Na última quinta-feira (25), a Comissão de Anistia do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania aprovou o pedido de desculpa aos imigrantes japoneses, em reconhecimento às perseguições feitas à comunidade no Brasil, no período pós-guerra.

Na Caravana com destino à Brasília, composta de 70 membros da Associação Okinawa Kenjin do Brasil, estava o campo-grandense Crystian Proença, 31 anos, convidado a se apresentar na sessão com mais três professores diplomados no instrumento Sanshin. O convite partiu da própria diretoria da Associação.

“O Presidente da Associação, localizada em São Paulo, Risutada Takara, entrou em contato para me convidar. Por não ser descendente e ser de Campo Grande, me senti honrado com o convite”, explica.

O cineasta Mário Jun Okuhara, em conjunto com a Associação Okinawa Kenjin do Brasil apresentou o pedido de reparação coletiva em 2015. Contudo, a Comissão negou o requerimento em 2021, após considerarem que não haviam provas suficientes para constatar que as perseguições tiveram motivação política. Mas, esse ano a nova Comissão julgou o caso novamente.

Segundo Crystian, foi um alívio ver a atual presidente da Comissão, Eneá de Stutz, pedir desculpas em nome de todos os representantes da comunidade japonesa presentes na sessão. Além disso, sentiu que esse ato simbólico curou feridas abertas há muitas décadas.

“Eu cresci escutando muitas histórias, de amigos, avós de amigos e de meus professores também. Houve muito sofrimento, tortura, desapropriação de bens de pessoas que não haviam cometido crime algum. Foram inclusive colocados em campos e torturados, mas não se falava disso até hoje. Muita coisa tornou-se tabu quando se fala desse período. Digo que foi difícil segurar as lágrimas de emoção”, disse.

Crystian Proença e a presidente da Comissão de Anistia, Eneá de Stutz. (Foto: Regina Yamada)