Pular para o conteúdo
Transparência

Ultima Ratio: grupo que matou pivô de investigação tinha lista para execuções ‘caça-comunistas’

PF prendeu cinco pessoas em operação nesta quarta-feira
Gabriel Maymone -
Morte do advogado Roberto Zampieri desencadeou operação contra venda de sentenças; detalhe para armas apreendidas nesta quarta-feira. (Reprodução)

A morte do Roberto Zampieri resultou em investigação que descobriu esquema de venda de sentenças em diversos tribunais do país, inclusive no (Tribunal de Justiça de ) e no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Nesta quarta-feira (28), a PF (Polícia Federal) realizou mais uma operação referente às investigações do assassinato do advogado de Mato Grosso, que prendeu cinco pessoas.

O grupo se autointitulava “Comando C4” ou “Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos” e tinha até mesmo uma tabela com possíveis alvos para execução.

Tudo está no contexto da Operação Sisamnes, que prendeu no fim do ano passado o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, acusado de intermediar venda de sentenças e com relação estreita com o advogado sul-mato-grossense Felix Jayme, um dos principais operadores do esquema no TJMS, segundo a PF.

A ação foi autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Cristiano Zanin, responsável pelo inquérito, já que envolve até mesmo o STJ.

Tabela de assassinatos

O grupo tinha tabela com preços para possíveis alvos de assassinatos; por exemplo, ‘figuras normais’ valiam R$ 50 mil, já deputados valiam R$ 100 mil, morte de um senador custaria R$ 150 mil e, por fim, ministros ou membros do Judiciário poderiam ser executados sob valor de R$ 250 mil.

Foram presas as seguintes pessoas:

  • Anibal Manoel Laurindo – empresário e produtor rural que seria o mandante;
  • Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas – coronel do Exército, suposto financiador;
  • Antônio Gomes da Silva – suposto atirador;
  • Hedilerson Fialho Barbosa – suposto intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola 9 mm usada no assassinato de Zampieri;
  • Gilberto Louzada da Silva – integrante.

Outros alvos passarão a ser monitorados por tornozeleira eletrônica: Salezia Maria Pereira de Oliveira, Davidson Esteves Nunes, Peterson Venites Komel Junior e José Geraldo Pinto Filho.

Várias armas como fuzis e pistolas com silenciador foram apreendidas durante a operação nesta quarta-feira.

Essa nova operação da Polícia Federal corrobora o que já havia sido revelado pela Polícia Civil no ano passado. Aníbal teria mandado matar Zampieri por conta de uma disputa de terra de R$ 100 milhões.

Quem é Andreson Gonçalves?

Andreson está preso desde 26 de novembro. (Reprodução)

Preso desde novembro do ano passado, o lobista mato-grossense Andreson de Oliveira Gonçalves é peça-chave na investigação que apura suposta venda de decisões judiciais em tribunais como o TJMS e STJ.

Recentemente, pessoas ligadas a Andreson apontaram que ele estaria avaliando uma delação premiada. No entanto, a esposa dele, advogada Mirian Ribeiro, negou tudo.

O lobista é considerado peça-chave em investigações e está preso por suspeita de intermediar venda de sentenças. A partir dele, foram desencadeadas as operações Ultima Ratio, em Mato Grosso do Sul, e Sianmes, em Mato Grosso. Além disso, a Polícia Federal investiga atuação de servidores em ao menos três gabinetes do STJ, a segunda Corte mais importante do país.

Atualmente, as investigações são tocadas pelo ministro do STF, Cristiano Zanin. No dia 22 de abril, o magistrado prorrogou por tempo indeterminado o afastamento de quatro desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de MS).

Recentemente, o Jornal Midiamax mostrou que Andreson reclamou de estarem ‘forçando’ uma delação. Agora, após a transferência, a defesa de Andreson compara a situação com métodos da Lava Jato e diz que a mudança seria uma forma de ‘tortura’ para tentar obter delação premiada.

