A Justiça irá definir nova data para realizar audiência de instrução em ação penal por fraude no sistema do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul). Uma sessão foi realizada no início do mês, mas sem a presença do ex-servidor Calisto Mercado Magalhães e seu advogado, além da ausência do despachante David Cloky Hoffaman Chita, que está foragido, alegando temer pela sua própria vida.
O processo trata sobre caso ocorrido em 2014 em que, segundo o MPMS (Ministério Público de MS), David agiu em conluio com servidor do departamento de trânsito de MS para regularizar ‘kit xênon’ em uma Saveiro. Mas o item é proibido na legislação. No entanto, mediante pagamento de propina, o servidor fraudou a documentação da picape.
Além do promotor de Justiça, Arthur Dias Júnior e o advogado de David Chita, também estavam presentes testemunhas como agentes de trânsito, por exemplo.
No entanto, conforme despacho do juiz Waldir Peixoto Barbosa, o advogado sequer foi intimado para a audiência. Então, o magistrado proferiu o seguinte: “Tendo em vista que o advogado Ricardo Augusto Nascimento Pegolo dos Santos não foi intimado, voltem os autos conclusos para redesignação da presente audiência”.
A forma de agir era semelhante à identificada em outras fraudes articuladas por David, inclusive na que culminou com um mandado de prisão contra ele.
No início do ano passado, investigações do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) apontaram que Chita cooptou servidora do órgão de trânsito para dar baixas em caminhões com restrições em troca de pagamentos. Ele recebia informações sobre veículos restritos e cobrava R$ 10 mil dos proprietários para fazer liberação. A operação rendeu, segundo relatório policial, cerca de R$ 290 mil em apenas um dia. O valor pode chegar a R$ 2 milhões, já que a polícia aponta que o número de veículos liberados clandestinamente pelo grupo pode chegar a 200.
Calisto era servidor concursado e foi demitido em setembro de 2019, após sofrer processo administrativo pelas fraudes praticadas.
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David prepara delação que pode mudar rumo de Reinaldo na Vostok
Foragido por integrar um esquema de corrupção no Detran-MS, David está escondido após receber ameaça de morte. Para se entregar, pede um acordo de delação e garantia de proteção.
David Chita trocou de advogados e contratou escritório do Paraná para negociar delação. O despachante está implicado em várias operações envolvendo fraudes no Detran-MS como Míriade e Quarto Eixo, além da Vostok, em que aponta o ex-governador Reinaldo Azambuja (PSDB) como principal beneficiário de propinas da JBS em troca de incentivos fiscais. O montante chega a R$ 277 milhões, que é o valor que ainda permanece bloqueado do tucano e familiares.
David Cloky também está citado em casos policiais como o suposto roubo de propina que implicou o filho de Reinaldo Azambuja, Rodrigo Souza, na investigação conduzida pelo promotor de justiça Marcos Alex Vera de Oliveira.
Inicialmente, ele havia escolhido os advogados André Borges e Ricardo Almeida para conduzir o acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
No entanto, optou por um escritório do Paraná para conduzir as negociações. Os advogados Mateus Tomazini dos Santos e Lahis Barreto já anexaram procuração de David nos processos.
À reportagem do Jornal Midiamax, a defesa de Reinaldo Azambuja, representada pelo advogado Gustavo Passarelli, disse: “Não temos nada a declarar com relação a esse fato”.
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