O sonho de andar de carro zero foi por água abaixo para a administradora Cíntia Portela Quartin, de 36 anos. Apesar de ter ser organizado para comprar o veículo que sempre quis, a alegria acabou em menos de um mês após a compra.

A administradora conta que o balde água fria veio com a primeira lavagem do carro. “No dia 16 de junho fui à concessionária Ford Monza e paguei R$ 61,5 mil pelo New Ecosport 2013/2014. Usei o carro por 28 dias e na primeira lavagem percebi que o carro tinha problema no para-brisa. Tinha um espaço de mais ou menos um dedo entre o para-brisa e a porta direita do carro”, diz.

Constatado o defeito, ela e o marido foram ver o porquê do vão. Para surpresa deles, o transtorno seria ainda maior. “Ai que fomos perceber que a lateral estava toda torta. Além disso, tinha um problema na bóia de combustível, que ao encher o tanque não marcava o limite máximo”, revela.

Foi quando decidiram acionar a concessionária e solicitar a troca do veículo, afinal não fazia nem um mês que haviam adquirido o produto. “Aí a concessionária começou o jogo de empurra-empurra. A fábrica disse que se a distribuidora constatasse que um reparo fosse o suficiente não trocaria o carro, apenas consertaria”, conta.

“Mas como? Eu comprei um carro novo e vou ter que ficar com um carro remendado?”, questiona Cíntia. Para tentar solucionar o problema, ela contratou um perito, fora da concessionária, credenciado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia), por R$ 1 mil, para que o carro fosse analisado e se constatasse o erro de fábrica.

E apesar de a perícia ter confirmado o que eles já sabiam, nem fábrica, nem concessionária trocam o veículo.

Desde o dia 19 de julho, eles deixaram o carro na concessionária para que alguma providência fosse tomada e até hoje, passado mais de um mês, não pegaram o carro de volta e nem receberam um reserva.

“Revolta”, resume Cíntia. Segundo ela, foi confirmado pela perícia credenciada o erro de fábrica e, mesmo assim, a concessionária não resolve o problema e nem disponibiliza outro carro reserva para a família.

“Tenho dois filhos e agora com um carro só está complicado a logística. Meu marido é corretor e tem que ficar correndo o dia todo para lá e para cá, carregando um, carregando outro. Ta difícil”, diz.

Outra reclamação, explica a consumidora, é que em vez de ajudar os funcionários agem de má fé. “A concessionária ainda me disse que eu deveria ter pensado. Pois para pegar um carro reserva eu deveria ter parado o carro na rua e ter chamado um guincho da Ford. Ainda, ensinam a mentir”, diz, já que o problema não afatou o motor  e não teria o porquê agir dessa forma.

Sem solução, ela entrou com reclamação no Procon (Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor) e afirma que vai entrar com processo de danos morais, já que neste ínterim, somado o preço do carro, já teve um prejuízo de R$ 83 mil.

“Estamos neste transtorno há quase dois meses. Ninguém nos dá nenhuma resposta. Entrei com liminar na Justiça para obrigar que a concessionária dê um carro reserva e também entrei contra a fábrica e a concessionária no Procon”.

A audiência foi marcada para a manhã desta quinta-feira (29) no Procon. “Desisti do sonho do carro zero. Foi um transtorno, um descaso, um desrespeito. E parece que você e o problema e não o produto com defeito”, finaliza.