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Transparência

Sobrinho de Cezário era tesoureiro ‘fake’ para administrar contas da federação de futebol

Umberto exercia atividades de tesoureiro da FFMS mesmo que função fosse ocupada oficialmente por outra pessoa
Thalya Godoy -
Umberto flagrado com maço de dinheiro nas mãos após sair de banco. (Reprodução)

Investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) que expuseram o suposto esquema de corrupção na FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul) mostram que Umberto Alves Pereira, conhecido como “Beto”, exercia a ‘função ilegal’ de tesoureiro da entidade. 

O Midiamax também mostrou que ele foi responsável pelo setor Financeiro do Campeonato Estadual em Mato Grosso do Sul.

Umberto é sobrinho do presidente afastado da FFMS, Francisco Cezário de Oliveira, que ficou à frente da entidade por 26 anos. Os dois e outros cinco foram presos durante a Operação Cartão Vermelho, em 21 de maio. Cezário ficou 15 dias na cadeia até que recebeu liberdade mediante uso de tornozeleira eletrônica, nesta quinta-feira (6), após sofrer um princípio de infarto. 

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) apresentou denúncia contra 12 pessoas ligadas ao suposto esquema criminoso, incluindo Cezário, familiares, servidores públicos e empresários. 

Conforme o documento, Beto é apontado como braço direito de Cezário e principal operador do esquema. O sobrinho do presidente afastado da FFMS seria o destinatário da maior quantia de dinheiro, tendo recebido diretamente R$ 2,26 milhões da FFMS, entre 2018 a 2023, que não foram declarados à Receita Federal.

Tesoureiro “fake”

As investigações apontaram que “Beto” desempenhava o cargo de tesoureiro da FFMS e realizava toda a gestão do dinheiro, mesmo que não ocupasse a função oficialmente e nem fosse empregado na federação. 

“Mas na prática fazia a gestão do dinheiro da entidade sob as ordens do tio Francisco Cezário, além disso jamais poderia ser destinatário de dinheiro, ainda mais em montante tão elevado”, pontua. 

Durante oitiva no Gaeco, o tesoureiro oficial da FFMS, Luiz Eduardo Leão Gonçalves, afirmou que Umberto não podia assumir o cargo por ser sobrinho de Cezário. Assim, Luiz foi colocado na ocupação, mas nunca exerceu o ofício. Uma procuração, inclusive, teria sido assinada para Umberto movimentasse a conta bancária da Federação. 

“Segundo Luiz Eduardo Leão Gonçalves, ele nunca exerceu esta função, pois toda a gestão do dinheiro da federação era realizada pelo denunciado Umberto, “tesoureiro de fato”, tendo inclusive assinado procuração para que Umberto efetuasse movimentação bancária da conta da Federação”, diz o relatório. 

Apreensão de R$ 327 mil

Umberto. (Reprodução Redes Sociais)

Durante o cumprimento de mandado, foram apreendidos R$ 327.660 em espécie na casa de Umberto. Além disso, as inúmeras transações bancárias são outro ponto que corrobora, segundo os investigadores, sobre a tese que Beto era o principal operador do esquema montado por Cezário.

O denunciado ainda recebeu 279 depósitos em espécie, sem identificação de origem, no período, que totalizaram R$ 621.180,00.

“Tais depósitos ocorrem para evitar a identificação da origem do dinheiro, que foi desviado da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul, em expediente característico de lavagem”, afirma o documento. 

Flagrado com maço de dinheiro

Na decisão que mandou prender o grupo, o juiz da 2ª Vara Criminal de , Eduardo Eugênio Siravegna Júnior, narra alguns detalhes sobre a investigação que expôs o possível esquema de corrupção milionário na federação responsável pelo futebol sul-mato-grossense. 

O trabalho de campo de agentes do Gaeco flagrou a rotina do grupo sobre os saques nas contas bancárias da entidade. Em certa ocasião, Umberto foi flagrado com um maço de dinheiro na mão em frente a uma agência bancária logo após o saque.

No dia 25 de outubro de 2022, mesmo mês em que a Federação de Futebol recebeu dois termos de fomento, Umberto Alves Pereira, sobrinho de Cezário e responsável pelo Financeiro do Campeonato Estadual, foi visto saindo da sede da FFMS e dirigindo-se até uma agência de banco em Campo Grande para realizar um saque. Em seguida, ele retorna para a sede na posse de uma mala preta. 

No local, aguardavam Aparecido Alves Pereira, Francisco Carlos Pereira, Marco Antônio Tavares (vice-presidente da FFMS), Luiz Eduardo Leão Gonçalves e Rudson Bangarim Barbosa, “supostamente para receberem parte do dinheiro sacado”.

Relatório de movimentação bancária identificou que no mesmo dia dessa reunião houve dois saques de R$ 5 mil da conta da FFMS. 

O relatório das investigações apontou que essa prática era frequente. Quase um ano depois, em 10 de outubro de 2023, Umberto Pereira foi visto novamente no mesmo procedimento. 

O sobrinho de Cezário foi até uma agência bancária para sacar valores em espécie e “retornando à sede da FFMS para supostamente dividir a quantia com os demais integrantes da organização criminosa”. Foi neste dia que foi possível visualizar um maço de dinheiro nas mãos de Umberto saindo da agência bancária.

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