Relatório de auditoria feita pela CGU (Controladoria-Geral da União) aponta que o Sesc-MS (Serviço Social do Comércio em Mato Grosso do Sul) aumentou em 46% suas despesas operacionais – gastos para manutenção das operações da entidade – em 2022. Com isso, a entidade sem fins lucrativos passou de saldo positivo de R$ 5,5 milhões em 2021 para um rombo de R$ 7,1 milhões no ano seguinte.

Conforme o resultado operacional do Sesc, as despesas operacionais em 2021 foram de R$ 55,4 milhões, enquanto no ano seguinte saltou para R$ 81,9 milhões. A CGU aponta, ainda, que o déficit foi amenizado por ajuda de custo repassada pelo Departamento Nacional da entidade.

Apesar do rombo, a CGU identificou que o Sesc possui R$ 69,6 milhões em aplicações financeiras. Dessa forma, o relatório aponta que “o SESC/MS possui ampla margem para possibilitar, após estudo de viabilidade, a ampliação dos investimentos no programa de gratuidade em benefício da sociedade de um modo geral, visto que no período analisado os investimentos em gratuidade representaram em média, pouco mais de 12% do montante existente em aplicações financeiras“.

Vale ressaltar que o Sesc é uma entidade sem fins lucrativos, ou seja, tem como objetivo um bem comum para atingir objetivo de cunho social, sem buscar lucros financeiros ou acumulação de capital.

Apesar de cumprir as exigências de investimento do programa de gratuidades, a CGU aponta que há margem para ampliação do programa. Isso porque, a receita líquida, em 2022, foi de R$ 43 milhões, sendo que as despesas com gratuidade chegaram a R$ 7,1 milhões, ou seja, 24,33%. “O que evidencia a possibilidade de incremento dos percentuais de gratuidade sem prejuízo à saúde financeira da entidade”, diz o relatório.

Por fim, análise da equipe de auditoria recomendou que o Sesc elabore plano de aplicação de recursos com objetivo de cumprir com seu papel social, especialmente o programa de gratuidades.

Obra de centro cultural parada há 10 anos

Imóvel do antigo Cine Campo Grande foi comprado pelo Sesc em 2013 (Reprodução, Google Street View)

Outro ponto abordado pela CGU foi o imóvel do antigo Cine Campo Grande – localizado na Rua 15 de Novembro -, que está sem destinação desde 2013, quando foi adquirido pelo Sesc.

Porém, o relatório afirma que, desde então, não foram realizadas obras de reformas ou adequações no imóvel, para que seja utilizado.

Em resposta à CGU, o Sesc pontuou questões burocráticas como empecilho para não ter dado continuidade à reforma. Então, indicou que a previsão é de que as obras comecem no segundo semestre de 2024.

Apesar disso, a controladoria considerou o imóvel como ocioso e emitiu recomendação para que o Sesc adote providências para agilizar a conclusão do projeto, já que o fim social da entidade não faz jus a possuir imóveis sem destinação finalística, ou seja, sem atender ao objetivo de oferecer serviço.

Palco permite várias apreentações.
Espaço terá teatro multiconfiguracional. (Foto: Divulgação Sesc MS)

Sesc diz que vai ampliar bolsas em escolas e cursos gratuitos

Procurada pela reportagem do Jornal Midiamax, a assessoria de comunicação do Sesc-MS emitiu nota sobre os pontos questionados pela auditoria do CGU. Confira a nota na íntegra:

“O Sesc MS possuía R$ 69,6 milhões em aplicações financeiras em 31 de dezembro de 2022, refletindo uma sólida base patrimonial. Essa robustez permitiu avaliar novos investimentos e melhorias em programas e serviços. Dessa forma, o Sesc MS por meio do Programa de Comprometimento e Gratuidade (PCG) focará em aumentar bolsas em nossas escolas de Campo Grande e Três Lagoas e expandir cursos gratuitos de música, canto, dança, artes visuais e criação de vídeos em Campo Grande e Corumbá, áreas em que o Sesc MS já atua e gera grande impacto social.

Os déficits registrados pelo Sesc MS em 2018 e 2022 foram mitigados por subvenções nacionais previstas nas leis e regulamentos do Sesc. Essas subvenções apoiam projetos específicos, como odontologia, restaurantes e escolas, garantindo a continuidade e qualidade dos serviços essenciais, refletindo nosso compromisso com o bem-estar social dos comerciários e suas famílias.

Os projetos de engenharia e arquitetura do imóvel na Rua 15 de Novembro, adquirido em 2013, estão finalizados e as obras começam no final de 2024. O Sesc MS transformará este imóvel em um centro cultural vibrante, oferecendo um espaço para encontro, aprendizado e diversão, promovendo eventos culturais, artísticos e educacionais para atender às necessidades dos trabalhadores do comércio e da comunidade local”.