Secretário da gestão PSDB em Terenos frequentou prefeitura após pedido de exoneração

Promotoria aponta que Isaac permaneceu atuando junto à Secretaria de Obras

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Isaac foi secretário desde 2022 até agosto de 2024. (Reprodução)

O secretário de obras da gestão do PSDB em Terenos, Isaac Cardoso Bisneto, continuou frequentando a Prefeitura Municipal após a exoneração. Operação contra corrupção prendeu o secretário da gestão de Henrique Wancura Budke (PSDB), prefeito do município a 31 quilômetros de Campo Grande.

Conforme a Promotoria de Justiça de Terenos, o secretário seguiu atuando na pasta mesmo após o pedido de exoneração. O promotor Eduardo de Araújo Portes Guedes destacou nesta quarta-feira (28) trechos de dados do celular apreendido com Isaac.

Assim, ressaltou que as visitas tinham “objetivo de tratar sobre obras municipais, mesmo após ser exonerado do cargo de Secretário de Obras e Infraestrutura”. O celular foi apreendido em 13 de agosto, na deflagração da Operação Velatus. Neste mesmo dia Isaac foi preso preventivamente.

Vale lembrar que Isaac pediu exoneração do cargo dias antes da operação, em 1º de agosto. Ele foi substituído pela servidora Katiane de Lima Franco.

Visita à prefeitura

No entanto, teria frequentado o Executivo após a exoneração. Em 12 de agosto Isaac foi acionado por um homem, que alegou falta de resposta de Katiane.

Em seguida, encaminhou três documentos: boletim de medição, resumo do empreendimento e relatório de execução de serviços. Para a promotoria, os documentos evidenciam que eles “trataram de assuntos relacionados à pasta da Secretaria de Obras do município de Terenos”.

Após, Isaac disse ainda que tentaria ir à Prefeitura de Terenos ‘para falar’. As mensagens foram trocadas em 12 de agosto, um dia antes da operação.

Ou seja, Isaac pretendia visitar o Executivo em 13 de agosto — dia da operação e prisão dele. “A resposta de Isaac Cardoso Bisneto evidencia que o investigado permanecia atuando junto à Secretaria de Obras”, apontou a promotoria.

Além disso, a promotoria anexou trechos de conversas de Isaac com outro investigado na operação. Em conversa com Sansão Inácio, Isaac foi solicitado na secretaria para resolver questões da pasta.

Já em conversa com Katiane, “a servidora em questão solicita, em diferentes oportunidades, a assinatura e o comparecimento do investigado”, apontou a promotoria de Terenos.

(Foto: Reprodução MPMS)

Pedido de liberdade

Na Justiça, Isaac usa o argumento de ter pedido exoneração 11 dias antes de operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção) para se livrar da prisão.

Contudo, a promotoria de Terenos se manifestou contrária ao pedido de liberdade. “Mesmo após sua exoneração, por vários dias esteve na cidade de Terenos e continua exercendo influência no âmbito da Secretaria de Obras do Município, o que evidencia o risco à ordem pública e para o desenrolar da investigação acaso devolvida a sua liberdade”.

Então, o promotor Guedes pediu o indeferimento do pedido formulado por Isaac. O Jornal Midiamax acionou o prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB) sobre a manifestação da promotoria. Contudo, não houve retorno até a publicação da matéria. Assim, o espaço segue aberto para posicionamento.

Exoneração levantou suspeitas

“O que dá a entender? Que tinham informação privilegiada, sabiam que iam vir, por isso pediu exoneração”, dispara o vereador Clayton Cleone Melo Welter (PP) sobre saída do secretário de obras do município, Isaac Cardoso Bisneto. Segundo Caco, que é 1º secretário da Câmara, Isaac saiu dez dias antes da Operação Velatus, que revelou esquema de corrupção durante a gestão do PSDB em Terenos – a 31 km de Campo Grande.

Consta no Diário Oficial do município, do dia 2 de agosto, exoneração a pedido do secretário. O prefeito Henrique Wancura Budke (PSDB) assinou a exoneração. O cargo do primeiro escalão da gestão tucana é uma nomeação política e considerado de confiança do prefeito.

Jornal Midiamax também questionou o Gaeco sobre o possível vazamento de informações e se as denúncias seriam investigadas. Contudo, não houve retorno até a publicação desta matéria.

Ex-secretário de obras que ajudava empreiteiros parceiros é preso

Empreiteiro investigado por corrupção na gestão do prefeito do PSDB, Henrique Budke, após deixar delegacia (Nathália Alcântara, Jornal Midiamax)

Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, o secretário de obras teria aderido a suposto esquema de corrupção entre empresários investigados. Então, estaria recebendo propina em nome do pai.

Assim, investigação do MPMS obteve planilhas e comprovantes de Pix para o pai de Isaac, que recebeu R$ 21 mil de Cleberson José Chavoni Silva, R$ 2 mil de Sandro Bortoloto (da Angico) e da empresa Angico – vencedora da licitação. Todas constam na planilha denominada “Finalizado – Thiago Calçadas”.

De acordo com mensagens extraídas do aparelho de Isaac, o secretário mostrou preocupação a Hander Grote Chaves (HG Empreiteira), que não estava conseguindo uma documentação com o Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de MS) para participar de licitação dada como certa.

“Eu to achando que ele não vai conseguir participar de uma licitação que era para ele ganhar um negócio de 280 mil, porque o CREA descobriu que teve esse aditivo, e tá cobrando de ter um atestado e ter um ART complementar disso aí”, disse Isaac.

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