Durante a primeira audiência que investiga a morte de Rudnei Silva, a mando do PCC em outubro do ano passado, em , um dos suspeitos, Lucas Carmona de Souza, 20 anos, ‘deu show' na frente do juiz responsável pelo caso. Depois de se afastar cerca de 10 minutos do plenário alegando mal-estar, Lucas afirmou que havia mentido e pediu para que o depoimento anterior fosse desconsiderado e feito novamente.

Na primeira versão, o suspeito negou que conhecesse Cristina Gomes Nogueira Rodrigues, 31 anos, apontada como a ‘disciplina' do grupo criminoso, responsável por conduzir o' julgamento' da vítima. Ele também afirmou que foi até a casa onde Rudnei seria sentenciado apenas para visitar uma conhecida e que não sabia que o encontro terminaria na morte da vítima, contrariando a versão que havia apresentado durante esclarecimentos que prestou quando a morte ainda era investigada pela Polícia Civil.

Ao ser confrontado, o jovem disse que estava passando mal e solicitou que o depoimento fosse suspenso temporariamente. Ao retornar para a audiência, Lucas voltou atrás e confessou que era amigo de Cristina, e que teria sido chamado por ela para fazer a contenção da vítima caso fosse preciso. No entanto, o suspeito teria sido dispensado do serviço porque estava bêbado, o que é proibido pelas regras da facção.

“Eu ouvi a Cristina conversando com uma pessoa no celular dizendo que eu não tinha condições de ficar lá porque estava bêbado. Depois ela chegou em mim e falou pra eu ir embora. Eu me despedi do Rudnei, dei uma abraço nele e falei que tudo ia ficar bem”, relatou.

Ao juiz, o rapaz contou que a vítima foi levada a julgamento porque teria se aproximado do grupo rival ao PCC, o Comando Vermelho, o que teria sido considerado traição por criminosos. Mesmo sabendo o motivo pelo qual a vítima estava na casa onde foi julgada e ciente do veredito quase certo, Carmoa não acionou saiu do local e não acionou a polícia. “Fiquei sabendo dois dias depois que ele tinha morrido”, disse.

Ao contrário do que apontam as investigações, o suspeito negou que seja integrante ou simpatizante do PCC.

Durante audiência realizada nesta sexta-feira (4), no plenário do Tribunal do Júri da Capital, 14 testemunhas do caso foram ouvidas e dos seis acusados, apenas Lucas quis falar. Uma das acusadas está foragida.

Na próxima oitiva, marcada para o dia 8 de junho, será ouvida uma testemunha de defesa e os Valdeir Lourenço, 44 anos, Rodrigo Roberto Rodrigues, 18 anos, Roberto Railson Maia da Silva, 21 anos, Cristina Gomes Nogueira Rodrigues, 31 anos e Mike Davison Medeiros da Silva Lima, 19 anos.

Ordem para matar

A ordem para matar Rudnei Silva partiu da mesma liderança que determinou a morte por decapitação de José Carlos Louveira Figueiredo de 41 anos, que foi sequestrado de uma clínica de reabilitação junto com o filho.

Testemunhas relataram que a ordem para ambas execuções partiu de Milton, uma liderança do PCC conhecida como ‘Pezão'. O criminoso cumpre pena na Máxima, em Campo Grande, e é apontado como o “Disciplina” da facção. No Tribunal do Crime, ‘Pezão' é o juiz que decide quem deve ou não morrer.