Países que enfrentaram ebola se preparam para evitar ressurgimento de surto

Atualmente, há três cadeias de transmissão ativas na África Ocidental: duas na Guiné e uma em Serra Leoa

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Atualmente, há três cadeias de transmissão ativas na África Ocidental: duas na Guiné e uma em Serra Leoa

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prepara os países que sofreram com a epidemia de ebola em 2015 para estabelecer os programas de vigilância que os permitam detectar e lidar com um eventual novo surto.

Atualmente, há três cadeias de transmissão ativas na África Ocidental: duas na Guiné e uma em Serra Leoa. Na semana semana passada foram registrados dois novos casos, que nesta semana já haviam infectado outros três indivíduos.

Todos os protocolos estão em andamento para combater estes três focos de contaminação, mas a OMS, junto com a ONU, já montou um plano, que será apresentado no começo de outubro, que estabelece o que é necessário fazer para evitar que a doença ressurja.

Segundo a OMS, o mais importante é manter a alta vigilância para detectar qualquer nova infecção.

Se esta infecção for confirmada, o governo tem que ser capaz de enviar em menos de 48 horas uma equipe de resposta rápida para fazer o teste de diagnóstico e iniciar todo o procedimento de isolamento do paciente e de seus contatos.

Além disso, é cogitada a possibilidade de vacinar todos os contatos dos possíveis pacientes, um número que pode variar de uma dúzia a uma centena dependendo da circunstância.

O problema é que a vacina mais eficaz contra o ebola, a VSV-ZEBOV, ainda não possui um formato de comercialização, e os programas de imunização ainda devem ser feitos como estudo clínico.

Além disso, as amostras de sangue e tecidos das vítimas que morreram precisam continuar a ser analisadas, porque o ebola se torna mais virulento depois da morte e o risco de contágio cresce. Os últimos casos se deram por esta via.

Outro dos aspectos desta chamada Fase III da resposta à epidemia de ebola que assolou a África Ocidental no último ano e meio é o cuidado com os sobreviventes.

Muitos deles têm sequelas, dores musculares e problemas visuais, e alguns ainda mantêm o vírus ativo em seu corpo embora não sejam mais contagiosos.

Foi detectado que alguns homens mantém restos dos vírus no sêmen, mas não é possível comprovar se contaminaram suas companheiras durante o sexo. “Se o risco fosse alto teríamos visto muitos casos de transmissão assim”, especificou em entrevista coletiva Bruce Aylward, chefe da resposta de a OMS à epidemia.

Consultado sobre a possibilidade de o vírus também estar no sangue das sobreviventes e que elas possam transmití-lo através da menstruação, Aylward disse que há estudos sobre o tema, mas que as conclusões ainda não são claras.

Em geral, os países deveriam manter uma “alta vigilância” no primeiros três meses após o último caso, e um controle intenso durante os 24 meses posteriores.

Em outras epidemias de ebola, o risco de ressurgimento do vírus nos dois anos seguintes foi de 50%, mas dada a magnitude deste último surto, a porcentagem poderia ser maior, alertou Aylward.

O primeiro caso de ebola surgiu em Guiné em dezembro de 2013, em março de 2014 foi identificado o surto, e rapidamente o vírus se espalhou para os países vizinhos, Libéria e Serra Leoa.

Em mais de ano e meio, a epidemia infectou 28.147 pessoas, e 11.291 morreram.

 

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