaba entrando em situações difíceis”, alerta Cláudio Reis, da Central Veículos, que trabalha como garagista há 25 anos. 

Carro de mulher vale a pena?

Não é raro que carros que pertencem a mulheres sejam anunciados como algo positivo e atrativo para compra por serem mais bem conservados. Mas será que é realmente vantajoso? Quem é da área afirma que é preciso analisar o histórico de uso e de revisões, como em qualquer outro caso, antes de fechar a compra. 

Assim, o detalhe de ser carro de mulher não significa que pode ser um bom investimento a depender do caso.

“Hoje você tem que olhar e dizer se um carro é limpinho, cheiroso, organizado. Quilometragem também é importante. Hoje a gente não pode pegar um carro 2008 ou 2009 e achar que ele tem 30 mil km rodados. A média aqui em Campo Grande é de dez a 20 mil km por ano, é muito de como a pessoa usou”, orienta Cláudio Reis. 

Carro de leilão é dor de cabeça?

A resposta entre os entrevistados pelo Midiamax é que depende. Geralmente, carros recuperados por bancos por inadimplência podem ser bons investimentos, ao contrário de automóveis que foram colocados a leilão por roubo ou sinistros, como acidentes e enchentes. 

“O banco toma o carro da pessoa, é um carro quente, mas leilão de sinistro, não. Cai muito o preço do mercado e ninguém quer comprar porque o banco não faz o seguro e não financia 100%, só 70%”, explica Jair Vasconcelos. 

Procure sempre garagem e mecânicos de confiança. (Ana Laura Menegat, Jornal Midiamax)

O mecânico Roberval de Almeida pondera sobre a questão de veículos batidos no caso de pequena monta, quando os danos são pequenos e nem são registrados no documento. 

“Um exemplo: o carro bate e danifica um para-lama ou se quebra o farol é pequena monta. Esse para-lama ou farol são arrumados e ficam direitinho no carro, entendeu? Agora batidas maiores que vêm a atingir a parte de mecânica, a parte de lataria, elétrica, desarme de airbag e alguma coisa, pode ser um carro de grande monta. Então, é um carro que praticamente você tem que desmontar inteiro para refazer. Por tudo que você faz, nunca fica um carro 100% como era. Bateu, nunca mais”, explica. 

Veículos que passaram por enchentes são difíceis de recuperar completamente e podem apresentar problemas posteriormente, mesmo após passar pelo mecânico. 

“A pessoa compra, arruma, mas fica probleminha porque molhou, secou, voltou a funcionar, mas muitas vezes cria alguma sujeirinha na parte elétrica que é normal criar. Então vai ter probleminhas, mau contato, alguma coisa para de funcionar, o alarme dispara, o airbag não funciona, acende as luzes no painel. Esses carros não têm como prever. O uso no dia a dia vai ser uma surpresa”, alerta. 

“Fuja de tais modelos”

Quem vai investir em um carro usado ouve às vezes que um modelo pode ser ruim. Fiat Marea e automóveis da Peugeot, por exemplo, têm fama de serem “bombas”, ou seja, vão viver mais na mecânica do que com o dono. 

Contudo, quem é da área afirma que todos os carros sempre possuem donos que são verdadeiros “fãs”. Assim, é impossível dizer “fuja de tais modelos” porque sempre vai ter alguém que se deu bem com o automóvel, mesmo que a manutenção seja mais exigente. 

“É difícil dizer porque vai do que a pessoa gosta. Muitas vezes a pessoa entra num lugar doida para comprar um carro e vê um Gol e um Peugeot 2017 e aí ele fala que quer o Peugeot porque é mais bonito, só que a manutenção do Peugeot vai ser mais cara em comparação com o Gol, mas é o que ela quer”, exemplifica Roberval. 

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