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Transparência

Vice-presidente e candidata na OAB-MS está entre alvos de operação da PF sobre venda de sentenças

Camila Cavalcante Bastos é filha de desembargador afastado do TJMS, Alexandre Bastos
Gabriel Maymone, Thatiana Melo -
Camila Bastos (vice da OAB) e detalhe para o pai da advogada, o desembargador afastado Alexandre Bastos (Divulgação)

Um dos alvos de busca e apreensão da Operação ‘Ultima Ratio’, da PF (Polícia Federal), foi a vice-presidente e candidata à reeleição da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Seccional Mato Grosso do Sul), Camila Cavalcante Bastos Batoni, na investigação que apura suposto esquema de venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de MS).

O pai dela, desembargador Alexandre Bastos, foi afastado do cargo e utilizará tornozeleira eletrônica.

Nesta quinta-feira (24), equipes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e no escritório dela, o Bastos Claro Duailibi Advogados, no Chácara Cachoeira. Além disso, o ministro Francisco Falcão, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal da vice-presidente da OAB-MS.

Contra Camila Bastos, o relatório da PF aponta que o pai dela, Alexandre Bastos era sócio do escritório que ela atua atualmente. Porém, após assumir o cargo de desembargador na vaga de indicada pela OAB-MS, pelo Quinto Constitucional, em dezembro de 2016, ele teria proferido decisões favoráveis ao escritório da filha, que tem o irmão, Pedro Henrique Cavalcante Bastos atuando como advogado em diversos processos.

Então, o escritório dos irmãos Bastos foi contratado para atuar a favor de prefeituras em MS em processos com decisões proferidas pelo pai desembargador.

No relatório, a PF aponta que “há elementos informativos indicativos de possível negociação de decisões judiciais envolvendo Desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, com a atuação de parentes (filhos) e advogados na condição de operadores/intermediadores”.

Também constatou-se que o “escritório Alexandre Bastos Advogados Associados movimentou valores superiores à sua capacidade financeira aparente, tendo recebido valores de diversos órgãos públicos”.

Em um dos casos citados, o escritório em que Camila é sócia teria contrato com a prefeitura de em processo cujo pai da vice-presidente da OAB teria sido relator, em 2022, período em que o escritório recebeu valores do município.

Ainda, que recursos do escritório de Camila Bastos repassava valores à empresa Consalegis Ltda, com 7 lançamentos totalizando R$ 53.500,00. No entanto, a empresa já teve Alexandre Bastos como sócio, mas ele ainda constaria como procurador de uma conta bancária da empresa ainda em 2024, quando já atuava como desembargador.

Assim, a PF diz que “chama a atenção o fato de ALEXANDRE BASTOS ter julgado processos de uma prefeitura que seria cliente de sua filha e que os vínculos financeiros demonstram interligação com ele”.

Leia também – PF pediu prisão de 12 pessoas, entre desembargadores, empresários e advogados

Ocultação de patrimônio

Ainda conforme as investigações da PF, consta uma declaração de operação imobiliária de fevereiro de 2020 em que Camila Bastos e seu marido, o médico Fernando Rabelo Batoni, teriam adquirido (50% cada) imóvel no valor de R$ 600 mil de um empresário, com pagamento à vista.

No entanto, o imóvel não aparece na declaração de Imposto de Renda da advogada ou qualquer outra. Sequer há declaração de operação imobiliária relatando a venda do imóvel, indicando que ainda seria de propriedade de Camila. Assim, os investigadores apontam que é possível que Camila Bastos estaria ocultando patrimônio.

Também chamou atenção o fato de parte do pagamento ter sido feito com valor em espécie não declarado pela advogada filha do desembargador. “Teriam realizado parte do pagamento através de R$ 144 mil em espécie. Ocorre que, conforme DIRPF de CAMILA BASTOS, ela não declara possuir valores em espécie, levantando o questionamento da origem e licitude de tais recursos”., diz trecho do documento.

Em conversa telefônica gravada com o Jornal Midiamax, Camila apenas diz que, em sua defesa, ‘seguirá a nota emitida pela OAB-MS’ e que irá continuar na disputa pela reeleição da vice-presidência da entidade. Questionada se gostaria de emitir alguma manifestação sobre a investigação, Camila encerrou a conversa.

A reportagem também tentou contato com o presidente da OAB-MS, Bito Pereira, mas as ligações não foram atendidas. Minutos depois, a assessoria de comunicação entrou em contato com a reportagem e disse apenas que o posicionamento do presidente também se limita à nota oficial.

A nota da OAB afirma que foi criada comissão para acompanhar a operação da PF, que será composta pelos conselheiros estaduais Ana Maria Medeiros como Presidente, Bruno Azambuja e Gustavo Gottardi, como membros.

“O Tribunal de Ética da OAB/MS aguardará o recebimento das informações acerca dos profissionais citados para a devida apuração. A OAB/MS reafirma seu compromisso com a transparência, ética e combate a , sempre na estrita obediência dos principados da legalidade, contraditório e ampla defesa”, conclui a nota.

PF pediu prisão de desembargadores, empresários e advogados

(Nathalia Alcântara, Midiamax)

A PF (Polícia Federal) pediu a prisão de 12 dos 26 investigados por suposto esquema de venda de sentenças no .

Entre os que tiveram pedido de prisão representados pela autoridade policial estão os cinco desembargadores que foram afastados do cargo: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martins e Marcos José de Brito Rodrigues.

Além deles, também foi representada prisão do conselheiro afastado do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Osmar Domingues Jerônymo, e seu sobrinho Danillo Moya Jerônymo – que é servidor do TJMS.

Também foram alvo de pedidos de prisão: Júlio Roberto Siqueira Cardoso – desembargador recém-aposentado flagrado com R$ 2,7 milhões que foram apreendidos -, Diego Moya Jerônymo (parente de Osmar Jerônymo e proprietário da empresa DMJ Logística e Transportes Ltda), Everton Barcellos de Souza (sócio da DMJ), Percival Henrique de Sousa Fernandes (proprietário da PH Agropastoril) e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha.

*Editada para correção de informação: Pedro Henrique Cavalcante Bastos não é sócio do escritório Bastos, Claro e Dualibi, mas atuou com a irmã em diversos processos no escritório, conforme o relatório da PF

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