Real valorizado aumenta déficit da balança no setor de turismo

Cada vez mais brasileiros viajam para o exterior, aproveitando a valorização do real em relação ao dólar norte-americano e ao euro. Como o ritmo da saída de turistas é mais forte do que o da vinda de estrangeiros para o país, a balança externa de turismo está sempre deficitária nos registros do Departamento Econômico do […]

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Cada vez mais brasileiros viajam para o exterior, aproveitando a valorização do real em relação ao dólar norte-americano e ao euro. Como o ritmo da saída de turistas é mais forte do que o da vinda de estrangeiros para o país, a balança externa de turismo está sempre deficitária nos registros do Departamento Econômico do Banco Central.

No ano passado, os brasileiros gastaram US$ 10,9 bilhões no exterior, contra os US$ 5,6 bilhões que os estrangeiros deixaram aqui, um déficit de US$ 5,3 bilhões. Os números são bem parecidos com os de 2008, quando saíram do país US$ 11 bilhões com turismo e entraram US$ 5,8 bilhões, com saldo negativo de US$ 5,2 bilhões.

Os números de 2008 poderiam ser mais expressivos, uma vez que os dois fluxos de turismo cresciam fortemente até a deterioração causada com a crise financeira internacional, em setembro daquele ano, quando as despesas líquidas externas somaram US$ 1,126 bilhão, contra receitas de R$ 470 milhões. O déficit de US$ 650 milhões foi resultado de crescimento gradativo que ocorria desde o início do ano.

A partir de então, a crise esfriou o ânimo dos turistas; mais do lado dos estrangeiros, uma vez que os países que mais mandam gente para o Brasil, tradicionalmente, estavam no epicentro da crise. Os brasileiros suspenderam as viagens externas, em função da alta instantânea do dólar. Em outubro de 2008 as despesas caíram para US$ 775 milhões, as receitas ficaram em US$ 480 milhões e o déficit baixou 55%, para US$ 295 milhões.

A atividade turística só voltou a ganhar impulso a partir de abril de 2009, quando a cotação do dólar se estabilizou em torno de R$ 1,75 e o real melhorou um pouco também em relação ao euro. Aí, mais brasileiros retomaram as viagens externas e os desembarques de estrangeiros no Brasil começaram a aumentar, a ponto de as receitas e despesas terem voltado a níveis pré-crise.

Números do BC mostram que em janeiro último as despesas com viagens internacionais somaram US$ 1,216 bilhão e as receitas registraram US$ 566 milhões, com o déficit na casa de US$ 650 milhões. Nível de movimentação semelhante ao do mês anterior e que, possivelmente, se repita também em fevereiro. Mas esses números só serão conhecidos na próxima segunda-feira (22) quando o BC divulgará o Relatório do Setor Externo referente ao mês passado.

A receita obtida em janeiro deste ano foi a segunda melhor da série histórica do BC, iniciada em 1947, para o período, atrás apenas de igual mês de 2008, quando os estrangeiros deixaram no país US$ 595 milhões.

Para a presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Jeanine Pires, o resultado foi um sinal claro de que o turismo nacional, além de ter sofrido menos que outras atividades econômicas, “está se recuperando rápido dos efeitos da crise e se afirmando como um dos grandes emergentes do turismo global”.

Ela lembrou que o turismo brasileiro está em 13º lugar no ranking do World Travel & Tourism Council, que envolve 181 países. Segundo ela, as perspectivas de crescimento são boas, pois o país tem recebido muitos turistas de lazer e a Embratur também registra aumento dos turistas de negócios, sobretudo pela boa situação econômica do país e pelo interesse na realização da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e da Olimpíada, em 2016.

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