Alcides Manuel do Nascimento, réu por corrupção passiva, crime que teria praticado enquanto integrava a ‘máfia do câncer', voltou a pedir absolvição, por meio da rejeição da denúncia. Ele foi alvo das investigações na Operação Sangue Frio, denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, atos cometidos mais de 40 vezes.

Em decisão do juiz federal Bruno Cezar da Cunha Teixeira, foi negado o pedido de rejeição da denúncia. Ainda foram marcadas audiências de instrução, com oitiva de testemunhas nos dias 11 e 12 de junho deste ano.

No último ano, o réu já havia pedido a rejeição da denúncia, que foi mantida pelo mesmo juiz federal. Além da Alcides, foi denunciado na época Daniel Eugênio dos Santos. A denúncia apontava que a Cardiocec Serviços e Representações era composta por Alcides, com 75% das cotas, e José Anderson Souza Goldiano, com 25% das cotas.

No entanto, na época foi identificado que a empresa era de José Carlos Dorsa, então diretor-geral do Maria Aparecida Pedrossian. Entre julho de 2009 e agosto de 2012, o já falecido José Dorsa teria recebido vantagem direta e indiretamente, junto com Alcides.

Assim, a denúncia aponta os valores recebidos de R$ 695.776,02 por meio de 44 transferências, além de R$ 595.776,02, em outras 43 transferências para a empresa Cardiocec, todas feitas pela empresa Biotronik Comercial Médica Ltda, por ordem de Daniel.

Além do pedido de condenação do réu, foi feito pedido de aplicação da pena em favor da União do montante correspondente aos depósitos, de R$ 1.330.170,97. Em relação a Daniel, foi decretada extinção da punibilidade, pelo reconhecimento da prescrição.

A defesa de Alcides chegou a relatar que havia um problema pessoal entre a auditora responsável pela investigação na época e José Carlos Dorsa, o que não foi confirmado.

Operação Sangue Frio

A Operação Sangue Frio, deflagrada pela Polícia Federal e pela CGU (Controladoria-Geral da União) em 2013, apurou diversas irregularidades ocorridas em hospitais de Mato Grosso do Sul. Entre estes estavam o Regional, o Hospital Universitário e o Hospital do Câncer.

A investigação desarticulou esquema que ficou conhecido como “Máfia do Câncer”. Isso porque, somente no Hospital do Câncer, a PF investigou irregularidades na contratação de empresas. Estas, pertenciam a diretores ou pessoas vinculadas à família do médico Adalberto Siufi.

Ainda foi identificada contratação de familiares para ocuparem funções responsáveis pelas finanças da fundação e altos cargos. A operação também constatou existência de cobrança do SUS (Sistema Único de Saúde) de procedimentos de alto custo, mesmo após o óbito dos pacientes.

Também foram identificados vários indícios de superfaturamento e direcionamento das licitações. As investigações acabaram levando à identificação de crimes de mesma natureza em outros hospitais, como foi o caso do Hospital Universitário.

Foto: Hospital Universitário (Divulgação)