Leia também – De falso policial a dono de mansões e resort: quem é o lobista preso que vendia sentenças em MS

Operação que prendeu lobista é desdobramento de ação em MS

A operação Sisamnes é desdobramento da Operação Ultima Ratio, que afastou cinco desembargadores de MS por suspeita de venda de sentenças.

Equipes cumpriram mandados nas casas dos desembargadores de MT, Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho. Os dois já estavam afastados desde agosto por decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Foram afastados dos cargos: Sérgio Fernandes Martins — que foi autorizado a voltar às funções desde 10 de dezembro —, além dos desembargadores Vladmir Abreu, Sideni Pimentel, Alexandre Aguiar Bastos e Marcos José de Brito Rodrigues — que voltaram às suas funções em abril. Além deles, o ministro também determinou afastamento do conselheiro Osmar Jeronymo, do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de MS).

Dessa forma, Andreson é apontado como intermediador de venda de sentenças. Relatório da investigação da PF mostrou laços que o lobista mantinha com o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, também investigado.

Em nota, a PF diz que investiga também “negociações relacionadas ao vazamento de informações sigilosas, incluindo detalhes de operações policiais”.

Conforme as investigações, Andreson tinha acesso privilegiado a decisões antecipadas de ministros do STJ. Assim, vendia sua influência para garantir decisões favoráveis a advogados.

✅ Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

Lobista e ligação suspeita com advogado de Campo Grande

Em uma das conversas interceptadas entre Andreson e Félix, a investigação flagrou suposta negociação de decisão no STJ: “Mais [sic]) falo que a pessoa só tinha 290 mil para pagar. Isso aqui é café”.

Dessa forma, a PF conclui que “Salvo melhor juízo, as frases proferidas levam a crer que ANDRESON estaria insinuando que a quantia de R$ 290.000,00 seria considerada irrisória para o pagamento de propina”, segundo trecho do documento.

Despacho assinado pelo ministro do STJ, Francisco Falcão, baseado nas investigações da PF, indica que Felix recebeu, em 2017, R$ 1,1 milhão da empresa Florais Transporte, cujo proprietário é Andreson de Oliveira Gonçalves.

***

Sabe de algo que o público precisa saber? Fala pro Midiamax!

Se você está por dentro de alguma informação que acha importante o público saber, fale com jornalistas do Jornal Midiamax!

E pode ficar tranquilo, porque nós garantimos total sigilo da fonte, conforme a Constituição Brasileira.

Fala Povo: O leitor pode falar direto no WhatsApp do Jornal Midiamax pelo número (67) 99207-4330. O canal de comunicação serve para os leitores falarem com os jornalistas. Se preferir, você também pode falar com o Jornal direto no Messenger do Facebook.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
Mega-Sena

Ninguém acerta dezenas da Mega-Sena e prêmio acumula em R$ 25 milhões

Vander Loubet recebe ministro Alexandre Padilha e anuncia investimentos para saúde de MS

Trabalhadores encontrados mortos após acidente na MS-145 são identificados pela polícia

Servidores são afastados de CAPS em Campo Grande por suspeita de fraudar prontuários

Notícias mais lidas agora

JBS terá que participar de conciliação com moradores por fedor no Nova Campo Grande

Consórcio Guaicurus pede na Justiça devolução de multas com juros e correção monetária

mpms

Com 88 sigilos, MPMS gastou mais de R$ 369 mil em diárias durante junho

Sejuv estreia curso gratuito de violão para iniciantes cursos

Últimas Notícias

Polícia

Corpo de homem não identificado é encontrado em córrego de Ribas do Rio Pardo

O cadáver foi localizado por trabalhadores que passavam pelo local nesta tarde de quinta-feira

Esportes

Novo líder do Brasileirão, Cruzeiro bate Fluminense e ofusca adeus de Arias

Em grande fase, Raposa não perde no campeonato há três meses

Política

Em pronunciamento, Lula diz que tarifaço é ‘chantagem inaceitável’

Presidente ressalta que responderá a ameaças dos EUA com diplomacia

Polícia

Criança de 9 anos morre eletrocutada após caminhão bater em poste de energia em Itaquiraí

Pelo menos quatro pessoas, inclusive dois menores, precisaram de atendimento médico