Dois acidentes fizeram Felipe desistir de ser milionário a ensinar inglês para o mundo
De um dos acidentes, saiu ileso, no outro, sofreu várias fraturas
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De um dos acidentes, saiu ileso, no outro, sofreu várias fraturas
Em 2011 o empresário e professor de inglês Felipe Dib sofreu dois acidentes. Com diferença de 30 dias, ele passou duas situações extremas que o fizeram mudar o rumo de sua vida profissional. O sonho de criança de se tornar milionário deu lugar à gratidão e à vontade de devolver para o mundo tudo que já havia recebido.
Mas a história começa alguns anos antes, quando ainda era um adolescente de 17 anos, em 2005, Felipe começou um curso de inglês e não conseguiu nem passar no módulo básico. “Fui dar a notícia para minha mãe e falei que tinha reprovado, mas que tinha uma solução”, conta ele.
“Vou me formar no ensino médio em uma escola pública na Nova Zelândia”. A mãe ficou achou um tanto estranho, mas recomendou que ele conversasse com o pai. “Meus pais são muito corujas, principalmente meu pai. E ele falou ‘não vou atrás disso, mas se conseguir a gente autoriza’”, relembra Felipe.
Naquele período, até lhe escapou pelas mãos a oportunidade de faturar 50 mil dólares. Ainda quando não falava inglês soube que uma equipe da Sony procurava por alguém que soubesse capoeira para gravar os movimentos para um jogo. “Corri para os blocos de dança, de esporte, pela escola inteira, mas não encontrei mais ninguém. Perdi! Se eu me comunicasse… ”, lamenta.
A saudade apertou e os pais pediram para que Felipe voltasse. No Brasil novamente, ele voltou à mesma escola em que reprovou e fez um pedido que foi encarado com incredulidade. “Cheguei lá e falei ‘eu quero dar aula de inglês’. Eles disseram: ‘você está maluco, você reprovou no básico’”, detalha.
Insistente, Felipe pediu para fazer uma prova e entrou no último módulo e, assim que se formou na escola de inglês, começou a lecionar. “Mas comecei a me frustrar. Me frustrei como aluno e também como professor. O método não me agradava”.
Sem desistir do inglês, Felipe fez graduação em Relações Internacionais e pós-graduação em Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa. Passou por estágio, foi estudar Business na Oxford e representei o Brasil em um programa de liderança da Georgetown University.
Ileso
Depois de toda a bagagem adquirida, Felipe voltou para o Brasil novamente agora com a missão de dar uma contrapartida por tudo que ele tinha recebido em conhecimento.
“Ainda com o sonho de ser milionário, eu abri uma empresa para capacitação em liderança para professores de escolas públicas. Fui estudar, com tudo pago, e minha contrapartida era fazer esse impacto na educação pública”.
Ele viajava de quarta a sexta-feira pelos municípios do Estado oferecendo seus serviços para as prefeituras. Na volta de uma destas viagens, ele sofreu o primeiro acidente. “Eu estava dirigindo a 180 quilômetros por hora. Irresponsável! Estava com um Civic. Sem responsabilidade e noção nenhuma”, ele reconhece.
Eram 4h30 da manhã e ele viu uma moto numa distância de aproximada de 100 metros. “Pisei no freio e sai capotando. O carro foi destruído. Saí do carro só com um ralado na mão”, conta. Ele até fez diversos exames que constataram, para a sua surpresa, que não havia sofrido nenhum ferimento. “Preciso agradecer a Deus por isso!”
O carro teve perda total e com o dinheiro do seguro ele comprou outros dois carros. Um para vender e outro para seu próprio uso. E começou a gravar aulas de inglês e postar vídeos no Youtube.
Dos pés à cabeça
Um mês depois do primeiro acidente, Felipe pegou o carro para ir a Ponta Porã. Os pais haviam saído na frente e ele foi com a namorada, que hoje é sua esposa.
“Era a primeira vez que eu dirigia na estrada de novo. Estava chovendo e, dirigindo a 60 quilômetros por hora, bati de frente com outro carro. Aí arregaçou minha vida, foi feio. O carro veio estourando e veio quebrando dos pés até a cabeça, literalmente”.
Felipe ficou um mês no hospital. Teve diversas fraturas. Passou por várias cirurgias e reconstruções. Recebeu pinos, placas e, por muito tempo, ele não conseguia movimentar os membros inferiores. Ficou de cama por meses.
Ensinar inglês
Entretanto, ter sobrevivido foi, pra ele, um sinal de que sua missão era se dedicar ao projeto, que ele batizou de “Você Aprende Agora”. O objetivo é ensinar inglês para qualquer pessoa do mundo que queira aprender.
“Liguei para o cara que tinha gravado as primeiras aulas e perguntei se podíamos continuar as gravações. Mas falei para ele que não tinha dinheiro e queria saber se ele aceitava um carro como pagamento. Ele topou e foi o que garantiu as primeiras 500 aulas”. O empresário saiu passou do “quero ser milionário” para “quero agradecer”.
Mas o dinheiro acabou e Felipe não estava trabalhando. “Todo dinheiro da poupança tinha acabado. O carro tinha usado pra pagar os vídeos. Então chegou um momento que eu precisava tomar uma decisão: ou parava de gravar as aulas ou pensava em alguma forma de o ‘Você Aprende Agora’ ser sustentável financeiramente. As aulas são e sempre serão gratuitas, mas encontramos a alternativa de oferecer uma opção Vip”.
A assinatura oferece a oportunidade para quem deseja aprender mais rápido e ter acompanhamento. O formato é conhecido como modelo ‘freemium’. “O conteúdo pode ser acessado sem pagar. É o grande desafio do freemium: conseguir que as pessoas vejam o valor nas opções”, define.
Mas a pergunta que não quer calar é: Felipe Dib está perto de ser milionário? “O foco hoje é outro. Eu estava em cima de uma cama, com dinheiro no banco, eu não conseguia me limpar, não conseguia fazer nada. O que adianta ter dinheiro? O que tem mais valor, não tem preço”, descreve.
A forma que o empresário escolheu para “devolver” ao mundo por tudo que recebeu, agora é também o que traz seu sustento. E o que ele almeja é que “o Você Aprende Agora seja o maior e melhor curso de inglês e liderança do e para o mundo”, pontua.
O curso já conta com alunos em 181 países e o método, que tem na Universidade de Cambridge a referência de conteúdo, já ensina falantes de espanhol e mandarim. Mas, segundo ele, grande parte dos usuários da plataforma são de brasileiros que moram em outros países e desejam aprender ou aperfeiçoar o inglês.
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