Em meio ao reajuste da tarifa de ônibus, prefeitura troca comando de autarquia-chave
Processo referente ao valor do passe de ônibus está na Agereg, que tem novo diretor
Gabriel Maymone –
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Enquanto milhares de passageiros aguardam a definição sobre novo valor do passe do ônibus em Campo Grande, a Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos) passa por troca de comando.
Trata-se de uma autarquia pública responsável por determinar as tarifas dos serviços concedidos como, por exemplo, o transporte público. Por isso, a Agereg é o setor ‘chave’ do município no processo de reajuste da tarifa.
Assim, está publicado em edição extra do Diário Oficial de Campo Grande a mudança na gestão da agência. Sai o advogado e ex-vereador, Odilon Júnior, e entra o administrador e ex-titular da Assistência Social, José Mario Antunes.
Como funciona o processo de reajuste da tarifa
A publicação oficial que traz o aumento do valor da tarifa de ônibus em Campo Grande é feito pela Agereg. Isso porque é o órgão competente para fixar o valor. No entanto, existe um processo para chegar ao valor final.
Atualmente, o valor do passe de ônibus em Campo Grande é R$ 4,75. A Agereg ‘bateu o martelo’ sobre o valor em março do ano passado. Por isso, o novo valor ainda pode demorar alguns meses para ser definido.
Tudo começa com a apresentação de cálculos feitos pelo Consórcio Guaicurus. As empresas de ônibus informam dados como reajuste do salário dos motoristas, valor do diesel e o Ipke (Índice de Passageiros Equivalente por Quilômetro), que expressa a relação entre a quantidade de passageiros pagantes transportados e a quilometragem percorrida.
Um dos custos é o valor do diesel. O novo CEO do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, disse em coletiva de imprensa na semana passada que o combustível usado nos ônibus “subiu 10% no ano passado”. O valor deve ter sido apresentado pelas empresas de ônibus. No entanto, conforme dados oficiais da ANP (Agência Nacional do Petróleo), a alta foi de apenas 3,41% em 2024.
Outro dado enganoso apresentado pelo novo chefe do Consórcio Guaicurus é o de que 14 capitais já haviam reajustado a tarifa. Porém, levantamento feito pelo Jornal Midiamax revelou que apenas sete aumentaram os preços.
Essas divergências, por exemplo, devem ser sanadas na Agereg. Porém, deve haver um consenso com o Consórcio Guaicurus. Esse trâmite deve ser iniciado já com o novo diretor da autarquia.
A reportagem acionou a prefeitura para esclarecer o andamento do processo de reajuste, mas não obteve retorno. Nas agendas públicas recentes, a prefeita Adriane Lopes (PP) também não repassa detalhes sobre a nova tarifa.
O Jornal Midiamax também tentou contato com o novo diretor da Agereg, mas não obteve retorno até esta publicação. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
Consórcio Guaicurus briga na Justiça por tarifa mais cara
Apesar do andamento dos trâmites administrativos para o reajuste anual da tarifa de ônibus, o Consórcio Guaicurus move uma série de processos na Justiça que podem impactar o bolso dos passageiros.
Uma das ações pede que a Justiça determine a tarifa técnica de R$ 7,79. Atualmente, o município paga tarifa técnica de R$ 5,95, que é o valor que o Consórcio recebe, de fato, por cada passageiro pagante.
Nesse processo, laudo pericial determinado pela Justiça jogou um balde de água fria nos empresários do ônibus ao revelar que o Consórcio Guaicurus lucra milhões explorando o serviço em Campo Grande. Ao mesmo tempo, a concessionária descumpre itens do contrato e entrega serviço de baixa qualidade para a população.
Inconformados com a documentação oficial, os empresários do ônibus, liderados por Paulo Constantino, desembolsaram R$ 272 mil para uma outra empresa de contabilidade fazer a análise do balanço financeiro do Consórcio. A perícia foi autorizada pela Justiça.
Leia também – Consórcio Guaicurus insiste em tarifa técnica de R$ 7,79 e paga R$ 272 mil para nova perícia em contrato
Enquanto isso, o Consórcio Guaicurus move uma verdadeira ‘enxurrada’ de ações na Justiça pedindo mais e mais dinheiro do Poder Público.
Por outro lado, nas ruas, reclamações sobre más condições dos ônibus, superlotação, atrasos e falta de veículos nas linhas são constantes por parte de quem utiliza o serviço do Consórcio Guaicurus.
