Pesquisador observou parentescos em aldeias guaranis

Há seis anos, morreu o antropólogo, professor e filósofo francês Claude Lévi-Strauss, considerado um dos grandes intelectuais do século XX. De família judia, se graduou em filosofia na Universidade de Sorbone. Uma das obras mais importantes dele, a tese “As estruturas do parentesco”, tem informações que ele coletou entre os grupos cadiuéus dos guarani que habitam Mato Grosso do Sul.

Em 1935, foi convidado a integrar uma missão universitária francesa no Brasil e como professor de sociologia deu aulas na Universidade de São Paulo até 1939. Sua passagem pelo Brasil foi marcada por viagens excursionistas para conhecer as comunidades indígenas.

Na primeira, visitou os índios cadiuéus, na região sul de MS, fronteira com o Paraguai, e os bororos, de Mato Grosso. Os registros dessas visitas foram suficientes para ele promover uma exposição em Paris, em 1936.

Lévi-Strauss excursionou ainda pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Paraná. O resultado dessas viagens foi o livro autobiográfico “Tristes Trópicos”, publicado 20 anos depois e que se transformou numa referência acadêmica em quase todo o mundo.

Nesse livro ele conta entre outros registros, como essas viagens foram essenciais para sua formação em antropologia, ciência que explica os primeiros estudos sobre o homem e compara os diferentes povos e culturas do mundo.

Em 1938, realizou a expedição até os índios nambiquaras, no Mato Grosso, com financiamento francês e brasileiro e que deveria durar um ano. No entanto, durou apenas sete meses.

O médico e etnólogo francês Jean Vellard e o antropólogo brasileiro Luís de Castro Faria também participaram dessa missão.

Castro Faria disse mais tarde que a missão havia enfrentado problemas com os órgãos públicos brasileiros por contar com o patrocínio de Paul River, estudioso francês ligado ao Partido Socialista Francês e se tornara persona non grata no Brasil porque teria supostamente difamado o país na França.

Após a passagem pelo Brasil, Lévi-Strauss voltou à França onde, em 1949 publicou o livro “As estruturas elementares do parentesco”, que foi considerado um dos mais importantes estudos de família já publicados.

Com “Tristes Trópicos”, tornou-se um dos intelectuais mais conhecidos da França, apesar de muitos críticos entenderem a obra com uma visão eurocêntrica e até certo ponto colonialista. Lévi-Strauss morreu em Paris poucas semanas antes de completar 101 anos.