Consórcio Guaicurus ameaça reajuste com número enganoso; 7 capitais aumentaram tarifa em 2025
Com frota sucateada, Consórcio quer mais que o dobro do reajuste de outras capitais
Dândara Genelhú –
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Nesta terça-feira (7), o novo chefe do Consórcio Guaicurus, Themis Oliveira, disse que a empresa quer o reajuste da tarifa do transporte coletivo em Campo Grande. Para isso, o diretor-presidente apontou que outras capitais aumentaram o valor da tarifa de ônibus. Contudo, ao invés do número indicado por ele — de que mais de 14 capitais haviam reajustado os valores — apenas sete confirmaram aumento em 2025.
Oliveira disse que o aumento vai acontecer em Campo Grande. “Se vocês olharem, no Brasil inteiro, na maioria das capitais, em mais de 14, já reajustaram o transporte coletivo”, pontuou.
Balanço realizado pelo Jornal Midiamax aponta que sete capitais brasileiras anunciaram reajuste até esta terça-feira (7). Ou seja, o número citado pelo chefe das empresas que comandam o transporte público em Campo Grande não demonstra a realidade.
Mais que o dobro
Entre tantos pedidos, os empresários do ônibus pedem indenização milionária, revisão do contrato, mais subsídios e aumento da tarifa técnica – valor complementado pelo município – de R$ 5,95 para R$ 7,79.
O percentual de reajuste em cima da tarifa técnica é de mais de 30%, mais que o dobro do reajuste apresentado por outras capitais. Até o momento, o maior reajuste apresentado é de Florianópolis. A tarifa na ‘Ilha da Magia’ foi de R$ 6 para R$ 6,90, com 15% de reajuste.
São Paulo apresentou reajuste de cerca de 13%, passando a cobrar de R$ 4,4 para R$ 5 dos passageiros. No entanto, a cidade estava há quatro anos sem reajustar a tarifa de ônibus.
Outras capitais que reajustaram a tarifa do transporte coletivo em 2025 são: Rio de Janeiro (de R$ 4 para R$ 4,70), Belo Horizonte (de R$ 5,25 para R$ 5,75), Salvador (de R$ 5,20 para R$ 5,60), Natal (de R$ 4,50 para R$ 4,90) e Recife (de R$ 4,10 para R$ 4,30).
Serviço não vale o reajuste
Para os campo-grandenses, o serviço prestado pelas empresas de ônibus na Capital não valem o reajuste reivindicado. O monopólio do transporte coletivo traz frota sucateada, veículos que estragam com frequência, calor extremo e superlotação.
Leitora do Midiamax lamentou o pedido de aumento e condições do transporte público em Campo Grande. Em viagem, campo-grandenses se deparam com serviços de coletivos de qualidade pelo Brasil.
A realidade de voltar para a Capital e enfrentar os ônibus do Consórcio se tornam ainda mais penosas após vivência de empresas com bons serviços. “Tô aqui em São Paulo, minha irmã nos levou pra fazer compra. Pensa nos ônibus confortável e com ar-condicionado”, disse uma leitora.
Outra foi para região sul do país e apontou que o cenário é de conforto do coletivo. “Aqui em Matinhos, no litoral do Paraná, os ônibus são novos com ar-condicionado”, disse ao Midiamax.
O reajuste em outras capitais é visto com outros olhos pelos campo-grandenses que experimentam os serviços das diversas capitais. Isso porque conseguem se locomover de forma digna. “No RJ é R$ 4,30, vai passar agora para R$ 4,70. As distâncias são muito maiores do que CG. Lá tem ar-condicionado nos ônibus”, detalhou um leitor.
Sem reajuste e com benefícios
Enquanto o Consórcio ameaça tarifa e tenta reajuste com diversas ações judiciais, outras capitais mantiveram o valor da passagem de ônibus. Em alguns casos, além da tarifa mantida, houve concessão de benefício aos usuários do transporte público.
É o caso de Curitiba, que pelo segundo ano consecutivo não irá aumentar a passagem. Além disso, concedeu aos usuários do transporte desconto de 50% aos domingos. O benefício visa facilitar o acesso às atividades culturais da cidade durante os finais de semana.
Em Porto Velho, em Rondônia, não houve reajuste de tarifa. Apesar de ser R$ 6 o preço cheio, usuários que possuem cartão cadastrado pagam R$ 4,5.
Ações na Justiça
Apesar de laudo pericial ter apontado lucro de R$ 68,5 milhões nos primeiros sete anos de concessão – de 2012 a 2019 –, o Consórcio Guaicurus move uma verdadeira ‘enxurrada’ de ações na Justiça.
Ao lado do empresário Paulo Constantino, que detém a maioria das empresas de ônibus em Campo Grande, o novo CEO manteve o tom do Consórcio Guaicurus e reclamou de custos ao ser questionado sobre a nova tarifa. “[O município] tem que cumprir o contrato. Já reajustamos os salários [dos motoristas e funcionários] e o diesel subiu 10% somente no último mês”, reclamou.
Além disso, vale ressaltar que o Consórcio Guaicurus recebeu mais de R$ 42 milhões em subsídios no ano passado e o valor pode aumentar em 2025.
No entanto, Themis evitou dar mais detalhes sobre o assunto e ‘empurrou’ a decisão sobre o valor para a prefeitura. “O que a gente discute é que o contrato seja cumprido, que a fórmula [de cálculo da tarifa] seja executada […] vou sentar na mesa e começar a conversar com a prefeitura, mas não há nada definido que possa antecipar”, concluiu.
Isenção de impostos e repasses para 2025
Apesar de operar com parte da frota sucateada e descumprir o contrato, o Consórcio Guaicurus já acumula isenção milionária para 2025. A última renovação ocorreu em junho de 2023, quando 71 novos veículos foram entregues. Contudo, o número era insuficiente para retirar de circulação todos os ônibus acima da validade.
Na última sessão do legislativo municipal de 2024, em 19 de dezembro, a Câmara de Vereadores da Capital renovou a isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza) ao Consórcio Guaicurus até o fim de 2025.
Além disso, no início de dezembro, a Casa de Leis aprovou em regime de urgência o repasse de R$ 3,3 milhões à empresa concessionária. O valor será usado para a gratuidade do transporte público de alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino), aos candidatos inscritos no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e nos demais vestibulares de universidades públicas com provas realizadas em Campo Grande, exclusivamente na data de aplicação dos exames.
Excelente?
Em novembro de 2024, a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) classificou o serviço de transporte público em Campo Grande como “bom e excelente”. Porém, usuários manifestaram indignação com o conteúdo do relatório.
Um dos comentários mais curtidos na postagem do Jornal Midiamax sobre o relatório nas redes sociais ironizou: “Esses agentes literalmente não andam de ônibus”. Outro comentário reforçou a crítica: “Nossa, pensa num conforto, manda os donos irem trabalhar de ônibus já que é tão confortável”, declarou uma usuária.
Houve também espaço para comentários sarcásticos sobre o estado das vias urbanas. “Sim, são perfeitos. Combinado com o asfalto digno de uma Autobahn alemã, o conforto é inexplicável”, escreveu um internauta.
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