“Isso foi uma raiva momentânea do comandante, nada demais”, disse nesta sexta-feira (27), uma moradora de Porto Quijarro, cidade fronteiriça com Corumbá, no extremo oeste de Mato Grosso do Sul. A opinião foi compartilhada em outras entrevistas realizadas pelo Jornal Midiamax na Bolívia, sobre a tentativa de golpe de Estado, motivada pelo então comandante do Exército Juan José Zúñiga, na quinta-feira (28) em La Paz, sede do Governo local.

Entretanto, diante da incredulidade de que o golpe realmente prosperasse, o cotidiano na cidade boliviana seguiu inalterado, com fronteira liberada e trânsito regular de veículos e pessoas entre os países.

Segundo um policial local, não houve orientações específicas da Força de Segurança Nacional no sentido de alterar as atividades de segurança e controle. Um segurança privado, porém, disse que muitos carros que motoristas que vem da Bolívia para o Brasil questionam se haverá fechamento da fronteira, evidenciando uma falta de informação sobre o assunto na região.

De forma geral, os cidadãos bolivianos evitam comentar a tentativa de golpe, mas tecem críticas ao presidente. Uma comerciante afirmou à reportagem que o episódio em La Paz teria sido montado, uma questão política e que não provoca temor entre os moradores. “Mas é melhor que ele saia, que entre outro, que traga melhorias para o povo”, criticou.

Para outro entrevistado, a principal crítica ao presidente é que pouco teria feito pelo desenvolvimento industrial do País. Segundo ele, não tem medo da situação política local. “Não foi um golpe, não teve mortos, não teve feridos, está tudo normal e isso tudo é uma questão política”, ponderou.

Fronteira entre Corumba (BRA) e Porto Quijarro (BOL) segue aberta (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Governo da Bolívia nega que tenha forjado golpe

O governo da Bolívia negou que tenha forjado a tentativa de golpe, como acusa Juan José Zúñiga, que comandou o cerco com tanques do Exército ao palácio presidencial na Praça Murillo. O general segue detido e pode pegar até 20 anos de prisão pelos crimes de terrorismo e levante armado contra o Estado.

Junto com Juan José Zúñiga, uma dezena de soldados foi detida pela tentativa de golpe que deixou pelo menos 12 feridos.

Arce anuncia novos comandantes militares

O presidente da Bolívia, Luis Arce, anunciou novos chefes do Exército, da Marinha e da Força Aérea. As mudanças incluíram a posição do ex-comandante geral do Exército, Juan José Zúñiga, que parece estar liderando a rebelião.

O novo chefe do Exército, José Wilson Sánchez, ordenou que todas as tropas mobilizadas regressem aos seus quartéis. “Ninguém quer as imagens que vemos nas ruas”, disse ele.

Lula condena tentativa de golpe 

Por meio de nota, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou a tentativa de golpe de Estado na Bolívia nesta quarta-feira (26). Além disso, o texto demonstra apoio e solidariedade ao presidente Luis Arce e ao governo boliviano.

“O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, divulgou o Palácio Itamaraty em nota.

General Juan José Zúñiga anuncia golpe de Estado

O general Juan José Zúñiga anunciou hoje, quarta-feira (26/6), que tomou o poder na Bolívia por meio de um golpe de Estado.

A decisão foi tomada após militares cercarem o Palácio Quemado, sede do governo boliviano. Zúñiga, comandante do Exército, chegou ao local em um tanque de guerra e exigiu a “mudança de gabinete”, tentando entrar no prédio em um veículo blindado.

Em declaração aos repórteres na Praça Murillo, em La Paz, Zúñiga afirmou: “O país não pode mais continuar desta forma”.