Confira o histórico de reajuste da tarifa do ônibus nos últimos dez anos em Campo Grande:
Qualidade do serviço não justifica aumento, dizem vereadores
Os vereadores de Campo Grande querem debater o reajuste da tarifa proposto pelo novo chefe do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira.
À reportagem do Jornal Midiamax, Beto Avelar (PP) disse que o Consórcio Guaicurus “penaliza” o usuário. “Sou contra esse reajuste porque esse valor beneficia somente o consórcio e não há direcionamento para a população ou investimentos em melhorias, há anos, que os usuários de transporte coletivo percebam. No meu modo de ver, essa é a pior herança deixada para a gestão da prefeita e ainda é um dos principais problemas para a nossa Capital”, explicou.
O vereador Flávio Cabo Almi (PSDB) disse que a qualidade do serviço não justifica qualquer alteração nos valores atuais. “Por que que vai aumentar? Subiu o Diesel, ok. O Consórcio atendeu com o combinado da concessão, de entregar o que foi combinado dentro do contrato? Se isso foi cumprido, é um ponto. Se não foi cumprido, a gente já tem uma carta na manga para discordar desse aumento, né?”, resumiu.
Ronilço Guerreiro (Pode) foi direto ao informar que a discussão ainda não chegou à Casa, mas que é um tópico importante a ser debatido. “Essa discussão não chegou na Câmara, mas tenha a certeza de que queremos ver essa planilha e, principalmente, a melhoria no transporte coletivo. O usuário precisa de qualidade, pontualidade. Exemplo é esse calor, como pode nossos ônibus não ter ar-condicionado? Vamos discutir melhorias e que o contrato seja cumprido. Temos que renovar essa frota”, disse ao Jornal Midiamax.
Questionado sobre o tema, Junior Coringa (MDB) também afirmou ser contra o aumento tarifário. “Eu sou contra qualquer tipo de aumento na tarifa do transporte coletivo esse ano. Até porque o Consórcio Guaicurus, primeiro, tem que cumprir o contrato que ele tem com a cidade de Campo Grande, com a população da nossa cidade, porque ele não vem cumprindo”, citou.
Também em seu primeiro mandato, Wilson Lands (Avante) disse que o contrato firmado entre a Capital e a empresa somente beneficia o Consórcio Guaicurus. “Não concordo e fico perplexo com tamanha indiferença com a qual o Consórcio Guaicurus trata os usuários do transporte coletivo, começando com uma frota vergonhosa, uma tarifa caríssima e custosa, com uma discrepância distante do serviço prestado”, afirmou.
Consórcio Guaicurus ignora frota sucateada e minimiza problemas com ônibus: ‘muito poucos’
Os passageiros do transporte coletivo de Campo Grande enfrentam diariamente os riscos que o sucateamento da frota do Consórcio Guaicurus proporciona. Ônibus velhos, quebrando no meio do trajeto, com porta sustentada por sacola plástica, goteiras e até mesmo pegando fogo são os acontecimentos mais recentes relatados por leitores do Jornal Midiamax.
No entanto, durante coletiva de imprensa na manhã na última terça-feira (7), o novo CEO dos empresários do ônibus, Themis Oliveira, minimizou os problemas apontados pela população.
Ao ser questionado sobre o sucateamento da frota, que é uma realidade vivida pela população, Themis rebateu: “Se levar em conta o número de problemas que temos, são estatisticamente muito poucos”.
No dia 27 de dezembro, ônibus do Consórcio Guaicurus que fazia a linha 080 pegou fogo ao passar pelo corredor de ônibus da Rua Rui Barbosa, entre a Dom Aquino e a Marechal Rondon, no centro de Campo Grande.
Uma usuária de transporte público de Campo Grande fez uma denúncia nas redes sociais relatando problemas de manutenção em alguns ônibus operados pelo Consórcio Guaicurus. A usuária observou que na linha 072 (Terminal Morenão/Nova Bahia) o ônibus estava com a tampa do ralo de escoamento de água ausente, o que comprometeu a segurança e o conforto dos passageiros.
Já no dia seguinte, na linha 120 (Aero Rancho/Morenão), foi relatado que uma das portas do ônibus estava sendo presa com uma sacola plástica, medida inadequada que, segundo a denúncia, colocaria em risco a integridade do transporte.
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