O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) entrou na Justiça para obrigar o município de Campo Grande a providenciar reforma de casarão histórico – de 1922 – localizado na Avenida Antônio Maria Coelho.
Conforme o MP, o imóvel conhecido como Vivenda de Ignácio Gomes está ’em ruínas’. Assim, a promotora de Justiça Luz Marina Borges Maciel Pinheiro pede na Justiça a restauração do imóvel, a indenização pelos danos ambientais e coletivos e a conclusão do tombamento definitivo do bem cultural.
Isso porque o Fundo Municipal de Cultura iniciou o processo de tombamento da edificação em 2005, mas nunca o concluiu.
Em fevereiro deste ano, temporal derrubou galhos de árvores sobre a cobertura do casarão que fizeram parte da fachada ceder. O que sobrou do imóvel deteriorou-se aos poucos, até seu colapso quase total em maio, conforme o Parecer Técnico nº 009/2025, elaborado pela Secretaria Municipal Executiva de Cultura (Secult), restando apenas fragmentos da fundação e das paredes internas”, diz o MP.
Agora, o MP quer a reconstrução total do imóvel: “com observância das normas patrimoniais internacionais e de suas características originais, embasado em pesquisas fundamentadas e utilizando dados, plantas, imagens, iconografias e fontes materiais fidedignas”.
Quem foi Ignácio Gomes
Reportagem publicada em março de 2022 pelo Jornal Midiamax contou um pouco da história do casarão e de seu primeiro dono.

A matéria trouxe relato de Beto Magalhães, bisneto de Ignácio, que contou a verdadeira história por trás do casarão que chama atenção de quem passa pelo local.
A casa, conhecida como Vivenda Ignacio Gomes no passado, foi construída na década de 1920. Ignácio Gomes, assim como a residência, também carrega uma rica história contada em detalhes por Beto. Seu bisavô foi o primeiro maquinista de Campo Grande e até mesmo do Estado. Era ele quem estava à frente da primeira locomotiva que cruzou os trilhos da Noroeste de São Paulo para cá.
O herdeiro conta que quando Ignacio chegou ao Brasil, foi trabalhar como escravo branco em fazendas de café na região de Monte Santo de Minas, e, por muita coincidência da vida, trabalhou em uma fazenda que pertenceu a seu outro bisavô, avô de seu pai. Depois, o construtor da casa na Antônio Maria Coelho foi para São Paulo trabalhar na estrada de ferro e acompanhou a construção da linha Noroeste do Brasil Bauru-Campo Grande.
“Vinha em lombo de burro com os alforges, carregado de dinheiro, trazendo o pagamento dos trabalhadores da construção da Estrada de Ferro. Virou maquinista de Maria-fumaça e foi o maquinista a fazer a primeira viagem na linha Bauru/Campo Grande. Se estabeleceu aqui. E, como empreendedor, enriqueceu. Foi o primeiro industrial do Estado de Mato Grosso”, conta.
Ignacio também trouxe a primeira companhia telefônica de Mato Grosso. “Eu tenho o primeiro telefone aqui em casa”, diz Beto. “Meu avô foi fundador da Santa Casa, teve uma olaria em Ribas do Rio Pardo e de lá vierem os tijolos doados para a construção do hospital. O terreno onde está o prédio dos Correios foi doado por ele. A estrutura onde funcionou um colegio ali na Treze também foi doada para ser o Centro Espanhol e pertence a esta entidade até hoje”, relembra o bisneto.
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