A AEM (Agência Estadual de Metrologia de Mato Grosso do Sul) e o Procon-MS apresentaram, nesta segunda-feira (19), o Laboratório Móvel de Fiscalização de Fios e Cabos Elétricos, uma van adaptada para identificar fiação fora do padrão de segurança.
A partir de terça-feira (20), a equipe utilizará a van equipada para fiscalizar estabelecimentos comerciais, lojas de materiais de construção e obras em andamento.
O veículo foi adaptado pelo Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos de São Paulo). A equipe viajou de São Paulo para auxiliar e capacitar servidores estaduais em Campo Grande, o que ampliará as ferramentas de fiscalização em estabelecimentos comerciais.
Luciana Boni Cogo, diretora técnica de Metrologia Legal e Avaliação da Conformidade, explica que, em muitos casos, o preço baixo do metro da fiação atrai o consumidor, que desconsidera a necessidade do selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia).
“Há materiais com percentual de erro. Esse erro é a falta, principalmente, de cobre. O consumidor nota que, ao utilizar a energia elétrica de casa — por exemplo, usando o carregador de celular — percebe que o carregador está quente demais, ou o chuveiro queima com frequência, ou o medidor indica que gastou muita energia. Tudo isso é indício de que a culpa é do fio de má qualidade. A conta de luz fica 30% mais cara”, afirma.
“Temos o exemplo de um consumidor que nos contatou. Era uma obra pública, e ele desconfiou que o rolo de fios estava com peso abaixo do normal. Ele estava comprando fiação com 320% a menos de cobre. A fiação precisa ter a quantidade ideal para garantir condutividade”.
Risco à segurança
Cogo salienta que a utilização de fios de má qualidade em uma obra pode gerar sérios riscos à segurança, inclusive incêndios.
“O morador faz uma obra e não consegue ligá-la direito. Às vezes, a casa toda foi feita com fiação de má qualidade e sem o mínimo de condutividade. Por isso, a fiscalização visitará estabelecimentos comerciais e, com a van, fará os ensaios na frente do dono do estabelecimento. Se estiver fora da normalidade, o material será apreendido”, ressalta.
Moises Rodrigues, técnico do Sindicel, explica que um cabo ou fio deve apresentar resistência máxima aprovada pelo Inmetro. Contudo, a fiação mais barata — frequentemente utilizada de forma irregular — é feita de alumínio e banhada com eletrólito, como se fosse uma bijuteria. Portanto, não tem resistência para suportar a quantidade de amperagem necessária em uma residência.
Durante o teste, em cerca de um minuto recebendo a carga máxima de amperagem, o fio de cobre resiste, enquanto o fio “barato” queima a fita de isolamento.
“Podemos perceber, nesses fios de má qualidade, a pouca quantidade de filamentos e o material apenas banhado a cobre. O fio de cobre é mais grosso, para suportar a condução de energia. Quando o fio é fino, ele demora mais para conduzir. Também é importante destacar que o material de má qualidade apresentará danos com o uso contínuo”.

Fiscalização
Antonio Motti, secretário-executivo do Procon-MS, salienta que o serviço será feito em parceria. A van pertencia à pasta, mas era emprestada em ações de outros órgãos. Por isso, ele idealizou sua inserção em projetos de fiscalização do consumidor.
“No projeto Procon na Rua, o atendimento era feito em periferias e mutirões no interior, e a van era utilizada apenas para carga. Esta será a melhor solução para ela: servir aos propósitos do consumidor. No nosso caso, estamos na defesa do investimento do consumidor. Então, ela tem que atender à vontade do consumidor e estar a serviço de outras políticas públicas também”.
Serviço
A Agência Estadual de Metrologia atua como o “Inmetro” estadual, com serviços de fiscalização voltados ao consumidor. O diretor-presidente da agência, Marcos Henrique Derzi, reforça que o consumidor, ao notar alguma irregularidade ou fraude de consumo, pode solicitar os serviços pelos canais de atendimento.
“Se vai comprar uma geladeira, um pneu, um ar-condicionado, veja se tem o certificado de qualidade. Com os fios e cabos, a pessoa compra um produto que não tem certificado de conformidade e, muitas vezes, além de perigoso — no caso de incêndio —, ele esquenta muito e tem maior absorção de energia. Ou seja, gasta duas vezes mais do que um fio convencional com certificação. A pessoa compra um material pior, gasta mais energia e ainda corre o risco de provocar um incêndio na própria casa”.
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